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Prevenção da mortalidade na hemodiálise inicial

O paciente que faleceu após a primeira sessão de hemodiálise

O paciente foi fazer sua primeira sessão de hemodiálise e acabou falecendo. Fique nesse vídeo até o final que você vai entender por que esse tipo de coisa acontece até hoje.

Olá pessoal, eu sou o Doutor Roberto Galvão do canal Nefrologista e agradeço vocês por estarem aqui novamente comigo para o vídeo. Inscrevam-se já no nosso canal dando uma clicada no botão vermelho. Ative o sininho das notificações e deixe um like para a gente ir direto ao assunto.

A história do paciente

Hoje eu vou contar a história de Marcelo, que é um rapaz que deixou uma mensagem aqui no nosso canal angustiado querendo tirar algumas dúvidas. Ele fala sobre o caso da sogra dele que faleceu essa semana. Ele disse o seguinte: “hoje foi um dia horrível, minha sogra de 75 anos faleceu após a primeira sessão de hemodiálise. Ela tinha uma vida ativa e normal, andava, visitava parentes, só tinha queixa de falta de apetite e anemia, fora isso, nada mais. Além de hipertensão, tinha insuficiência renal (creatinina de sete). Ela tratava no está céticos ou apenas falar que foi um grande Hospital Escola aqui da cidade de São Paulo. Ela relutava em fazer hemodiálise, acabou fazendo no hospital de uma cidade aqui da grande São Paulo que também não vem ao caso porque era mais perto de casa. Após chegar, deu dor no peito e disseram que foi problema no cateter, deu hemorragia no pulmão e após três paradas. Ela faleceu.”

O Marcelo também informa que é inscrito aqui no nosso canal. E por coincidência, ele também tem doença renal crônica (creatinina de 1.8). Eu imagino aí a angústia e as dúvidas.

Em primeiro lugar, pessoal, não é objetivo do nosso canal, nem deste vídeo, fazer qualquer tipo de julgamento de certo ou errado sobre o atendimento que foi prestado no momento. Nós não somos peritos aqui no caso. Estamos apenas comentando a respeito de uma situação que é muito comum no dia a dia da nefrologia, que são essas complicações relacionadas à primeira sessão de hemodiálise. O nosso objetivo maior aqui é principalmente acalmar o coração, é tranquilizar, oferecer algumas informações que eu acredito que ele vai ficar mais calmo.

Na realidade, nessas situações, ninguém teve culpa. Quando ocorrem situações drásticas, é sempre uma tendência do ser humano tentar encontrar um culpado ou ele mesmo, por uma questão de arrependimento, tentar colocar a culpa em si próprio. Então nós estamos aqui para esclarecer por que esse tipo de situação acontece tanto e o que a gente pode fazer para evitar.

Outra questão aqui é não pegar a exceção como regra. E a gente acaba alimentando mitos como aquele de que hemodiálise é perigoso, hemodiálise mata. Quando, na verdade, o que é perigoso e mata é a doença renal crônica.

As razões por trás da fatalidade

O que eu posso dizer para o Marcelo é que essa situação foi de altíssimo risco e realmente, isso pode acontecer. Mas não é a regra como a gente colocou. Tem um pouco de fatalidade porque, como a gente sabe, várias pessoas começam também a dialisar nessa situação. Elas não vêm a óbito, mas estamos falando de probabilidade de riscos e medicina não é uma ciência exata.

O que é uma referência tardia? Basicamente, quando o paciente chega, vamos dizer, com o rim avariado demais na mão do especialista, o especialista não tem muito tempo de preparar o paciente para a diálise. Isso pode ser devido tanto à demora do clínico para encaminhar para o especialista quanto aos próprios nefrologistas que demoram para indicar a diálise. Muitas vezes, o serviço de saúde não tem uma estrutura para oferecer o tratamento a tempo para aquele paciente e, em grande parte das vezes, é uma recusa do paciente por desconhecimento da própria doença, por fatores culturais e até mesmo por medo.

As consequências da recusa

As consequências da referência tardia são várias. Uma delas é a desnutrição e a gente sabe que a desnutrição está diretamente relacionada com a mortalidade em pacientes dialíticos.

Outra consequência é a anemia, também super comum em pacientes de referência tardia, e é um indicador de mau prognóstico. Outras alterações metabólicas, como o excesso de potássio, excesso de fósforo e até mesmo disfunção plaquetária. As plaquetas são aquelas células do sangue responsáveis pela coagulação e, às vezes, acabam não funcionando direito, aumentando muito o risco de sangramentos.

E, finalmente, complicações relacionadas ao implante de cateter e início da hemodiálise em caráter de urgência e suas complicações, como sangramentos e infecções. Em um estudo realizado aqui no Brasil, foi revelado que aqueles pacientes que iniciaram a primeira hemodiálise já tendo uma fístula arteriovenosa dupla tiveram uma mortalidade de 10,3%. Enquanto aqueles que começaram a primeira hemodiálise com cateter tiveram uma mortalidade de 51
Fonte: MORTALIDADE na Hemodiálise Inicial – Como PREVENIR por Nefrologista