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Doenças Inflamatórias Intestinais: E Agora, Carol?

Doenças Inflamatórias Intestinais: como a nutrição pode ajudar?

No programa de hoje, vamos conversar sobre as doenças inflamatórias intestinais, que são bastante recorrentes nos consultórios de gastroenterologistas, inclusive no meu. Essas doenças são divididas em duas classes: a retocolite ulcerativa e doença de Crohn.

Basicamente, as doenças inflamatórias intestinais são doenças que afetam o intestino ou o trato gastrointestinal devido a alterações genéticas e ambientais do sistema imunológico e da barreira da mucosa. O indivíduo precisa ter uma predisposição genética para, a partir de uma alimentação incorreta ou de um fator de estresse, desenvolver quadros de retocolite ou doença de Crohn.

A partir do momento que o indivíduo tem essa primeira ocorrência, inicia-se um processo inflamatório bastante importante. No caso da retocolite, esse processo inflamatório acontece mais no epitélio do intestino, enquanto na doença de Crohn essa informação torna-se mais profunda por toda a parede do intestino. As duas doenças promovem um processo inflamatório bastante importante, que começa a degenerar todo o intestino, alterando desde as vilosidades intestinais até a parte estrutural do órgão.

Os sintomas são bastante comuns entre as duas doenças. No caso da doença de Crohn, os sintomas são um pouco mais fortes. Os sintomas podem iniciar com dor, cólica, febre, geração do hábito intestinal, principalmente para a diarreia, emagrecimento, anemia e alterações de imunidade que vão provocar outras doenças.

É difícil um paciente com doença inflamatória intestinal não procurar ajuda ou não procurar diagnóstico porque realmente os sintomas são bastante desconfortáveis. Eles não tendem a melhorar sem uma conduta terapêutica médica adequada.

Além do tratamento medicamentoso, é necessário um acompanhamento nutricional. Como mencionei no começo da nossa conversa, trata-se de uma patologia que altera extremamente a capacidade do intestino absorver os nutrientes. Também como os sintomas têm muita relação com diarreia, cólicas e estofamento, precisamos fazer uma alteração do que está sendo ingerido pelo paciente no momento da crise, porque alguns alimentos vão piorar os sintomas.

Quando recebo um paciente no consultório com doença inflamatória intestinal, a primeira frase que eu costumo dizer é o seguinte: você não tem uma dieta estabelecida para o resto da sua vida a partir do momento que você teve diagnóstico. Existe uma dieta para o momento da crise, onde a inflamação está acontecendo e existe uma dieta para o momento de remissão, onde o intestino não está inflamado.

No momento da crise e do processo inflamatório agudo, precisamos evitar todos os alimentos que são fermentativos, pois a maior produção de gases naquele momento vai piorar a cólica, e consequentemente agravar o estado nutricional desse paciente. Precisamos evitar leite, feijão, carnes vermelhas, excesso de doces, trigo em alguns casos, até que o medicamento faça efeito e todos os sintomas venham a melhorar.

Outro cuidado importante é com as fibras alimentares. Se o indivíduo está com diarreia, é bastante importante não consumir frutas com bastante fibra insolúvel, como maçã, laranja, abacate, porque isso só vai piorar a diarreia.

Passado o processo inflamatório, o paciente pode alimentar-se normalmente. Isso é importante para que ele consiga melhorar o seu estado nutricional e futuramente, existindo a possibilidade de uma nova crise. O paciente pode estar bem nutricionalmente para aguentar todo o processo de inflamação.

Existe a necessidade do paciente com doença inflamatória intestinal ter um acompanhamento nutricional para que sejam avaliadas todas as deficiências decorrentes da má absorção. É feita uma avaliação de toda a composição corporal com relação à proporção de massa muscular e de perdas musculares durante o emagrecimento, e também é feita a reposição de todas as vitaminas que vão auxiliar na recuperação da imunidade do indivíduo.

Existem também suplementos específicos para modulação da flora, como probióticos e glutamina, que vão auxiliar além da reposição proteica, a auxiliar na recuperação do quadro nutricional, da força, da resistência física e principalmente, na modulação do intestino para que ele tenha a capacidade de absorver novamente esses nutrientes que no momento da inflamação ele não tinha capacidade.

Você que tem esse quadro de doença inflamatória intestinal, lembre-se dessa dica para que você tenha uma capacidade de imunidade suficiente para evitar crises de repetição da sua doença. É importante estar nutricionalmente bem acompanhado. Só assim você terá menos crises e necessidade de tanta medicação. Comece já a prestar atenção nesse detalhe.

Espero que as dicas tenham sido válidas. Até a próxima!

Fonte: E agora, Carol? – Doenças inflamatórias intestinais por Medicina & Saúde