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Doenças infecciosas em animais domésticos: Actinobacilose ou Língua de Pau – Parte 1

O actinobacilose é uma doença que pode ter vários outros nomes, que a gente chama de sinônimos, como língua de paulíngua de madeira, doença do potro sonolento, pleuropneumonia suína, sepsemia, entre outros, e também poliartrite dos potros. É uma doença infecciosa que causa nódulos cutâneos, linfáticos e em tecidos moles, afetando principalmente a cavidade oral e órgãos. O agente etiológico é a bactéria do gênero actinobacillus e tem distribuição no mundo todo, mas a ocorrência é esporádica.

A actinobacilose é causada por bactérias do gênero actinobacillus e tem várias espécies, inclusive espécies patogênicas. Essas bactérias têm as seguintes características em comum: são cocobacilos gram-negativos, imóveis, não formam esporos, mas têm cápsula, fibras e estimulam citocinas. O habitat da bactéria que causa a actinobacilose é a mucosa dos animais e, dentre os animais, são suscetíveis principalmente os bovinos, ovinos e caprinos, mas também os equinos, suínos e animais silvestres. Em cães, a doença é rara.

Em relação à epidemiologia da actinobacilose, essa doença não apresenta predisposição etária e racial, ou seja, pode acometer animais de todas as idades e raças igualmente, mas costuma ser mais frequente em filhotes em fase de troca de dentes, as erupções dentárias e consequente inflamação periodontal favorecem o estabelecimento do microrganismo na cavidade oral. Outros fatores que predispõem o animal à doença são lesões diversas no tecido cutâneo e a deficiência de mineral na alimentação sem suplementação, estimulando assim que o animal tenha apetite depravado, se alimentando de forragens grosseiras, que podem causar ferimentos na boca e facilitar a invasão pela bactéria. A doença é mais comum em regiões brasileiras onde o clima seco e baixa pluviosidade prevalecem e nessas condições, a qualidade e disponibilidade de pastos e forrageiras em ovinos e bovinos, a ocorrência pode ser endêmica ou em surto, afetando pelo menos 25% de todo o plantel. Já em outras espécies, os casos costumam ocorrer de forma isolada.

A transmissão da actinobacilose ocorre após traumas e também após infecção de umbigo. Os traumas consistem em ferimentos que são provocados, por exemplo, por corpos estranhos, pastos ressecados, forragens grosseiras ou fibrosas, pontas agudas, como por exemplo as plantações de soja e arroz, porque depois da colheita dessas plantações só resta nos talos grosseiros e os animais costumam ingerir e assim se machucar. Também é possível a transmissão após outro trauma por mordedura de outro animal contaminado por que a bactéria habita mucosa desses animais.

Em relação à patogenia da doença, a actinobacilose ocorre da seguinte maneira: a bactéria primeiro penetra no organismo do animal por uma das vias de transmissão que mencionamos ou seja, pelas mucosas ou por tecidos cutâneos, e também suas características, as características do agente etiológico ajudam essa bactéria, como por exemplo, a presença de fibras e cápsula e também estimulação de citocinas inflamatórias, porque, por exemplo, as fibras ajudam a bactéria se aderir à célula-alvo, a cápsula já dificulta a fagocitose pelas células de defesa e, por fim, as citocinas liberadas devido ao seu estimular causam uma inflamação intensa, causando a destruição tecidual. A partir de então, ocorre a sua disseminação pelas vias linfática e sanguínea, causando as alterações nos linfonodos e também nos órgãos atingidos. Inclusive, dependendo do órgão afetado, a bactéria vai causar sintomatologia diferente. Ela principalmente causa pneumonia, meningoencefalite, poliartrite, nefrite, hepatite, peritonite e enterite. As lesões progridem para fístulas por lentos com ou sem palavras, que são mesmo que grumos, ou seja, o mesmo que grupo. A doença pode ser ainda pior caso actinobacillus tenha acompanhia de outras bactérias, ou seja, ocorrem coinfecções. O que essas outras bactérias fazem é propiciar uma disponibilidade maior de oxigênio e CO2, cujas condições são favoráveis ao desenvolvimento do actinobacillus, uma vai propiciando o maior desenvolvimento e multiplicação da bactéria.

Fonte: ACTINOBACILOSE OU LÍNGUA DE PAU – parte 1 (doenças infecciosas dos animais domésticos) por Liga ANIMALISTA