Pular para o conteúdo

Patogenicidade bacteriana: conceitos fundamentais e aulas com o Prof. Alexandre Funck

Patogenicidade Bacteriana

Olá! Seja bem-vindo a mais um vídeo de microbiologia. Hoje, discutiremos sobre a “patogenicidade bacteriana”. Vamos começar?

A patogenicidade bacteriana é considerada como um processo pelo qual as bactérias são capazes de ocasionar doenças, bem como suas manifestações clínicas entre hospedeiros suscetíveis. As bactérias patogênicas são classificadas como: primárias e oportunistas.

As “bactérias primárias” são aquelas capazes de ocasionar doenças nos indivíduos normais. Já as “bactérias oportunistas” são aquelas que, membros da microbiota normal do organismo, acabam causando doenças em indivíduos cuja imunidade encontra-se debilitada.

Entre os principais conceitos envolvidos na patogenicidade bacteriana, destacamos:

  • Patologia – É o estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais nas células, tecidos e órgãos que visa explicar os mecanismos de surgimento dos sinais e sintomas das doenças.
  • Patogênese – Também conhecida como patogenia é a análise da causa ou origem das patologias e das circunstâncias que têm influência no seu desenvolvimento.
  • Violência – É uma medida quantitativa da patogenicidade, sendo determinada pelo número de microrganismos requeridos para causar uma doença.
  • Fatores de virulência – São estruturas, produtos ou até mesmo estratégias que contribuem para que os microrganismos aumentem sua capacidade de causar doenças.
  • Infecção – É a invasão e multiplicação de microrganismos no interior de células e tecidos de um ser vivo.
  • Doença – É um conjunto de sinais e sintomas específicos que afetam o ser vivo alterando seu estado normal de saúde.

Um outro ponto que eu considero interessante é entendermos os “níveis de biossegurança” que os laboratórios, principalmente de pesquisa, podem apresentar.

Existem “quatro níveis de biossegurança” dentre os laboratórios, sendo eles:

  1. O nível de biossegurança 1 é o nível de contenção laboratorial que se aplica aos laboratórios de ensino básico.
  2. O nível de biossegurança 2 se aplica aos laboratórios de análises clínicas ou hospitalares de diagnóstico.
  3. No nível de biossegurança 3 deve ser mantido um controle rígido quanto a operação, além do pessoal técnico ter de receber treinamento específico.
  4. Finalmente nos laboratórios de biossegurança nível 4, a contenção é máxima e do mais alto nível, representando uma unidade geográfica e funcional independente de outras áreas.

O caráter patogênico de uma bactéria é conferido pelos chamados “fatores de virulência”. Entre os principais fatores violência, estão: invasão, penetração, siderófilos, exotoxina, endotoxina e evasão.

A “adesão” das bactérias às mucosas do hospedeiro é fundamental para o processo infeccioso por permitir que esses microrganismos escapem dos processos defensivos, tais como, das mucosas ciliadas ou do peristaltismo intestinal, permitindo assim, a colonização do tecido ou das mucosas pelas bactérias.

A “aderência” entre o patógeno e o hospedeiro ocorre por meio das moléculas chamadas adesinas. Essas moléculas estão presentes em estruturas bacterianas, como a cápsula, pili e mesmo as fímbrias.

Em relação à “invasão”, diversas bactérias acabam adquirindo a habilidade de invadir diferentes células do organismo. A maioria das bactérias acaba penetrando na célula por meio da fagocitose. Estas bactérias apresentam certas substâncias protéicas denominadas “invasinas”. As invasinas agem sobre o citoesqueleto da célula não fagocítica fazendo com que estas acabem por emitir projeções membranares que irão interiorizar os microrganismos.

O ferro é um elemento essencial para o crescimento da maioria das bactérias, entretanto, como a quantidade de ferro livre no corpo humano é pequena, as bactérias acabam produzindo uma substância de origem proteica, denominada: siderófilos. Os “siderófilos” são compostos quelantes de ferro que ajudam a bactéria a obter esse mineral no organismo do hospedeiro.

As “exotoxinas” agem destruindo certas partes das células do hospedeiro ou mesmo inibindo a sua ação metabólica. Em relação aos seus efeitos nos tecidos, estes são altamente específicos e estas substâncias estão entre as mais letais. As doenças ocasionadas por bactérias produtoras de exotoxinas geralmente são ocasionadas por pequenas quantidades dessa substância e não pela bactéria propriamente dita. Como exemplo, tem-se o “botulismo” que ocorre pela ingestão da exotoxina (toxina botulínica) e não pela infecção bacteriana.

As “endotoxinas” são substâncias encontradas no interior das células. Certos antibióticos agem promovendo a lise citoplasmática e a consequente liberação dessas endotoxinas para o meio. Isto faz com que haja uma piora rápida nos sintomas de determinados pacientes. As endotoxinas são substâncias capazes de causar febre, fraqueza, dores, choques e vaso dilatação. Em grandes quantidades esta substância pode levar a uma septicemia e consequentemente a morte.

A despeito de todo o esforço que o sistema imunológico faz para promover a destruição das bactérias, muitos desses microrganismos acabam produzindo substâncias denominadas “evasinas”. Essas são capazes, muitas vezes, de controlar e mesmo bloquear a resposta imune inata e a resposta imune adaptativa.

Na fotografia a seguir, iremos demonstrar uma série de mecanismos de defesa do hospedeiro para combater as infecções:

  • A lisozima das lágrimas dissolve as paredes celulares;
  • A microbiota normal compete com os patógenos;
  • A pele é uma barreira física que produz ácidos graxos antimicrobianos e sua microbiota inibe a colonização dos patógenos;
  • A alteração do pH inibe o crescimento microbiano;
  • O fluxo de urina impede a colonização por parte das bactérias;
  • A rápida passagem de ar dos cílios da nasofaringe removem os microrganismos;
  • O muco e cílios que revestem a traqueia movem os microrganismos para fora do corpo;
  • Proteínas sanguíneas inibem o crescimento microbiano;
  • O muco e os fagócitos dos pulmões impedem a sua colonização;
  • A acidez estomacal inibe o crescimento microbiano;
  • A microbiota normal também compete com os patógenos.

Bem pessoal era isso que eu gostaria de falar para vocês nessa breve revisão sobre patogenicidade bacteriana. Espero que vocês tenham entendido o tema e nos veremos em uma próxima oportunidade. Até mais!

Fonte: PATOGENICIDADE BACTERIANA – PROF. ALEXANDRE FUNCK por Alexandre Funck