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Fisiologia da Poliomielite em Humanos


A poliomielite é uma doença viral altamente infecciosa que pode resultar em grandes déficits para o indivíduo e até mesmo a morte. No entanto, essa doença já foi muito temida e hoje está controlada e caminha para erradicação global.
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença infecciosa causada pelo poliovírus. Ela ocorre há milhares de anos e foi primeiramente reconhecida pelo médico Michael Underwood em 1789. O agente causador da doença, o poliovírus, foi identificado em 1919 pelo imunologista Cal Landsteiner.
O vírus causa infecção enteral, ou seja, do trato gastrointestinal, especialmente dos intestinos. No entanto, o problema não é a infecção intestinal em si, mas sim as raras vezes em que a infecção vai além do acometimento enteral. O poliovírus possui três sorotipos diferentes e o período de incubação varia de poucos dias até 35 dias.
A doença causada pode ser de forma abrangente e classificada em branda e grave. A forma branda representa a maioria dos casos, cerca de 99%, e 70% dos indivíduos são assintomáticos, ou seja, não apresentam sintomas. 25% apresentam sintomas leves como febre e dor de garganta, e cerca de 5% apresentam sintomas moderados como dores nos membros.
Já a forma grave, onde ocorre paralisia, é a minoria dos casos e atinge cerca de 1% dos infectados. A maior parte dos pacientes onde o vírus atinge o sistema nervoso central desenvolve meningite asséptica e apresenta uma variedade de sinais e sintomas clínicos, como dor geralmente envolvendo cabeça, pescoço, abdômen e membros. Cerca de 1 a cada 1.000 infectados desenvolvem a forma paralítica da doença, onde ocorre fraqueza muscular e a paralisia flácida é chamada de aguda.
Hoje em dia, a poliomielite está em vias de erradicação global. Os Estados Unidos foi erradicada em 1979 e no Brasil em 1990. De milhões de casos anualmente, em 2021 a pólio causa não mais do que poucas dezenas de casos no planeta. O seu tipo dois e três já foram erradicadas globalmente, e os casos de infecção pelo sorotipo um estão restritos a apenas dois países atualmente: o Paquistão e o Afeganistão.
A poliomielite afeta somente humanos e sofre poucas mutações, facilitando o processo de erradicação. Mas hoje, a poliomielite não ameaça tã o presente. No entanto, não podemos dizer o mesmo do passado. No ano de 1916, só nos Estados Unidos, sete mil pessoas morreram de pólio. Tanto na Europa como nos Estados Unidos, tiveram quarentenas e restrição na circulação, inclusive, com cidades proibindo a entrada de pessoas, mas nada disso funcionou e os casos continuaram elevados.
A grande diminuição dos casos de poliomielite veio com a introdução das vacinas e com as melhorias de saneamento básico. Apesar de hoje novos casos de pólio estarem restritos a alguns países, ainda muitos pacientes apresentam as sequelas da doença com grau de paralisia diversos. Mas além das sequelas, há a chamada de síndrome pós-pólio, que ocorrem 20 a 50% das pessoas que tiveram poliomielite.
A síndrome pós-pólio é a manifestação dos sintomas da pólio paralítica em pacientes que apresentam prolongada estabilidade após terem tido pólio. E quando se diz prolongada, é prolongada mesmo, sendo que a síndrome pós-pólio pode ocorrer diversas décadas após o paciente ter se recuperado. O indivíduo começa a apresentar sinais de fraqueza muscular, fadiga e dores. Também pode ocorrer dificuldade para engolir e distúrbios do sono. Pode ocorrer em qualquer indivíduo que teve pólio, mesmo naqueles que tiveram completa recuperação ou naqueles que não apresentaram uma forma paralítica da doença.
Os mecanismos não são completamente compreendidos, mas a hipótese mais aceita é a da fadiga neuronal. Quando o paciente tem pólio, ele perde neurônios motores. Se ele não perder uma quantidade muito grande, os outros neurônios que sobram são capazes de suprir a demanda dos que foram perdidos, e o paciente fica sem ser com ela. No entanto, os neurônios que sobraram ficam sobrecarregados e, com o tempo, essa sobrecarga cobra o seu preço. Os neurônios começam a desenhar, fazendo aparecer os sinais típicos da poliomielite.
Muitas vidas foram perdidas para a polio e muitos indivíduos sofreram com profundas sequelas. A erradicação da poliomielite é um dos maiores sucessos da medicina moderna e deve ser uma fonte de inspiração para que possamos enfrentar os desafios de saúde do futuro com sucesso.
Fonte: Poliomielite – Fisiologia Humana por Fisiologia Humana