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Tratamento da depressão pós-parto: dicas da psiquiatra Maria Fernanda Caliani

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A depressão pós-parto: como diagnosticar e tratar

Música instrumental de fundo

Olá pessoal, sou a doutora Maria Fernanda, sua médica psiquiatra, e estou de volta com mais um vídeo para vocês. Já fiz um outro vídeo anteriormente onde falei um pouco sobre a depressão pós-parto, ajudando a distinguir a diferença entre a depressão pós-parto e o baby blues. O baby blues é uma condição muito comum que afeta grande parte das mulheres que acabaram de ter um bebê. Hoje, gostaria de falar um pouco sobre os fatores de risco para o desenvolvimento da depressão pós-parto.

Estudos já mostraram que algumas mulheres têm certos fatores de risco que aumentam suas chances de desenvolver a depressão pós-parto. Quais seriam esses fatores de risco? Primeiramente, está a tendência biológica. Ou seja, se uma pessoa já teve um histórico de depressão anteriormente em sua vida, ou se tem alguém na família com histórico de transtorno psiquiátrico, ou se ela já teve algum outro problema de saúde mental, isso aumenta o risco de desenvolver a depressão pós-parto durante a gravidez. Por esse motivo, é importante que gestantes que já tiveram transtornos psiquiátricos ao longo da vida conversem com seu obstetra quando engravidarem e busquem informações antes mesmo do bebê nascer.

Outro fator importante é que o aparecimento do distúrbio não está relacionado com o fato de ser o primeiro, segundo ou terceiro filho. Portanto, independente de qual gestação você se encontra, se existe um histórico psiquiátrico, vale a pena conversar com o obstetra. Eventos estressores como desemprego, dificuldades financeiras, dificuldades no trabalho, perda de familiares queridos e violência doméstica também são fatores de risco para o desenvolvimento da depressão pós-parto. Não ter a família por perto ou ter um baixo suporte social, assim como um parceiro que não ajuda muito nos cuidados com o bebê, também podem contribuir para o quadro. Problemas como ter passado por um parto difícil, complicações de saúde da mãe depois que o bebê nasceu, um bebê prematuro, problemas de saúde do bebê ou dificuldades na amamentação, todos esses também são fatores de risco que exigem nossa atenção, pois aumentam a probabilidade do desenvolvimento da depressão pós-parto.

Quanto ao diagnóstico, nem sempre é fácil de ser feito, pois muitos dos sintomas presentes na depressão, principalmente leve a moderada, também estão presentes no próprio puerpério, que é o período pós-parto. Dificuldade para dormir, alterações no sono e fadiga são sintomas comuns nesse período e em mulheres que não têm depressão. Por isso, muitas vezes temos dificuldade em identificar. É por isso também que existe uma escala chamada Escala de Depressão Pós-Parto de Edinburgh, que ajuda nessa identificação. É uma escala que a própria mulher que acabou de ter o bebê pode preencher, e se a pontuação for maior que 11 pontos, essa mulher tem uma chance de estar desenvolvendo a doença e precisa de uma avaliação psiquiátrica.

Quanto ao tratamento, no caso do baby blues, que não chega a ser um transtorno psiquiátrico, a condição tende a melhorar sozinha depois de 15 a 20 dias do nascimento do bebê. Orientamos os pais a buscar um psiquiatra para uma avaliação inicial, mas nem sempre a mulher precisará passar pelo acompanhamento de um psiquiatra em casos leves. Nesse caso, apenas orientação e apoio conseguem ajudar.

No caso da depressão pós-parto, o uso de medicamentos se faz necessário. Atualmente, os antidepressivos mais utilizados são aqueles que passam em menor quantidade pelo leite materno, ou seja, não interferem no desenvolvimento do bebê. Esses antidepressivos ajudam a equilibrar a química do cérebro, melhorando o humor, auxiliando no sono e reduzindo a irritabilidade e o cansaço. Além dos medicamentos, a terapia também é uma aliada importante no tratamento. Conversar com alguém treinado para ouvir e ajudar a lidar com os sentimentos pode ser suficiente para reverter o quadro.

Agora, gostaria de compartilhar algumas dicas para superar a depressão pós-parto. Essas dicas podem ser encontradas em vários dos meus vídeos, pois são medidas que melhoram nossa qualidade de vida. É importante ressaltar que, principalmente nesse período após o nascimento do bebê, a mãe acaba focando completamente no bebê, esquecendo um pouco de si mesma. Portanto, nesse período, é importante ter uma alimentação saudável. Mesmo que você não tenha apetite, tente se preocupar em fazer pequenas refeições com uma certa rotina, para que os níveis de açúcar no sangue não caiam. Você vai precisar de energia e se você não se alimentar direito, seu sistema imunológico também ficará fraco, e você poderá ficar doente.

Descanse bastante, pois já é difícil dormir com um bebê que acorda várias vezes à noite. Se alguém puder cuidar do bebê para você, aproveite para tirar uma soneca. Tome um banho relaxante e escolha uma boa leitura para ter um momento de paz antes de retomar a rotina de cuidar do bebê novamente. Também é importante fazer alguma atividade física. Eu sei que pode ser a última coisa que você terá vontade de fazer nesse momento, mas o exercício físico ajuda a liberar endorfina, que é responsável pela sensação de bem-estar. Isso também ajudará tanto mental quanto fisicamente.

Encontre-se com outras mães. A vida de uma mãe recente já é bastante solitária, pois toda a atenção está voltada para o bebê. A mãe tem muitas coisas que só ela pode fazer por aquele bebezinho. Portanto, conversar com mães que estejam na mesma fase de vida ou com amigas que já passaram pela maternidade pode ser bom, pois é bom saber que você não está sozinha nessa situação. Compartilhem experiências, como por exemplo, o cansaço que envolve cuidar de um bebê. Não seja tão dura consigo mesma e releve algumas tarefas domésticas. A louça não precisa estar limpa todos os dias, não precisa lavar tudo de uma vez, tudo bem se você fizer isso amanhã.

Peça ajuda para sua família, amigos e outras pessoas próximas. É importante que os amigos e familiares também façam coisas por você. Peça ajuda ao seu marido e delegue algumas funções para ele. Ajuda é sempre bem-vinda nesse momento.

Para finalizar, gostaria de dar uma dica que já mencionei em outro vídeo, mas acho importante frisar novamente. Você precisa saber que com ajuda, você vai se sentir melhor. Se você está sentindo os sintomas e acha que pode ter uma depressão pós-parto, procure atendimento com um psiquiatra. Existe tratamento para isso e ter depressão pós-parto não significa que você não é uma boa mãe ou que o bebê é indesejado. Também não representa risco de alguém querer afastar seu filho de você.

Espero que tenham gostado do vídeo. Nos vemos na próxima semana com mais um vídeo!

Fonte: Como tratar a depressão pós-parto. Psiquiatra Maria Fernanda Caliani explica por Neurologia e Psiquiatria