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Luta contra a depressão: Celebs dividem experiências


Esta gente famosa, com dinheiro e milhões de seguidores, é uma tristeza. Além disso, associada à falta de motivação, a cada dia aumenta o número de celebridades que admitem ter depressão. No entanto, essa doença está longe de ser um problema apenas dos famosos, visto que só no Brasil mais de 11 milhões de pessoas sofrem com esse transtorno.
Atualmente, a recontagem da Ana Paula Neves revela como conhecidos e anônimos estão conseguindo vencer essa doença. A musa fitness Juju Salimeni, por exemplo, mesmo possuindo um corpo escultural e milhares de seguidores nas redes sociais, confessou que está em tratamento. A modelo percebeu que algo estava diferente cerca de um ano atrás, quando perdeu a vontade de sair de casa e de trabalhar. Ela já luta contra a síndrome do pânico há oito anos, porém, com o diagnóstico de depressão, precisa de tempo para se recuperar.
O humorista Ederson Nunes deu uma pausa em sua carreira para cuidar da saúde. Cancelou campanhas publicitárias e compartilhou com os fãs essa fase delicada. Disse que precisa dar tempo do trabalho para tratar a depressão. Em uma rede social, declarou: “Não sinto tanta vontade de viver”.
A tristeza e alegria fazem parte da vida, são aspectos da nossa característica emocional que todos nós temos. Num dia, você está mais alegre, noutro mais triste, mais aborrecido. No entanto, isso mantém-se dentro de uma certa linha que a gente chama de normalidade. Já no quadro depressivo, a pessoa tem uma tristeza que é mais contínua, mais duradoura e ela passa a maior parte do dia, senão o dia inteiro, com aquela sensação de tristeza profunda. Além disso, tem outros sintomas que começam a aparecer, como apatia, falta de interesse, desânimo e uma vontade de ficar meio largado no sofá, sem querer fazer nada. Como essa, ter pensamentos negativos, pensamentos ruins, pensamentos de que não há esperança e, numa situação mais extrema, começam a aparecer os pensamentos de morte.
A top model Gisele Bündchen já pensou em suicídio. Ela conta esse capítulo da própria vida em um livro. Foi em 2003, no início do auge da carreira. Gisele, já muito famosa, via-se desanimada e com medo de tudo. Tirar a própria vida parecia a solução para tanta angústia. Ela fez tratamento, mudou hábitos e se diz curada da doença.
A depressão está longe de ser um problema exclusivo de celebridades e famosos. Torna-se tão frequente que já é chamada de “o mal do século”. Por aqui, a situação também é muito crítica. Veja os números no Brasil: o total de pessoas deprimidas equivale à soma da população de quatro capitais: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre. É muita gente, são 11 milhões e meio de pessoas com depressão.
Existem vários fatores que podem desencadear a depressão, como fator genético, predisposição genética, que favorecem o risco de uma depressão e alguns fatores externos às ocasionam. Mesmo que alguns fatores estejam presentes, a pessoa com predisposição genética pode não desenvolver a depressão. No caso dos artistas, que têm fama, dinheiro e corpos esculturais, pode ocorrer a autocobrança por mais resultados, por mais beleza e mais seguidores.
Os fatores desencadeantes da depressão podem variar. Na época em que as pessoas ia comentar a derrota magra demais, comentavam que a pessoa estava um pouco gordinha, bochechuda, quadril largo e por aí vai. Há uma cobrança constante, que gera muita pressão, contribuindo para o surgimento da depressão.
No entanto, o psiquiatra vê com cautela o uso do termo “depressão”, uma doença grave, para definir qualquer tristeza ou insatisfação. Se a pessoa começa a ficar nesse impasse, nessa angústia, é porque algo não está bem. Ela não consegue resolver por ter coisas novas que precisa mudar. Ela não quer sair da zona de conforto, mas quer mudar. Nisso, muitas vezes, essa conta não fecha. Então a pessoa começa a utilizar a palavra “depressão” para dizer desse estado que, do ponto de vista psiquiátrico, a gente não chama de depressão. Seria o descontentamento, uma tristeza com a vida, o descontentamento, a insatisfação – alguma coisa que você se cobra, mas que já não consegue dar conta daquilo, perdeu sentido.
A jornalista Flávia tem uma rotina agitada, comanda uma agência de comunicação, e teve que arrumar tempo para perceber com mais carinho o que acontecia ao redor dela. Ela já tinha predisposição e já era muito ansiosa. A exposição, aliada à hereditariedade, já tinha pessoas combinam muito. Flávia conta que já tinha suscetibilidade de ter algum tipo de transtorno de ansiedade e depressão. Ela tem que ficar o tempo todo e na atenção constante. Qualquer pedrinho que aparece no caminho já se transforma em uma rocha gigantesca. Uma pessoa normal, que não tem problemas desse tipo, consegue lidar de uma outra forma, de uma forma mais fácil com as coisas, com os problemas, com os desafios. Agora, uma pessoa como ela, que é mais suscetível, mais sensível, qualquer coisa já é motivo para desabar.
Os quadros depressivos precisam de tratamento psiquiátrico, de tratamento medicamentoso frequentemente associado ao tratamento psicoterápico. Algum tipo de abordagem psicoterápica faz com que a pessoa volte à sua condição normal, que volte a se sentir feliz ou triste, mas sem sofrimento contínuo da depressão.
A depressão é uma doença que precisa ser tratada, caso contrário, existe o risco de que a pessoa não consiga sarar daquilo sozinha e vá cronicamente ficando na depressão. A coragem da Flávia e dos famosos em falar da depressão conta muito para o combate à doença. Hoje, as pessoas estão muito mais atentas à depressão nas pessoas. Todas hoje têm internet e conseguem entender que se trata de um quadro psiquiátrico, um quadro que não é uma fraqueza de caráter, uma frescura ou alguma coisa que a pessoa não possa enfrentar sozinha. Ajudar as pessoas a entender que a depressão é sim uma doença como outra qualquer, que tem uma base biológica e que precisa de tratamento faz com que a pessoa volte a ter sua condição normal, sua condição de sentir-se feliz, mesmo que com altos e baixos como todo mundo enfrenta.
Fonte: Celebridades compartilham luta para superar a depressão por Hoje em Dia