Tratamento de Aneurisma de Aorta Abdominal: Clínica Médica Especializada

Aneurisma de Aorta Abdominal

Olá, bem-vindos ao podcast de Clínica Médica da Universidade Federal Fluminense. Meu nome é Ronaldo Demônio. Gostaria de lembrar a todos que esse material é destinado exclusivamente a médicos e estudantes de medicina e não deve ser utilizado por profissionais de outras áreas.

Hoje vamos discutir o tema do aneurisma de aorta abdominal. Os aneurismas são, por definição, a dilatação do vaso em que ele fica com mais de cinquenta por cento acima do seu diâmetro normal. Eles podem ser congênitos ou adquiridos na aorta abdominal. A grande maioria é adquirida e a causa mais comum da sua localização é a aterosclerose. Por isso, o aneurisma está relacionado aos fatores de risco para aterosclerose, como idade acima de 60-65 anos, sexo masculino, tabagismo, hipertensão, dislipidemia e diabetes.

A localização mais comum do aneurisma é na aorta infra-renal, mas é raro nessa localização que a abordagem intervencionista tenha menos complicações. A maioria dos aneurismas é assintomática e é descoberta em exames de rotina ou por outros motivos. No entanto, o aneurisma pode se apresentar com dor, que geralmente está relacionada à expansão do aneurisma e representa um risco maior de ruptura. A ruptura do aneurisma é uma catástrofe médica e uma das maiores emergências que temos, com uma alta taxa de mortalidade.

O aneurisma também pode infectar-se, formar coágulos sanguíneos e causar fenômenos embólicos em outros órgãos. O diagnóstico do aneurisma pode ser feito através do ultrassom, que é melhor como rastreamento, ou pela angiotomografia, que possui uma resolução anatômica excelente. Atualmente, a arteriografia fica reservada para quando se decide intervir.

Todo paciente com um aneurisma de aorta abdominal, independente de seu tamanho, precisa receber tratamento clínico. Isso envolve a interrupção do tabagismo, o controle dos fatores de risco para aterosclerose, o uso de estatinas para redução do colesterol e antiagregantes plaquetários para prevenção de eventos cardiovasculares.

Se decide intervir, é preciso avaliar o risco cirúrgico do paciente, considerando tanto o risco do procedimento em si, como infecção e sangramento, quanto o risco sistêmico, já que muitos pacientes são coronariopatas e têm alto risco de infarto ou AVC. É importante fazer uma avaliação clínica minuciosa antes da intervenção cirúrgica.

O tratamento do aneurisma pode ser realizado de duas formas: a cirurgia tradicional, que possui ótimos resultados a longo prazo, mas tem a desvantagem de aumentar o risco de infarto e AVC, e a opção endovascular, que é menos invasiva, porém a durabilidade nem sempre é garantida.

Para os casos em que a aorta proximal está comprometida, como acometimento das artérias renais e toracoabdominal, a colocação de um stent ou a cirurgia torna-se mais complexa, pois é necessário garantir o fluxo sanguíneo para todos os órgãos supridos por essas artérias.