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Urocultura: conceito, indicações e importância | Prof. Alexandre Funck

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Cultura de Urina e Diagnóstico de Infecções Urinárias

Olá! Seja bem-vindo a discussão de mais um tema relacionado a microbiologia. Hoje, falaremos sobre a cultura de urina e sua relação com o diagnóstico das infecções urinárias. Como será que as culturas de urina são realizadas? É o que veremos logo após a vinheta. Vamos começar?

A cultura de urina, também chamada urocultura, é um exame laboratorial que tem como objetivo identificar as bactérias causadoras das infecções das vias urinárias. Como os rins e a bexiga são locais estéreis, ou seja, sem microrganismos presentes, a identificação de uma bactéria na urina costuma ser um forte indicador de infecções do trato urinário (ITU’s), normalmente acompanhadas de uma resposta inflamatória aguda e sintomática.

A urocultura é um exame simples que é feito a partir de uma amostra de urina que deve ser coletada e armazenada em um recipiente adequado, ou seja, estéril e que normalmente é fornecido pelo laboratório. Para realização da coleta, e eu quero chamar atenção especial para essa etapa, é necessário primeiro, realizar a higienização da genitália (com água e sabão) para em seguida, secar com o auxílio de uma gaze estéril.

Agora atenção! Preferencialmente a urina deverá ser a primeira do dia, sendo coletada a partir do jato médio, ou seja, a pessoa irá desprezar o primeiro jato de urina colhendo apenas o jato intermediário. Esse procedimento é realizado para impedir que material contaminante presente na uretra contamine a amostra.

As infecções do trato urinário, como cistite e pielonefrite, são na sua maioria de origem bacteriana, sendo a Escherichia coli o principal agente microbiano envolvido neste tipo de infecção. Gostaria, no entanto, de chamar a atenção para um erro muito comum que é o de se fechar o diagnóstico de infecção urinária, baseando-se apenas nos resultados do exame de Urina Tipo 1 (EAS), o que muitas vezes, acaba por submeter o paciente a tratamentos desnecessários com antibióticos apenas por ter sido identificada a presença de leucócitos, ou devido a uma discreta hematúria.

A cultura de urina pode ser realizada utilizando-se tanto meios específicos colocados em placas de Petri dos mais variados tamanhos, como pelo uso de laminocultivos, que pela sua praticidade permite o rápido isolamento e identificação da bactéria infectante.

O procedimento da urocultura em lâmina cultivos é extremamente simples. Após homogeneização da urina, o meio pode ser semeado de três maneiras: por imersão direta da lâmina na urina; derramando-se a urina na superfície do meio; e com o auxílio de um swab estéril. Particularmente acho que o ato de mergulhar a lâmina de cultivo no frasco de urina o modo mais prático de se processar a semeadura.

A seguir, incuba-se o meio de cultura em estufa bacteriana a uma temperatura de 35ºC, entre 18 e 24 horas. Os laminocultivos são na maioria das vezes constituídos por três meios distintos, sendo eles: o meio de CLED, o meio MaConkey e o meio cromogênico. Cada um desses meios tem uma função específica que irá determinar a identificação da bactéria.

Começaremos pelo meio CLED. Após a incubação, caso ocorra crescimento bacteriano, deve-se proceder a contagem das colônias diretamente neste meio. Isto é feito comparando o crescimento obtido (por aproximação visual) com um gabarito, igual a esse que você está vendo. Consideramos uma urocultura positiva, quando se tem a identificação de mais de 100.000 unidades formadoras de colônias por mL.

Agora atenção! O meio de CLED, por ser muito pouco seletivo, permitirá o crescimento tanto de bactérias Gram-positivas, como também de bactérias Gram-negativas. Já o meio MaConkey é seletivo e diferencial para bacilos Gram-negativos, permitindo assim a leitura da fermentação da lactose. Por fim, temos o meio cromogênico. Geralmente, esse meio é seletivo e diferencial para a bactéria Escherichia coli, que irá se revelar através de uma coloração característica, de maneira que, a interpretação do resultado torna-se bastante simples.

Veja! Se houver crescimento bacteriano no meio CLED e não houver crescimento nos meios MacConkey e cromogênico, trata-se de bactéria Gram-positiva. Neste caso, deve-se proceder a continuidade dos testes, como por exemplo, pela prova da catalase, utilizada para identificar a bactéria. Agora, caso haja crescimento bacteriano nos meios CLED, MacConkey e cromogênico, mas sem a formação de colônias características de Escherichia coli, trata-se de bactérias Gram-negativas (mas não E.coli). Neste caso, deve-se dar continuidade ao diagnóstico, como por exemplo, através da prova do IAL para identificar o gênero bacteriano.

Por fim, caso haja crescimento bacteriano no meio CLED, no meio MacConkey e no meio cromogênico, mas agora com formação de colônias características de Escherichia coli, trata-se, então, dessa bactéria. Não havendo neste caso, a necessidade de se proceder a continuidade dos testes.

Bem pessoal e era isso que eu gostaria de falar com vocês nessa semana. E se gostaram do vídeo, chegou a hora de pedir seu like e, se possível, a sua inscrição nesse canal que é “NOSSO” e que serve tão somente para propagar conhecimento científico. Vejo vocês em uma próxima oportunidade. Até mais!

Fonte: CULTURA DE URINA (UROCULTURA) – PROF. ALEXANDRE FUNCK por Alexandre Funck