Pular para o conteúdo

Pneumologista explica diferenças entre pneumonia e Covid-19


O João da Rede Alerta começa agora, com o médico pneumologista Pedro Pompeu. Ele nos fala sobre as diferenças entre pneumonia e COVID-19.
Bom dia, doutor Pedro. Seja bem-vindo ao Jornal da Rede Alesp. Sertanejas escutando… Enfim, doutor Pedro, para a gente conversar, né. Só poderia. É porque o coronavírus irá pneumonia. Ela tem ela tem sintomas parecidos. O senhor poderia falar para o telespectador a diferença das duas?
Bom, então, na verdade, é o seguinte, né. COVID-19 é o nome de um conjunto de sintomas causados pelo coronavírus. A manifestação mais comum da COVID-19 é uma pneumonia. Ela, na verdade, o que leva os pacientes ao hospital e o que leva os pacientes a ficarem internados é uma pneumonia, uma pneumonia causada especificamente pelo vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19. Então, isso vai ficar bem nítido. A gente pode ter pneumonias virais ou pneumonias bacterianas. A gripe comum, por exemplo, quando ela passa a causar algo grave, é por pneumonia também. Então, os sintomas respiratórios importantes são pneumonia. Só que uma pneumonia viral é diferente dos sintomas da pneumonia bacteriana clássica.
Quando você fala em pneumonia, todo mundo pensa em uma pneumonia bacteriana, que também é seguida de um processo viral. Agora, qual é a diferença entre elas? A pneumonia bacteriana, na maioria das vezes, você não tem dor de cabeça, não tem perda de olfato, não tem diarreia, não tem mialgia, tem dor muscular. É limitado basicamente a mal-estar e depois, dependendo da gravidade da infecção, você começa a ter manifestações sistêmicas. Já esse vírus nem tanto assim. É porque ele tem uma característica que pega quase todo o organismo. O ponto de entrada é o sistema respiratório, mas depois ele se espalha pelo organismo inteiro. Então, você vai ter dor de cabeça na pneumonia bacteriana, a tosse geralmente é com secreção, catarro esverdeado, muitas vezes sanguíneo. Já a tosse da pneumonia pelo coronavírus é uma tosse seca, irritativa. A falta de ar no coronavírus é, de um modo geral, pior do que na pneumonia bacteriana. A pneumonia bacteriana geralmente é localizada numa parte do pulmão, mais raramente difusa. Já a do coronavírus é uma doença bilateral e atinge as duas partes do pulmão. Então, esses são sintomas incrivelmente bem diferentes e que o médico não vai ter nenhuma dificuldade para fazer o diagnóstico diferencial. Além disso, a imagem radiológica e o exame de sangue são diferentes também entre o coronavírus e a pneumonia bacteriana.
Doutor, fica com sequela no pulmão, né? Que tipo de sequela, quanto tempo ela dura, se é para vida inteira? Explica para gente.
Eu gostaria de ter essa resposta. É uma doença que ninguém conhece, não existia há sete meses. Agora, a gente está começando a entender melhor. E nos próximos meses, a gente vai começar a ver essas sequelas. Eu estou começando agora no consultório de doentes que saíram da doença há 15, 20 dias. Mas, na minha região, a coisa piorou bastante nos últimos 15 dias em Ribeirão Preto. Então, a gente ainda não sabe qual é o grau dessas sequelas, o que vai ser agudo. Porque qualquer infecção pulmonar ela pode deixar uma sequela transitória de 30 a 60 dias. Só após esses 60 dias é que a gente vai saber o que ficou e o quanto ficou. E nunca vamos nos esquecer do seguinte: assim como não existem duas impressões digitais iguais, não existem dois seres humanos iguais. Alguém pode ter uma lesão extremamente discreta e outra pode ter uma lesão mais extensa. E, como em qualquer doença, mesmo frente à infecção pelo coronavírus, porque a grande maioria não tem sintomas ou tem sintomas discretos e alguns outros vão ter um sintoma mais grave, isso depende da resposta da pessoa. Então, essa pergunta eu não tenho. Eu acho que a medicina ainda não tem. A gente tem acompanhado isso de perto, mas vamos começar a ver nos próximos meses.
Doutor, até quanto tempo o vírus pode ficar incubado sem causar nenhum sintoma?
Bom, na grande maioria das vezes, ele não vai causar, assim. É uma doença como outra doença viral respiratória qualquer. Os sintomas leves são nariz escorrendo, a garganta um pouquinho… A gente tem visto que as pessoas, após a primeira semana, começam a ter uma relação quase inflamatória. Ela já começa a partir da segunda semana. Mas é grande que nós não vamos passar para essa segunda fase e muito menos para a terceira fase. Então, assim, não é o quanto ele fica incubado. A grande maioria das pessoas não vai desenvolver as fases subsequentes. É apenas uma pequena minoria que passa para a fase inflamatória.
O carro falando é de características do contaminado da COVID-19, né. Porque a ressaltasse isso no consultório, né. Falasse um pouco da situação aí no consultório. É o que a gente tem diferente que a gente só percebe na prática médica. Do senhor, do dia a dia.
Bom, então é isso que a gente falou. Aos poucos, a gente está aprendendo, né. Então, o que você achava que, inicialmente, só aquelas pessoas chamadas de grupo de maior risco, acima de 65 anos, com muitas comorbidades, iriam desenvolver a doença, não. Na verdade, a gente vê doença em basicamente todas as faixas etárias, principalmente após os 30 anos, a partir da terceira década. O que a gente tem visto e lógico que isso já era de se esperar é que indivíduos mais jovens, mesmo tendo manifestações mais graves da doença, eles complicam menos e têm um tempo de recuperação mais rápido. Isso já estava previsto, né. Então, a gente já sabe que em relação à faixa etária, essas são as grandes fatores de risco, principalmente acima de 60 anos, mas em qualquer idade são doenças cardiovasculares e diabetes. Então, esses são os grupos que a gente tem que estar atento, como doenças cara diabetes é tão comum entre a terceira, quarta, quinta década. A gente tem menos complicações nesses pacientes, mas a gente tem visto casos para relativamente graves, tem muita manifestação. E hoje de manhã, eu tive um paciente para atender, na sexta-feira, uma tomografia com os exames confirmando a tua. Ele tem 84 anos, tem uma tomografia com pouca medicamentação, extenso, e clinicamente o paciente vai muito bem. Obrigado.
Quer dizer, não tem o que ele teve de internação. Tudo isso é muito variável de pessoa para pessoa. Não tem um padrão típico que sirva para todo mundo.
Fonte: Pedro Pompeu, pneumologista, fala sobre as diferenças entre pneumonia e covid 19 por Alesp