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Cuidado com pessoas com Alzheimer: o descaso – Ana Beatriz Barbosa

Oi Polly ou opinions vai falar aqui ó meu avô tem Alzheimer e teve que ser internado no ano passado por conta de uma pneumonia e fiquei chocada com o desespero com que preparamos com a doença para ele. Era desesperador estar em um local estranho e a equipe médica demonstrava uma impaciência absurda, muito triste é você ver. O seguinte é quem tem Alzheimer é em geral morre de pneumonia porque a degeneração do cérebro começa com a perda de memória, aquela orientação e depois vai comprometendo a deglutição. Na fase um pouco mais final você é a mesma área que vaidificultando o andar, dificultando o reconhecimento das coisas. Eles botam comida na boca esquece de engolir literalmente e às vezes o que que acontece essa comida tá ali de repente passa por pulmão oi oi velho descer para o caminho vai ficar meio errado. Então é muito comum você ter a complicação da pneumonia. Tem que ter aquela paciência de botar o paciente sempre para sentar, dar comida na boca, esperar. Tem que ser sentado, nunca deitado. Às vezes, bati no hospital para tratar pneumonia porque solda comida deitado.

Assim, é isso que eu digo que por mais que a medicina esteja evoluindo em máquinas em hospitais e hospitais hoje que são verdadeiros hotéis, né? Você se sente lá tem computador, tem não sei que tem sala de espera. Mas se a gente lembrar que por trás de toda essa tecnologia tem que ter o ser humano para manipular, a gente tem que entender de gente, gente. Porque a gente fala tanto de sustentabilidade, não é? O que a gente tem que criar é o ser humano sustentável. Ser humano sustentável é esse que tem que olhar as pessoas, caso não é o seguinte possível amanhã.

Eu sempre digo assim: eu quero ser uma velhinha que as pessoas gostem de cuidar. Eu quero ser aquela velhinha, mesmo que enfermeiro, que enfermeiro não sabe, mas eu quero sorrir, aquela pessoa saber que me dá uma energia boa. Eu não quero ser uma velhinha ranzinza. Eu peço a Deus que não me permita isso, porque assim é. É isso que a gente leva. Eu tive uma paciente de Alzheimer que chegou um ponto que não me reconhecia mais e me adorava. Marlene.

E aí, ela chegou já caminhando muito mal, deglutindo muito mal, e o marido foi levá-la. Aí eu falei: “Poxa, não precisava eu ir em casa não. Eu quis sair com ela um pouquinho que ela não tá saindo muito.” Aí Luisa para mim: “Aí, você lembra quem tá aqui?” Ela olhou, sorriu, falou assim: “Eu não o seu nome, mas é tão bom olhar para você porque a pessoa não esquece a maneira como você olha ela.” É isso que falta para acalmar uma pessoa. Né que chega ali no hospital me abandonou no olhar humano, esse tá falando besteira ouvir o teu não porque eu quero me atacar não.

Mas a gente aqui vai te proteger. Olha pega que minha mão, confia em mim, olha para mim. Se eu me leva, meu pai, são coisas que você tem que fazer porque um dia você vai precisar que façam por você. Eu acho que as pessoas hoje não têm essa noção. E todos nós hoje estamos vivendo muito mais, então vamos precisar muito mais. Fiquei muito fácil pensar a vida agora com 3120, mas essas pessoas que hoje têm 20 vão chegar, pelo menos a tempo, e nós que estamos, se a gente não fizer grande besteira, Júlia, ela aí 80, 90, e vai depender de pessoas.

Então, assim, se a gente não preparar pessoas para lidar com pessoas, se a gente não fizer gente ser humano sustentável, vai ter valido a pena nada. A gente vai tá andando de foguetinho, a gente vai estar fazendo isso tudo e a gente vai tá tratando as pessoas assim, ou então botando o garoto esquizofrênico numa câmera de tortura. Né, aquilo parecia uma coisa nazista de uma câmera de trás.

Fonte: O DESCASO AO CUIDAR DE PESSOAS COM ALZHEIMER – ANA BEATRIZ BARBOSA por Cortes do Inteligência [OFICIAL]