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Fisioterapia no tratamento de TVP e Síndrome do Imobilismo em pacientes com Covid-19.

A síndrome do imobilismo é um conjunto de alterações que ocorrem em indivíduos que permanecem acamados por um longo período. Ela é caracterizada pela deteriorização generalizada dos nossos sistemas corporais por causa da inatividade. O imobilismo acomete não só o sistema músculo-esquelético, reduzindo a massa muscular, a força e a resistência, mas também o sistema gastrointestinal, tornando os movimentos peristálticos mais lentos, o sistema urinário, cardiovascular, respiratório, facilitando acúmulo de secreções nos pulmões e também o cutâneo, causando as úlceras de decúbito.

Estudos apontam que durante o repouso prolongado, há um declínio acentuado da massa muscular e com a total imobilidade, a massa muscular pode reduzir pela metade em menos de duas semanas. O tratamento para a síndrome do imobilismo é a fisioterapia. A fisioterapia nesse caso deve ser iniciada para evitar os riscos e agravamentos da hospitalização e pode ser uma das chaves para recuperação mais rápida desse paciente, uma vez que melhora a circulação sanguínea, melhorando a distribuição de oxigênio e nutrientes aos tecidos.

Temos que lembrar que o paciente internado em UTI e que apresenta restrições motoras graves, nesses casos, a mobilização passiva, as mudanças de decúbito e o posicionamento adequado no leito podem significar as únicas possibilidades de interação do indivíduo com o ambiente e devem ser consideradas não só como uma mobilização músculo-esquelética, mas também como fonte de estimulação sensório-motora.

A manifestação da COVID-19 na forma grave pode fazer com que o paciente necessite de internação e tenha que ficar por algum tempo sob os cuidados médicos, por vezes até em UTI, e com a utilização de ventilação mecânica, causando a síndrome do imobilismo. Vale lembrar também que a COVID-19 é uma infecção do sistema respiratório e a imobilidade no leito prejudica muito esse quadro, pois reduz a capacidade ventilatória, o volume corrente, a capacidade pulmonar total e os movimentos diafragmáticos e intercostais ficam diminuídos por causa da perda da força muscular. Além disso, a posição supina altera as pressões exercidas sobre os pulmões facilitando acúmulo de líquidos nos alvéolos e a formação de secreções, piorando as trocas gasosas e exacerba o quadro do paciente com COVID-19, que já tem os seus pulmões comprometidos por causa da infecção.

O objetivo fundamental da fisioterapia é proporcionar o retorno mais rápido possível do paciente para as suas atividades regulares com o mínimo de prejuízo. As técnicas de mobilização passiva devem ser iniciadas o mais precocemente possível e, em especial, nos casos de pacientes com nível de consciência rebaixado. Até que o paciente já tenha condições, devem ser iniciadas as mobilizações ativas e as mudanças de decúbito e as trocas posturais também, priorizando a posição de espiração. Quando houver a imobilização prolongada, o fisioterapeuta deverá elaborar um programa de exercícios que evoluam ao longo do tempo e reduzam os riscos associados ao imobilismo. Os objetivos deste programa serão estimular a movimentação precoce no leito e independência das atividades de vida diária, estimular a deambulação, manter a força, a amplitude articular, evitar encurtamentos e atrofia, prevenir e tratar possíveis edemas e prevenir também as úlceras por decúbito. Com isso, o paciente terá um menor risco de complicações, menor tempo de internação e o melhor prognóstico no pós-operatório.

Um dos riscos associados à imobilização prolongada é a trombose venosa profunda (TVP), que é a formação de um coágulo (um trombo) preso à parede das veias profundas dos membros inferiores. Esse trombo pode causar obstrução parcial ou total dessas veias, que são vasos responsáveis pelo retorno sanguíneo ao coração, levando então a problemas circulatórios graves. A formação de coágulo deve-se ao desequilíbrio entre os fatores pró-coagulantes e fatores anticoagulantes naturais. O que pode gerar esses desequilíbrios são os hábitos de vida, como por exemplo, tabagismo, etilismo, sedentarismo e má alimentação, as doenças sistêmicas, como a hipertensão arterial sistêmica, diabetes, associação de uso de anticoncepcionais orais juntamente com tabagismo, assistência e outros fatores. O trauma também pode predispor o aparecimento da TVP por lesão do endotélio, mas principalmente a estase venosa, que leva a TVP.

Os sintomas mais comuns da TVP são os sinais flogísticos no membro acometido. A relação entre TVP e COVID-19 pode ser separada em três partes. A primeira questão são aqueles pacientes que geralmente evoluem com COVID-19 grave e que possuem fatores de risco semelhantes aos fatores de risco para o aparecimento da TVP, como pacientes idosos com hipertensão e diabetes, entre outras comorbidades. A segunda questão é que esses pacientes vão ficar acamados por um grande período de tempo, e quanto mais idade eles tiverem, isso favorece os estados venosos que favorecem o aparecimento da TVP. E a terceira questão de correlação entre TVP e COVID-19 é que a COVID-19 pode virar a técnica, ou seja, o trombo se desprende, virando um êmbolo, e pegando aqueles pulmões pela corrente sanguínea, acometendo o órgão que já está previamente acometido pela COVID-19, piorando o quadro desses pacientes.

Além da assistência ventilatória, a fisioterapia institui a fisioterapia motora para prevenção da TVP. Os exercícios mais importantes são os membros inferiores e eles podem ser ativos, dependendo da situação clínica dos pacientes acometidos pela COVID-19. Por exemplo, se eles apresentarem desregulação da saturação, da frequência cardíaca, da frequência respiratória, da PA, não devemos colocá-los em grande esforço, pois isso vai piorar a dispneia deles. Quando os pacientes estão sedados ou em situações de muitas instabilidades, a gente pode realizar as mobilizações passivas em membros inferiores para evitar a TVP e também as mudanças de decúbito.

Fonte: Manejo fisioterapêutico da TVP e Síndrome do Imobilismo na Covid-19 por Fisioterapia UNIP Oficial