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Tumor Medular: Conheça Minha História de Superação

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Assim, de repente…

Alguém te contou que você tinha uma doença…

Que talvez você nunca mais voltará a sentar…

Ou até mesmo mexer seus braços…

O que você faria? Como você se sentiria?

Eu me chamo Maia, tenho 30 anos e, como muitos de vocês, eu vivia uma vida como se ela fosse eterna…

Como se eu nunca fosse morrer…

Com o cenário de mim mesma fosse acontecendo…

E nessa minha vida, eu nunca achava tempo para me cuidar…

Eu trabalhava muito, estudava muito, tinha muitos sonhos, objetivos…

E de uma hora para outra, eu nem vi a minha vida virar de ponta cabeça…

No início do ano de 2018, eu tomei uma decisão de me cuidar…

Há muitos anos, eu andava acima do peso e eu tinha decidido que naquele ano eu ia mudar tudo isso…

Porque eu já estava me sentindo um pouco cansada e tinha dificuldade de fazer algumas coisas…

Então, eu decidi me cuidar…

Foi aí que eu me matriculei em uma academia e comecei a me exercitar…

Durante os exercícios, eu comecei a sentir um pouco de dor…

Eu não levei muito a sério e eu achava que era por conta mesmo dos exercícios…

Entretanto, isso começou a ficar cada vez pior…

Eu comecei a sentir mais dores e simplesmente não conseguia mais me movimentar…

Fui algumas vezes na emergência e eles sempre me davam o mesmo diagnóstico…

“É só uma inflamação muscular, por conta do seu trabalho com o computador, ou por dirigir…”

E assim, eu estava tomando vários remédios…

Até que eu comecei a não conseguir mais dormir à noite, ter muitas dores…

E foi aí que, em uma das minhas idas à emergência, eu também relatei ao médico que eu estava perdendo um pouco da força no braço esquerdo…

E também sentia uma espécie de choque sempre que eu tossia ou espirrava…

E aí, o médico me orientou a procurar um especialista, um neurocirurgião, porque ele falou pra mim que provavelmente eu estava com algum tipo de problema na coluna…

Quando eu procurei o neurocirurgião, no começo de maio, ele me solicitou que eu fizesse uma ressonância… E nessa ressonância acusou que eu estava com um tumor intramedular…

Quando recebi a notícia pelo médico, eu lembro que eu questionei muito ele sobre quais eram os riscos da cirurgia, quais eram os tratamentos, se existiam tratamentos alternativos…

E ele foi extremamente incisivo ao dizer para mim que a única solução era a cirurgia e que, infelizmente, ele não conseguiria fazer uma biópsia ou algum outro tipo de exame para identificar qual é o tumor…

Ele falou que era necessário abrir minha coluna e tentar me operar…

Foi no dia 28 de junho que eu entrei no centro cirúrgico…

Realizei a cirurgia, que durou em torno de 11 horas mais ou menos…

E durante essa cirurgia, o médico relatou posteriormente que ele conseguiu retirar totalmente o tumor…

Ele já estava em torno de 15 centímetros…

Era um tumor do tipo ependimoma grau 2…

Como o tumor era localizado na medula, foi necessário realizar o monitoramento durante toda a cirurgia…

Para verificar se os sinais que eram emitidos no cérebro, que passavam pela medula, estavam chegando corretamente aos meus membros…

Porque qualquer coisa, eu poderia ter uma lesão medular e perder definitivamente os movimentos…

E durante a cirurgia, um desses monitoramentos acusou que existiam um problema e eu poderia ter algum tipo de sequela…

Mas, conversando com os médicos, ele acreditava que eu poderia me recuperar após a cirurgia…

No dia seguinte, o médico me deu a notícia de que tinha tudo corrido bem, que ele tinha conseguido fazer a cirurgia…

Porém, eu tive essa complicação…

Eu acredito que, durante todo esse processo, eu nunca tive medo de morrer…

Acho que meu maior medo era ter que ficar dependente das pessoas…

Eu sempre fui uma pessoa muito independente na minha vida…

Eu sempre me virei sozinha…

E aí, depois da cirurgia, um dos meus maiores medos… Todos se tornou realidade…

Eu virei um bebê…

Eu simplesmente não conseguia me mexer…

No começo eu até engasgava porque não conseguia ficar sentada…

Eu usava fralda…

Não tinha o controle do meu corpo, então não conseguia controlar o xixi, número 2…

Fiquei usando fralda…

Precisava de ajuda para tomar banho…

E eu me vi numa situação de extrema dependência…

Mas eu posso dizer que foi nessa situação que eu mais cresci…

Após um ano da cirurgia, eu posso dizer que não foi fácil…

Passar por esse processo é doloroso…

Foi difícil para mim… Foi difícil para a minha família…

Mas tudo isso só fez a gente se aproximar mais, se amar mais…

Dar valor a cada momento, a cada pessoa…

Coisa que pode parecer pequena para muita gente…

Deve dar valor à presença das pessoas ao nosso redor…

Então, eu decidi compartilhar com vocês essa minha história…

Porque eu sei que tem muitas pessoas passando por coisas parecidas…

Com alguma doença, ou talvez não uma doença da pessoa, mas de alguém da família…

Ou às vezes a gente está passando por um momento difícil no nosso trabalho, na nossa casa, com a nossa família…

E mesmo depois de tantas dificuldades, tantas lutas…

Eu ainda posso dizer que é muito bom te-la aqui hoje…

Após um ano da cirurgia, ainda não estou recuperada…

Eu ainda estou em recuperação…

Muitas coisas eu ainda não consigo fazer…

Mas eu sou grata por cada pequeno passo que o dia me proporciona…

E depois de tudo isso que eu passei, eu percebi o quão é importante a gente valorizar as pessoas que estão à nossa volta…

A valorizar nossa vida…

A valorizar cada pedacinho de tempo que a gente tem…

Porque esse tempo, ele não volta nunca mais…

A gente nunca mais vai poder viver esse segundo que se passou na vida da gente…

Ela é muito curta pra gente desperdiçar…

Mas ela também é muito longa pra gente viver de forma medíocre…

Seja grato pelas coisas boas e pelas coisas ruins da sua vida…

Porque são nos momentos de dificuldade que você vai se encontrar, que você vai se fortalecer…

São esses momentos que vão ficar marcados na sua memória…

Que vão fazer parte da sua história…

Fonte: Minha História – Tumor Medular por Nay Rodrigues