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Osteomielite no Pé Diabético: Antibióticos vs. Amputação


Boa tarde,
Gostaria de agradecer o convite para expor uma mesa tão importante. Como outros já disseram, o pé diabético é um problema de saúde pública e realmente vivemos isso. Quem trabalha na cirurgia vascular, infelizmente, vê essa situação com frequência.
Um dos problemas que encontramos é a falta de equipes multidisciplinares completas. Conseguimos enfermeiras, ortopedistas e cirurgiões plásticos, mas é mais difícil ter uma equipe completa.
O diagnóstico e tratamento são um pouco dependentes da experiência da equipe e do cirurgião. No Rio de Janeiro, por exemplo, não temos muitas equipes multidisciplinares, o que dificulta o diagnóstico e tratamento desse problema.
Sabemos que 25% das úlceras em pé diabético podem apresentar osteomielite. As úlceras mais profundas são as de maior risco e, infelizmente, são a maioria. A osteomielite não é tão difícil de diagnosticar quando se tem a experiência certa da equipe e do cirurgião.
No caso do pé diabético, é importante ter em mente que a prevalência de osteomielite após 16 perfurantes do pé pode chegar a 16% na população, mas no diabetes ultrapassa 40%.
No ambulatório da Policlínica Piquet Carneiro na UERJ, onde trabalho, o diagnóstico é feito através do teste do provérbio. O estilete positivo é feito em todos os pacientes com úlceras. Isso significa simplesmente pegar uma pinça estéreo e colocá-la no fundo do pé. Se você entrar em contato com alguma estrutura óssea, aumenta muito a chance de alguma osteomielite.
Logo após, fazemos um raio-x simples. No nosso ambulatório, esse método tem um valor preditivo de quase 80%. Isso porque essas úlceras já vêm para nós com mais de três semanas de evolução. Em casos como esses, a chance de osteomielite é maior.
A ressonância magnética traz quase todos os elementos para esse diagnóstico. No entanto, a biópsia óssea com cultura ainda é o padrão-ouro hoje em dia.
O diagnóstico precoce, tratamento rápido e agressivo evitam a perda do membro. Um amputação pode alterar a mecânica do pé e causar novas lesões.
Na infecção grave em pacientes isquêmicos, a revascularização é imprescindível. Nos pacientes com gangrena, a amputação primária é feita.
Já na infecção localizada nos pacientes de alto risco cirúrgico, a amputação pode ser feita para desafogar as emergências e melhorar o resultado.
A atenção secundária é falha em grande parte do Brasil e é muito importante para desafogar as emergências.
A classificação da literatura diz que o médio e retro pé apresentam maior risco de amputação. As lesões no calcâneo e médio pé com gangrena são mais difíceis de recuperar.
Já as lesões no ante pé e dedo têm maior taxa de sucesso no tratamento clínico e são os pacientes que propomos o tratamento primário.
Considerando isso, a conclusão é que na maioria dos casos équemicos, realizamos a revascularização. Nos casos de infecção avançada sistêmica, avaliamos a amputação primária pelo risco de vida. A conduta conservadora apresenta resultados positivos com ou sem desligamento.
A recepção óssea pode não ser necessária e o tratamento combinado com pequenas recepções cirúrgicas locais podem abreviar o tempo de tratamento.
Muito obrigado.
Fonte: Osteomielite no pé diabético: Antibioticoterapia x Amputação. por SBACV – RJ