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Hepatite C: por que é pouco identificada?


Olá amigos do Youtube!
Quem acompanha o canal sabe que eu sempre falo sobre um grande problema de doenças como diabetes, pressão alta e a falta de sintomas da hepatite C, que atinge cerca de um milhão e meio de brasileiros. Essa doença tem a mesma característica, mas com uma agravante: os sintomas podem demorar muito mais para aparecer. Entre a infecção pelo vírus e a manifestação dos primeiros sintomas, que acontecem quando o fígado já está muito comprometido, pode demorar entre 20 e 30 anos.
Quando os sintomas aparecem, os mais comuns são náuseas, mal-estar, perda de apetite, fadiga, perda de peso, pele e olhos amarelados, característica mais marcante do comprometimento do fígado.
Outro fator que contribui para que cerca de 500 mil pessoas no Brasil não tenham recebido diagnóstico é que o HCV, o vírus da hepatite C, só foi identificado em 1989, ou seja, a descoberta é mais recente do que a do HIV, que aconteceu em 1983. Por conta da falta de sintomas e do desconhecimento em relação ao vírus, muitas pessoas ficaram décadas sem um diagnóstico.
Quer mais um fator que contribui para existir tanta gente que não sabe que tem? A infecção acontece principalmente em situações cotidianas, como fazer as unhas, a manicure, por colocar um piercing, se fazer uma tatuagem ou até durante uma consulta no dentista. Tudo depende de algum instrumento usado nessas ocasiões estar infectado com o vírus.
Muitas pessoas relacionam a hepatite C à transmissão por via sexual. De fato, ela pode ser transmitida durante o sexo sem camisinha, mas essa não é a forma de contágio mais comum. Na verdade, era até pouco frequente. O mais comum mesmo é infecção por uso de seringas, alicate de unha, lâminas de barbear e aparelhos de tatuagem contaminados. A doença pode ser transmitida ainda de mãe para filho durante a gravidez, chamada transmissão vertical ou por transfusão de sangue.
A infecção por transfusão de sangue é muito rara atualmente, mas quem passou por um procedimento desse assim é antes de 1993 deve ser testado, porque até aquela data ainda não existia testagem obrigatória para a hepatite C nos bancos de sangue.
Na verdade, todas as pessoas com mais de 40 anos deveriam fazer o teste para hepatite C pelo menos uma vez na vida. Os testes para a doença são disponibilizados gratuitamente pelo SUS.
Embora o hepatologista seja um médico especializado nas doenças do fígado, é importante que os médicos de outras especialidades também estejam atentos aos fatores de risco e aos sinais da doença, para que o teste seja solicitado mais cedo possível.
Aliás, até o paciente pode ajudar no diagnóstico. Se você passou por uma situação de risco como as que eu citei ou tem mais de 40 anos e nunca fez o teste, pode procurar um centro de testagem e aconselhamento ou posto de saúde e solicitar para fazer o teste rápido para hepatite C, que é feito na hora, ou levantar a bola numa consulta para que o teste seja pedido junto com os exames de rotina.
O tratamento hoje cura mais de 95% dos casos e vai ser o tema do próximo vídeo desta série.
Fonte: Por que a hepatite C é pouco identificada? | Coluna #124 por Drauzio Varella