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Reabilitação do cotovelo: práticas de fisioterapia na prática


Olá pessoal! Meu nome é Felipe Marques, sou fisioterapeuta especialista em ortopedia e traumatologia, e o assunto de hoje é a fratura de cotovelo.
Quais são as peculiaridades da reabilitação da fratura de cotovelo? Por mais simples que seja a natureza dos cotovelos, ela é danada para tirar aderência. Comparativamente, é como se fosse difícil de lubrificar uma dobradiça enferrujada para que pudesse funcionar adequadamente. Para simplificar, podemos pensar no cotovelo como uma dobradiça de porta.
Então, o que acontece se você deixar uma porta fechada por muito tempo? Ela começa a enferrujar e a dobradiça fica comprometida. Por alguma razão, quando você for tentar abri-la, ela vai emperrar e você terá dificuldade de abrir e fechar a porta. Dependendo do grau de ferrugem, essa dobradiça pode se tornar torta ou quebrar. No caso do cotovelo, isso não é muito diferente.
Em um período de mais ou menos 6 horas após a fratura, já podem aparecer sinais de aderência articular. E quais são as causas dessa aderência? Muito se deve à contaminação do líquido sinovial na articulação do cotovelo. Essa articulação não é como a do joelho, que é hipermóvel, ou do ombro, que tem uma certa mobilidade. Tanto o quadril quanto o cotovelo são articulações que possuem uma circulação de uma forma com menos folga. E por ter menos folga, o líquido sinovial precisa trabalhar de uma forma mais delicada.
Vamos lembrar que o líquido sinovial não só lubrifica a articulação, como também alimenta as células da cartilagem. Se você não tem um líquido sinovial bom, limpo e mínimo, seu cotovelo não terá a nutrição adequada. E sem essa nutrição e lubrificação, surge o enferrujamento.
O grande desafio da articulação do cotovelo é conseguir manter sua mobilidade e não ter perda de amplitude de movimento. Não é incomum que exista um “resto” após a fratura. Todo mundo já viu aquela tipoia que imobiliza o cotovelo e impede sua mobilização. Se você tentar mobilizar o cotovelo em um curto espaço de tempo, pode ter uma perda de mobilidade que requer seis meses de reabilitação para ser recuperada.
Portanto, o principal objetivo da reabilitação pós-fratura de cotovelo é pensar na anatomia da articulação. Basicamente, temos duas formas de articulação: o esticar e dobrar e a rotação do punho. Isso depende da cabeça do rádio que fica dentro do cotovelo.
Essas articulações precisam de mobilidade constante para se manterem lubrificadas. E se houver uma lesão da face articular, tende a gerar mais complicações com graus de mobilidade maiores. Mas lesões simples até acima da articulação também podem gerar esse tipo de problema, porque temos algo chamado cápsula articular. E essa cápsula articular pode encurtar e gerar aderências.
Isso dificulta a mobilidade, é como se você estivesse vestindo uma roupa apertada e tentasse se dobrar, mas o tecido não deixasse. A cápsula articular pode gerar complicações de aderência articular. As duas principais dificuldades articulares advêm da articulação com aderência e cápsula encurtada.
Para a reabilitação, é importante que se consiga montar uma mobilização constante o mais breve possível, desde que permitido pela lesão. Faz-se o uso da mobilização passiva para ganhar a amplitude de mobilidade. É muito comum que até os 90 graus já apresentem dificuldade, e que até os 30 graus tenham dificuldade para extensão.
Os últimos 15 graus são os mais difíceis de ganhar, tanto na extensão quanto na flexão. Mas é importante que se consiga ganhar mobilidade com constância e cuidado com os nervos que passam atrás do cotovelo. A hipertensão sem necessidade pode provocar lesão, e a mobilização com cuidado é fundamental.
Como fisioterapeuta, recomendo sempre uma avaliação do paciente para que seja estabelecida a necessidade dele. Na sequência, deve-se trabalhar com base na função, o que inclui a perda de força do bíceps e tríceps, mas que é menos importante que a questão da aderência articular. A mobilidade articular é muito mais importante de ser recuperada do que a força muscular.
Então, a avaliação e a reabilitação devem ser feitas com cuidado e respeitando as limitações do paciente, para que se possa conseguir bastante mobilização com segurança. O paciente também deve seguir as orientações e os exercícios prescritos para a reabilitação.
Espero que tenham gostado desse assunto importante e que ajude a tratar a fratura de cotovelo com mais segurança. E não se esqueçam de se inscrever no canal e no grupo de WhatsApp para ficar por dentro das aulas e conversar sobre os temas abordados. Um abraço e até a próxima!
Fonte: Fisioterapia na Prática – Reabilitação do Cotovelo por Felipe Marx – Fisioterapia