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A Contaminação por Etilenoglicol em Lotes de Macarrão
Bem-vindos ao maior canal de saúde renal do YouTube Brasil, com foco na prevenção. Eu sou o Dr. Roberto Galvão e hoje vou comentar com vocês a respeito da contaminação de lotes de macarrão por uma substância muito tóxica chamada etilenoglicol, que traz sérios danos aos rins, ao fígado e até ao cérebro.
Você deve estar se perguntando como essa substância foi parar dentro dos alimentos. Para responder a essa questão, primeiro, preciso explicar o que é o propilenoglicol, um tipo de ácido orgânico amplamente utilizado pela indústria alimentícia nas últimas décadas. Ele possui várias funções úteis na confecção dos alimentos, como carrear uma emulsão líquida de chocolate, atuar como conservante preservando formatos e cores em frutas cristalizadas e como glaciantes, dando brilho e um acabamento final em chocolates. Além disso, o propilenoglicol tem uma função umectante, proporcionando umidade em bolachas, biscoitos e outros produtos. Ao pensar nisso, lembramos do pão de mel e do alfajor, que são molhadinhos quando mordidos. O propilenoglicol é uma substância compatível com o corpo humano, não causando nenhum tipo de toxicidade, sendo amplamente validado pela Anvisa e pelo FDA americano.
Porém, o problema surge quando ocorre a contaminação por etilenoglicol, um álcool orgânico muito tóxico que jamais deve ser ingerido por seres humanos e animais de estimação. O etilenoglicol é amplamente usado na indústria de forma geral, em produtos como detergentes, solventes, tintas e no líquido cor-de-rosa do radiador do carro, que além de ser um lubrificante para evitar ferrugem, também tem propriedades anticongelantes, sendo utilizado em países com temperaturas abaixo de zero. Caso alguém ingira acidentalmente essa substância, é recomendável que seja levado imediatamente ao hospital ou veterinário para fazer uma desintoxicação.
Os efeitos tóxicos do etilenoglicol variam, sendo os principais no sistema nervoso central. Inicialmente, o paciente pode apresentar sintomas semelhantes aos de embriaguez, como confusão e sonolência. Com o passar do tempo, os sintomas podem evoluir para coma, convulsões e até morte. No caso dos rins, o etilenoglicol pode causar a deposição de Oxalato de cálcio, formando cristais nos túbulos renais, o que pode levar a necrose tubular aguda, insuficiência renal e até necessidade de diálise. Sobreviventes podem apresentar sequelas neurológicas, como problemas de mobilidade, consciência e cognição, além de doença renal crônica, com ou sem necessidade de diálise.
Resta ainda uma questão: como o etilenoglicol acaba dentro dos alimentos? Para responder a essa dúvida, entrei em contato com o meu grande amigo, professor de química, Sérgio. Ele explicou que, na produção do propilenoglicol, pode ocorrer a contaminação com etilenoglicol como um subproduto das reações químicas. Durante a síntese do composto, são necessários processos de separação e purificação para obter apenas o produto desejado. No caso da contaminação de cervejas, como ocorrido com a Cervejaria Backer em Minas Gerais no ano de 2020, o problema foi diferente. O propilenoglicol não entra na cerveja, mas o etilenoglicol e o dietilenoglicol, substâncias anticongelantes, foram utilizados no processo de resfriamento, levando à contaminação devido a um vazamento.
Nesse sentido, a forma de evitar esse tipo de intoxicação é bastante difícil. O ideal seria parar de consumir produtos industrializados, porém, isso é praticamente impossível nos dias de hoje. O conselho que posso dar é procurar produtos de empresas conhecidas e famosas, que possuem controle de qualidade muito alto e nunca foram envolvidas em casos de contaminação. Grandes multinacionais podem ter problemas, mas a chance de escândalos desse tipo é muito pequena. Para pequenos empreendedores, donos de restaurantes ou fábricas de alimentos, é essencial focar na segurança alimentar e no controle de qualidade dos produtos, buscando fontes confiáveis de propilenoglicol.
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Fonte: VENENO Alimentício que Causa Insuficiência RENAL, COMA e MORTE por Nefrologista