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Síndrome pós COVID: duração, tratamento e sintomas.


Se você já teve ou conhece alguém que já teve Covid-19, sabe que, mesmo depois de curar a doença, algumas sequelas podem permanecer. Estima-se que 8 em cada 10 pessoas que tiveram Covid-19 permanecem com sintomas após duas semanas do fim da fase aguda da doença. Esse número cai, mas mais lentamente do que o esperado, com o tempo. Após seis meses da infecção, 60% das pessoas ainda têm sintomas e após um ano, metade das pessoas ainda apresenta sintomas.
Essa condição é conhecida como síndrome pós-Covid ou sequelas após Covid-19. Mesmo em pessoas que tiveram as formas mais leves da doença, essas sequelas podem ocorrer. Os sintomas mais frequentes são fadiga, dores de cabeça, problemas de atenção, queda de cabelo, falta de ar, perda de paladar e olfato, dores articulares, tosse, suor, náusea, vômito, palpitações, dores no peito, ansiedade, depressão e dificuldades de linguagem, raciocínio e memória. Algumas pessoas mencionam que o cérebro fica “mais lentificado”, como se houvesse uma neblina.
As sequelas são diversas, afetando diversas partes do corpo. É comum as pessoas terem duas dúvidas: se os sintomas persistem, eu preciso fazer novamente o teste de Covid-19 para saber se ainda tenho a doença? A resposta é não. Nos casos leves, você não está transmitindo o vírus a partir de dez dias do início dos sintomas. Nos casos de internação, são 20 dias de isolamento a partir desse momento. Sabendo que a doença aguda não está mais presente, ainda é possível que o teste dê positivo, pois ainda existe material genético do vírus no organismo. Por isso, não é recomendado fazer novamente o teste.
Por que essas sequelas surgem mesmo depois da fase aguda ter sido curada? Ainda não temos todas as explicações para os efeitos da Covid-19. O que sabemos até agora é que esses efeitos podem ter relação com uma série de causas, principalmente três delas: a inflamação, o efeito do próprio vírus e as consequências da internação prolongada, principalmente em UTI.
Primeiro, em relação à inflamação, a Covid-19 causa uma inflamação exagerada em grande parte do corpo. Como consequência dessa inflamação, podem ocorrer problemas na circulação do sangue, com alteração de coagulação e predisposição a trombose, principalmente em pulmões, coração e rins. Intestino e fígado também podem ser afetados, além do famoso “coágulo nas artérias”, que pode levar ao quadro de AVC, popularmente conhecido como derrame, infarto do coração, infarto do intestino e até obstrução de uma artéria da perna, com o risco de amputação. Problemas vasculares também podem causar sofrimento de diferentes nervos do corpo e o resultado é o déficit de sensibilidade e formigamento, principalmente nas extremidades, e também interfere na motricidade, com fraqueza.
Falando da parte respiratória, a inflamação pode afetar as trocas de gases, reduzir a capacidade de respiração e, em alguns casos, levar à substituição do tecido pulmonar normal por uma cicatriz chamada fibrose pulmonar, piorando muito a ventilação e as trocas gasosas, o que pode levar à falta de ar.
Segundo, em relação ao efeito do próprio vírus, ainda não se sabe ao certo todas as ações que o novo coronavírus pode ter no corpo. Sabe-se que o novo coronavírus tem uma atração pelas células do sistema nervoso central e periférico. É por isso que ocorrem as alterações de paladar e olfato, e isso também justifica alguns dos efeitos no sistema nervoso, como dores de cabeça e tontura.
Terceiro, para os casos graves que ficaram muito tempo hospitalizados e principalmente em UTI, a própria permanência na UTI é o motivo das sequelas. Esses pacientes ficam muito tempo sedados e usam bloqueadores musculares para que um aparelho consiga auxiliar na respiração, então ficam sem se mexer e sem a contração da musculatura relacionada à respiração. Não usam a musculatura da perna, aumentando o risco de trombose que já é mais alto pela doença, e também não se mexem nas articulações, que por isso podem ficar mais rígidas. Enfim, por tudo isso e também pelas alterações nos nervos, há uma grande perda de musculatura, perda de peso, rigidez nas articulações e isso justifica muitos pacientes que têm dificuldade ou não conseguem se levantar, erguer os braços para escovar os dentes, pentear-se, engolir alimentos e água.
Além dessas causas, existem outras menos frequentes, mas estas são as mais importantes. É importante destacar que, uma vez que foi feito diagnóstico de sequelas da Covid-19, o que fazer se estiverem interferindo na sua independência e qualidade de vida? A palavra é reabilitação. Existem uma série de medidas específicas para cada problema, com o objetivo de atenuar as consequências das sequelas e retornar ao mais próximo do seu habitual e o mais rápido possível. Por exemplo, treinamento respiratório para aqueles com falta de ar, treinamento cognitivo como palavras cruzadas e leituras, exercícios específicos para quem teve alteração de memória e outras funções executivas, reabilitação motora com um educador físico, terapeuta ocupacional para ganho de força muscular e coordenação, uso de medicações para controlar sintomas como analgésicos para dores, broncodilatadores para quem tem problemas respiratórios, prolongação do uso de anticoagulantes nos casos de trombose ou de risco aumentado para coágulos.
O segundo aspecto importante é quem você deve procurar para te auxiliar, se tiver suspeita de síndrome pós-Covid. Você deve procurar um médico, de preferência um fisiatra. Mas que fique claro que, na grande maioria das vezes, é necessário um programa de reabilitação com vários profissionais, como fonoaudiólogo, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista, educador físico, assistente social e psicólogo. Existem centros especializados que oferecem este serviço gratuitamente pelo SUS. Quanto antes iniciar a reabilitação, melhores e mais rápidos serão os resultados. Por isso, não hesite em procurar ajuda.
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Fonte: SÍNDROME PÓS COVID: O QUE É, DURAÇÃO E TRATAMENTO por DOUTOR AJUDA