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Olá, bem-vinda mais uma aula do curso de introdução à doença de Alzheimer para agente comunitário de saúde. Agora é hora de fazer um aspecto bastante interessante e pode soar até controverso: por que fazer o tratamento da doença de Alzheimer? Mas você vai perguntar: como assim? Essa doença não tem cura. Pois é, mas tem tratamento, e bastante. Vou mostrar agora para vocês porque é importante tratar um paciente com Alzheimer.

Primeiro, porque quanto mais cedo a gente tratar o paciente com Alzheimer, oferecer as medicações e fazer toda a abordagem que é de prevenção, a gente consegue preservar o que a funcionalidade consegue fazer, com que o paciente viva por mais tempo cuidando de si próprio. Conseguindo, por exemplo, se alimentar e tomar banho sozinho, e ir ao banheiro sozinho. Quanto mais tempo o paciente conseguir fazer isso, melhora sua qualidade de vida e melhor também fica para quem está cuidando dele, como a gente sabe, uma tarefa nada fácil.

Outro motivo que nos leva a tratar os pacientes com Alzheimer é justamente porque o tratamento reduz muito os chamados sintomas comportamentais. Logo mais eu vou explicar para vocês que a doença de Alzheimer dá trabalho para a família, ela piora a qualidade de vida das pessoas, não só por causa de problemas de memória, mas também porque ela ocasiona uma série de alterações de comportamento. E tratando o paciente com Alzheimer ou reduzo os sintomas comportamentais.

Um outro motivo é justamente a questão financeira. Há indícios muito fortes que mostram que o paciente, quando ele é tratado, acaba gerando menos custos para a família. O paciente, quando é tratado, acaba gerando menos custos do sistema de saúde também. Então é importante que a gente trate o Alzheimer para reduzir os custos. São pacientes que, quando não tratados, internam bastante, procuram muitas vezes emergência, e são cuidados que podem ser prevenidos.

Além disso, um aspecto fundamental diz respeito à qualidade de vida. Os cuidadores desse paciente com Alzheimer, quando eu ofereço o tratamento para o paciente com Alzheimer e reduzo muito o adoecimento de quem cuida dele. Então esses são os motivos que nos levam a tratar o paciente com Alzheimer.

O tratamento, como vocês vão ver, não consegue muitas vezes reverter o quadro. A gente não tem como reverter o quadro de cognição e de funcionalidade, porque o paciente tem uma doença que não tem cura, uma doença que vai se desenvolver. Porém, consegue fazer com que essa perda de funcionalidade seja mais lenta. É muito importante quando eu falo em tratar o paciente com Alzheimer ter um visão bastante ampla. Um paciente geralmente também tem pressão alta, que tem diabetes, tem alterações de colesterol, muitas vezes são sedentários, têm problemas nutricionais. Eles são tratados e tratados junto à família. Quando vocês ficarem sabendo que o paciente na microárea de vocês tem doença de Alzheimer, comecem a olhar também para quem está cuidando desse idoso com mais atenção, com mais carinho, com uma pessoa que também precisa entrar nesse cuidado e também está em risco de adoecer.

As características do tratamento

O tratamento da doença consiste nas seguintes etapas:

Quanto antes iniciar o tratamento, melhores são os resultados. Os resultados esperados são variáveis. Às vezes a gente consegue uma leve melhora, mas o grande objetivo do tratamento não é só melhorar, é estabilizar essa perda. O tratamento não é para reverter a memória do paciente e fazê-la voltar ao normal, mas sim para tentar manter um nível estabilizado pelo maior tempo possível.
Existem duas classes de medicação para o tratamento da doença de Alzheimer. Uma delas tenta aumentar a quantidade de neurotransmissores no cérebro, como a serotonina, que ajuda a diminuir a depressão. Outra classe de medicação tenta aumentar a circulação de acetilcolina no cérebro, como os chamados inibidores da acetilcolinesterase.
Além das medicações, também fazem parte do tratamento a reabilitação cognitiva e a estimulação física e nutricional do paciente.

O grande problema com essas medicações para tratar a doença de Alzheimer é que os pacientes, principalmente os familiares dos pacientes, não percebem o resultado que está acontecendo com ele. Quando damos um antibiótico para um paciente com pneumonia, a gente vai vendo que a febre vai saindo, que a tosse vai acabando, os catarros também diminuindo. Ótimo, o paciente está curado, a falta de ar passou. A doença é usada no tratamento e segue essa mesma linha. Um tratamento para estabilizar a queda do paciente. Mas os familiares não percebem isso, então acabam abandonando o tratamento.

Cerca de 40% dos pacientes que são prescritos medicações para Alzheimer abandonam o tratamento em um ano. Isso é um número muito grande de pacientes que não fazem tratamentos por mais de um ano. São diversos fatores que influenciam nessa não adesão da família. São expectativas exageradas quanto à medicação. Muitas vezes os familiares pensam que a medicação vai reverter muita coisa. Faz parte disso também a negação da doença, de um familiar não acreditar que o paciente com Alzheimer tem a doença e querer acreditar que é apenas um problema de memória normal relacionado à idade. E também é interessante entender que as medicações para Alzheimer são muito diferentes dos antibióticos, elas têm que ser usadas por longo período, por mais seis meses pelo menos, para ver o efeito que vai acontecer, e que depois mais tempo, mais anos.

O tratamento da doença de Alzheimer também envolve a questão de estimular o paciente a cuidar bem da sua saúde. Não adianta ficar dando medicação para o paciente se ele deixou a diabetes dele descontrolada. Temos que cuidar dos outros aspectos também, como um todo, e principalmente estimular com a devida orientação médica. É interessante também que vocês saibam que diversas doenças levam à doença de Alzheimer, como diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo. É muito importante, principalmente na fase inicial e fase moderada, estimular o paciente a acompanhar bem sua saúde.

Muito obrigado pela atenção e espero vocês na próxima aula!

Fonte: Como é o tratamento de Alzheimer? Dr. Minozzo Geriatra por Dr. Minozzo Médico Geriatra