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Uso de corticoides no tratamento do coronavírus: o que você precisa saber.

Bom, então estou aqui com o Professor Carlos de Carvalho, o Professor Titular de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP. É importante ressaltar a importância do uso de corticoides no tratamento de pacientes graves em UTI, visto que saiu um recente estudo mostrando o benefício para esses pacientes. No caso, eles utilizaram a dexametasona e tiveram um bom resultado. Como você vê o uso de corticoide desde o começo?

Bom é o corticoide, ele é baseado na resposta que o pulmão tem frente à inflamação do COVID-19. O COVID-19 entra pelas vias respiratórias e causa uma grande inflamação. Desde o início se pensava que o corticoide poderia ser um medicamento útil no tratamento. Existiram experiências prévias com a pneumonia e as pneumonias virais, que não tiveram um resultado satisfatório e um aumento do número de efeitos colaterais nessa população.

Os corticoides ficaram meio banidos na utilização durante a epidemia da COVID-19. Porém, começaram a surgir alguns indícios quando surgiram as primeiras resultados de necrópsia de que o corticoide poderia ter seu papel em algumas situações específicas. Alguns protocolos começaram a ser delineados para estudar o eventual efeito do corticoide.

Quando montamos nosso protocolo para o atendimento aqui no Hospital das Clínicas, incluímos a possibilidade da utilização do corticoide por via endovenosa nos pacientes mais graves, baseados nos achados principalmente radiológicos. Isso vem sendo feito nos pacientes mais graves e começamos a participar também de um estudo brasileiro, coordenado pelo Hospital Sírio-libanês, Hospital do Coração e pelo Hospital Albert Einstein, junto com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira e vários outros hospitais do Brasil, para testar o uso da dexametasona.

Esse estudo está em curso atualmente. Aqui, utilizamos, em alguns casos específicos, a metilprednisolona endovenosa, e em alguns casos que entravam nesse protocolo utilizava a dexametasona. Mas faltava um estudo que desse uma base científica para a utilização do corticoide de maneira mais definida, e esse estudo de Oxford veio para ocupar esse espaço e para demonstrar que o corticoide tem seu papel nos casos mais graves.

O benefício comprovado igual nos casos mais graves. Mas não é em massa na população, porque o importante a saber é que o corticoide tem seus riscos também, e isso baixa a imunidade e outros efeitos colaterais. O estudo mostrou que, nos pacientes que precisavam de suporte ventilatório, aqueles intubados, que precisavam de oxigênio suplementar, a mortalidade reduziu em 20%. Naqueles que precisavam de ventilação mecânica, reduziu em um terço. Então, o resultado é altamente positivo, mas naqueles que não precisavam desse suporte, o corticoide não trouxe benefício e aumentou os efeitos colaterais.

O corticoide deve ser utilizado em pacientes mais graves sob orientação médica, e não em uso domiciliar, porque não previnem nada. Ele pode até causar um aumento de efeitos colaterais em uma população sem orientação médica. Qualquer medicamento deve ser utilizado com prescrição médica. É importante lembrar que o estudo mostrou benefício nos pacientes com COVID-19 injetável nos pacientes mais graves em UTI.

Fonte: Coronavírus e corticoides por Canal do Dr. Kalil