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Esperança dos pais de jovem com morte cerebral de que ele volte a viver


E agora eu chamo sua atenção para a história de uma família que perdeu um filho em um acidente de trânsito e reacendeu a discussão sobre a morte cerebral. O rapaz teve a morte decretada mas os médicos não desligaram os aparelhos a pedido dos pais, que tinham esperança que o jovem voltasse a viver. Mas afinal, isso é possível? O que os médicos precisam fazer para declarar a morte de um paciente? Em que momento a família deve ser comunicada? Veja as respostas agora na reportagem da Viviane Barbosa.
O jovem alegre e cheio de vida, Renan, de 18 anos, sofreu um grave acidente de carro no Rio de Janeiro. Ele teve morte cerebral, foram dias de sofrimento. A história causou comoção e os médicos do Hospital Estadual Getúlio Vargas mantiveram o jovem ligado aos aparelhos a pedido dos pais. O procedimento padrão indica que os equipamentos podem ser desligados quando a morte encefálica é atestada, mas isso não aconteceu no caso de Renan. Três dias depois do acidente, o jovem faleceu.
A morte cerebral é um dos assuntos mais delicados para os médicos e os familiares. É muito difícil ver o paciente ali com o coração batendo, mas sem nenhuma função cerebral. É um quadro irreversível das funções neurológicas, a ausência de atividade elétrica cerebral. As causas mais frequentes são traumatismo craniano, tumor ou derrame.
Quando o diagnóstico de morte encefálica é comprovado, o paciente é considerado morto, apesar de o coração ainda bater. A função cardíaca acaba sendo uma coisa reflexa, mas que sabemos que depois de algum tempo, algumas horas, o corpo vai acabar entrando em colapso circulatório. Essa constatação só pode ser feita após vários exames específicos e são feitos mais de uma vez, em intervalos de tempo que variam de acordo com a faixa etária. O protocolo é aberto após o diagnóstico e é feito de acordo com a idade do paciente, com um intervalo de tempo menor ou maior.
Sempre precisamos de dois médicos diferentes que não façam parte da equipe de captação de órgãos. Após o diagnóstico de morte encefálica, as famílias podem decidir pela doação de órgãos. Os médicos que atuam nessa tarefa auxiliam os familiares para que eles possam compreender todo o processo. “A família olha consciente com literatura, com o coração batendo e a gente está lhe falando que o paciente evoluiu, a ordem, o paciente que era saudável pode doar todos os órgãos e tecidos. Órgãos podem ser o coração, o pulmão, o pâncreas, o fígado, os rins e o intestino. Tecidos são córnea, pele, vasos, ossos e tendões.”
No Brasil, no primeiro semestre deste ano, temos 33 mil pacientes aguardando por um transplante de órgãos. Se a família concorda com a doação dos órgãos, as equipes de captação precisam correr contra o tempo, porque se houver uma parada cardiorrespiratória, os órgãos que poderiam salvar até três vidas podem ser comprometidos. Se ocorrer uma parada cardiorrespiratória, somente os tecidos poderão ser doados. Agora, se você estiver com o coração batendo, todos os órgãos e tecidos podem ser doados.
Foi o que aconteceu com a família do seu Luiz. Apesar da dor, a esposa e os irmãos decidiram doar os órgãos do pai. “Chegando em casa, nós nos reunimos e tivemos a decisão de doar, porque ele era um sofrimento.” Assim, foi uma decisão difícil, porque foi a hora que realmente você se vê que morreu e não vai voltar mais. Eu que, enquanto está licenciado, até pela esperança, falei que está morto, mas de repente pode colar. Luís foi baleado ao reagir a um assalto na oficina onde trabalhava. “A gente não podia ser egoísta, porque ele já tinha partido.” No entanto, para salvar uma vida, também para estudo para teste, uma forma de outra, ele acabar ajudando alguém. Um gesto de amor e solidariedade, e o que conforta essa família é saber que um pouco de seu Luiz está por aí, cheio de vida, 100%, e não está morto. Você tem um pedaço dele em alguém, em algum lugar do mundo. Ele ajudou alguém.
Fonte: Pais de jovem com morte cerebral têm esperança que filho volte a viver por Hoje em Dia