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Entendendo a depressão, fobia social e solidão: sintomas e tratamentos


Sabe aquela pessoa que não sai de casa? Que você nunca vê, ou aquele parente que fica recluso? O que está acontecendo com ele?
Hoje vou falar sobre as pessoas que ficam reclusas, pessoas que não saem de casa. Elas se tornam, parece que verdadeiros eremitas, ermitões urbanos que você nem vê. Você não sabe o que está acontecendo com eles. Os vizinhos nunca os veem saindo de casa, a família não os encontra em festas. O que está acontecendo com essas pessoas?
Será que é um problema? Pode ser um problema, podem ser vários problemas, ou pode ser um jeito da pessoa que a gente precisa pensar. No caso das pessoas que estão isoladas, que estão sem contato com os outros, a primeira coisa que a gente tem que entender é se a pessoa está fazendo isso porque quer.
Se a pessoa poderia sair, mas prefere não sair, ela pode na festa, lá num tem nenhum empecilho, nenhum obstáculo mental, nenhuma doença que a trave, mas ela simplesmente não quer, não faz questão. Ela quer ficar na dela, é mais introvertida, mas não gosta de festa, não gosta de encontrar a família. Paciência, né? Às vezes é nossa família. A pessoa não gosta de encontrar gente, tem gente que é assim. Mas a gente precisa avaliar o quanto a pessoa está no controle, que a gente sempre fala aqui no canal.
Não é quando a gente está no controle dos sintomas e não é uma doença. É o jeito da pessoa ser. Se ela precisa disso, ela tem uma entrevista de emprego ou se a família vai ficar muito magoada se ela não for ao casamento de uma prima que vai ser padrinho, ele mesmo sem vontade, ele consegue. Depois, volta a se isolar.
Então, ele tem a liberdade de ir ou não ir. Ele só prefere ficar isolado. Mas tem gente que perde essa capacidade de sair, perde essa capacidade de interagir. As pessoas às vezes até que iriam interagir melhor, mas não conseguem. Ou ela tem tanta indiferença, ela não tá nem aí pra nada que isso prejudica o seu trabalho, prejudica os seus relacionamentos, prejudica sua vida. Aí, a gente já pode estar falando de sintomas, a gente pode estar falando de doença.
Porque não é uma escolha da pessoa, aquilo não imposto sobre ela, a reclusão. Tá imposta sobre ela e ela não consegue se livrar daquilo.
Pode ser que passe na nossa cabeça. Pode ser uma pessoa que está tão deprimida, tão deprimida e sem energia para nada que ela não consegue. Realmente é ter força pra sair, pra encontrar ninguém, pra falar com ninguém. Ela está se arrastando dias sem tomar banho, passa às vezes dias sem escovar o dente, comendo mínimo ali, etc. Esse é um quadro perigoso, esse é um quadro grave de depressão que pode ser o caso. E às vezes a pessoa não tem nem energia para buscar tratamento. Nem passa na cabeça dela em atrás de médio e de certa é uma pessoa que precisa de ajuda. Alguém precisa marcar o médico para ela, alguém precisa levá-la no médico, porque ela, por conta própria, não vai ter força para fazer isso.
Não só isso, às vezes a pessoa pode ter outro quadro. Pode ser um fóbico social. A fobia social, quando a pessoa tem um medo tremendo de interagir socialmente. É lógico que isso tem graus, mas às vezes os graus são tão grandes que a pessoa não tem coragem de abrir a porta. Porque ela pode ver alguém no elevador e ela já pensar isso é desesperador para ela, é um terror. Não é passar perto da guarita e saber que o porteiro olhou para ela, já traz um pânico. E a pessoa acaba se isolando. E se também um quadro de uma pessoa que precisa de ajuda. Muitas vezes a pessoa vai precisar de um acompanhante terapêutico, vai precisar de alguém aos poucos se aproximar dela e atendê-la na casa, muitas vezes e aos poucos retirando ela dessa fobia, tratando ela, logicamente, muitas vezes medicando também para que esse quadro seja superado.
Mas às vezes tem quadros que são até perigosos para pessoa, para os outros. Que a pessoa pode estar psicótica, a pessoa pode ter quebrado o contato com a realidade. Ela pode tá é delirando, pode estar acreditando em uma conspiração tremenda, pode estar ouvindo vozes, etc. Se parou os medicamentos, não se tratou, é um quadro que começou de repente. Estava usando droga, humano, maconha. Ela usando alguma substância, teve um quadro psicótico, morava sozinho e de repente começou a achar que existe uma ameaça global contra ele. Não pode colocar um olho fora de casa, não pode assim inspirar pela janela, tudo fechado, etc. Só morrendo de medo e de ameaças que não existem de verdade. Também é uma pessoa que não vai sair por conta própria, imagina se eu falar pra você que tá todo mundo querendo se matar fora da sua casa. E também não ia querer sair, né? Então é uma pessoa que tem que ser abordada com cuidado.
Até para poder levar alguém para tratá-lo, ao se aproximar e até porque ela pode colocar a pessoa no delírio dela, acha que alguém está tentando atacá-lo. Então tem que ser uma abordagem realmente com cuidado. Na maioria das vezes, com auxílio de um profissional.
Também a gente não pode excluir que seja um quadro de dependência. Um dependente químico não está lá comprando droga e não está saindo na rua, etc. Isso vai variar dependendo de qual substância que ele usa, né? Ele pode ser dependente de internet, dependente de jogo, dependendo de bingo online, é um monte de dependência. Mas todo vício, no final das contas, é algo que cresce na vida da pessoa e toma o lugar de outras coisas.
Então a pessoa usa droga ou ela fica jogando, ela fica na internet, em detrimento dos relacionamentos sociais, de estudo, de trabalho e aquela dependência cresce, tomando o lugar de outras coisas. A pessoa vive em função daquilo. Por exemplo, quando é o caso de dependência de internet, o sujeito ele vai se isolando, ele vai ficando ali no quadro, não sai, limpa no banheiro. Tem casos que a pessoa faz as necessidades imports ali pra não sair do quarto mesmo e não fala com ninguém. A comida tem que chegar até ele, se não ele não sai pra comer, certo?
Então uma pessoa que fica isolada e esse isolamento, essa reclusão se dá em função do tamanho que a dependência é. Assumiu a dependência cresceu tanto que tomou o lugar de tudo na vida da pessoa, e ela vive em função daquilo.
Então, quando estamos sabendo de alguém recluso, isolado, a gente não tem que automaticamente imaginar que a pessoa é doente. A gente não tem que necessariamente diagnosticar. Pode ser o jeito da pessoa, mas vale a pena ficar de olho, vale a pena se colocar disponível e percebendo algum problema, eventualmente acionar serviços de saúde, médicos, psicólogos, etc., para poder fazer uma abordagem mais segura daquele problema.
Fonte: Depressão, fobia social ou apenas solidão? por Daniel Martins de Barros