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Tendinite no Tendão de Aquiles: Causas, Sintomas e Tratamentos


Olá, meu nome é Joana, ainda sou médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho, lesões no esporte. Vamos falar agora sobre tendinopatia de Aquiles.
O tendão de Aquiles é também conhecido como tendão calcâneo, é o tendão mais forte do corpo humano, sendo capaz de suportar até 12 vezes o peso corporal. Ele tem a função de empurrar o pé para baixo, impulsionando o corpo durante a caminhada, corrida ou saltos. Um dos movimentos em que o tendão é mais exigido é na aterrisagem dos saltos, neste movimento, junto com o tendão patelar no joelho e a musculatura glútea no quadril, ajudam na desaceleração do corpo, absorvendo toda a energia da aterrisagem e devolvendo a esta energia para um impulso novo movimento de salto.
Atletas envolvidos em esportes de salto tendem a sobrecarregar o tendão de Aquiles, estando sob maior risco para desenvolverem a tendinite. São fatores de risco para o desenvolvimento da tendinite calcâneo: um tendão fraco, má técnica esportiva, além do excesso de uso decorrente da prática esportiva de impacto. Contendam mais fraco pode estar relacionado a um processo de degeneração, desgaste do tendão, ao sedentarismo, a doenças inflamatórias como o diabetes ou ao processo natural de envelhecimento. Já o excesso de uso está associado a esportes que envolvem a corrida com os saltos frequentes, como exemplo disso temos o volei ou o futebol. Além disso, os treinos em aclives ou declives, mudanças frequentes na rotina de treino, mudanças de calçado ou mudanças na superfície onde o treinamento é realizado, também vão levar a uma sobrecarga no tendão e eventualmente o desenvolvimento da tendinopatia.
A técnica para a aterrisagem de saltos também está diretamente relacionada a uma maior ou menor sobrecarga sobre o tendão de Aquiles, devendo portanto ser sempre avaliada.
O diagnóstico é eminentemente clínico, caracterizado por dor à palpação do tendão, um inovador qual está localizada em dois pontos diferentes do tendão, um na inserção dele onde o tendão está preso no osso, quando é considerada a tendinite insercional, outro ponto está localizado entre dois e seis centímetros acima de onde o tendão acaba, que é um ponto de menor vascularização, onde a capacidade de reparo é menor. Esses pontos podem apresentar abaulamentos ou nodulações, que podem ser observados nos casos de maior gravidade. Radiografias são importantes, especialmente nos casos de tendinite insercional, para a avaliação de eventuais calcificações no tendão. Já a ressonância magnética ajuda a identificar a estrutura e o grau de degeneração do tendão.
A tendinite de Aquiles pode ser classificada clinicamente em quatro estágios:
1. No estágio um, o paciente apresenta dor após a atividade.
2. No estágio dois, o paciente apresenta dor no início da atividade física, melhora após o aquecimento e volta a doer quando para.
3. No estágio três, o paciente apresenta dor durante e após a atividade. Além disso, a dor é limitante para a prática esportiva. Finalmente,
4. O estágio 4 é caracterizado pelo rompimento do tendão.
O tratamento na fase aguda envolve a aplicação de gelo, o uso de anti-inflamatórios por curto período, além da fisioterapia com o fortalecimento da panturrilha, que é o foco central do tratamento. É importante um repouso controlado nos estágios 1 e 2 e pode ser feita uma redução na carga de esportes com os saltos repetitivos e agachamentos profundos e a substituição com atividades de menor impacto, como os exercícios aquáticos e a bicicleta.
Já no estágio 3, é importante que se tenha um repouso completo das atividades de salto e agachamento profundo até que haja alguma melhora da dor. Casos crônicos e que não melhoram com o tratamento descrito acima podem se beneficiar da terapia por ondas de choque, um tratamento desenvolvido inicialmente para o tratamento de pedras nos rins. Esse tipo de tratamento utiliza um aparelho específico capaz de emitir ondas ultrassônicas que levam uma grande quantidade de energia para o tecido alvo, no caso o tendão de Aquiles. Essa energia estimula um processo de destruição já para ajudar na cicatrização do tendão doente. Estudos demonstram uma melhora significativa da dor em até 75% dos pacientes com esse tipo de tratamento.
O PRP (plasma rico em plaquetas) é um procedimento que consiste na retirada de uma certa quantidade de sangue do paciente, que será levado a um aparelho específico denominado de centrífuga. Neste aparelho, o sangue será separado em dois componentes, um contentor de massas e outro com o plasma rico em plaquetas. Esse plasma contém diversas substâncias que auxiliam na cicatrização do tecido doente, no caso o tendão de Aquiles. É importante, porém, que se compreenda que, apesar de diversos estudos mostrarem o resultado com a técnica, inclusive no Brasil, atualmente um procedimento não está liberado para uso clínico pela ANVISA, portanto não deve ser uma terapia a ser considerada no momento.
Os gestores de corticoide no tendão ainda que produzam bons resultados em relação à melhora da dor e redução do processo inflamatório, envolvem risco para o rompimento do tendão, portanto não deve ser uma técnica utilizada de forma regular.
O tratamento cirúrgico deve ser considerado em pacientes com tendinite no estágio 3 após a falha do tratamento não cirúrgico por um período adequado. A cirurgia consiste no debrideamento do tecido doente e quando isso enfraquecer demais, pode ser associado à reconstrução do mesmo com a utilização de enxerto. Pacientes no estágio 4, ou seja, com rompimento do tendão, também devem ser submetidos a cirurgia, seja para reparo ou reconstrução do tendão.
Por hoje é isso, obrigado pela visualização. Para maiores informações em relação à tendinite e outras lesões no esporte, visite o site www.totvsip.com.br. Obrigado.
Fonte: Tendinite de Aquiles por DR JOÃO HOLLANDA