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Surto de hepatite em crianças: causas, sintomas e prevenção em todo o mundo

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A conversa agora é com Marcio Dias de Almeida, patologista do Hospital Moriah. Doutor, bom dia. Obrigado por estar conosco. Já foram registrados casos dessa doença em 20 países. Qual é a principal preocupação em relação a essa hepatite aguda e como ela se diferencia de outras?

Oi, bom dia. É uma hepatite aguda e a diferença entre a hepatite aguda e a crônica é que a aguda geralmente acontece e se resolve, mas muitas vezes ela pode evoluir com gravidade, levando à insuficiência hepática e necessidade de transplante. Já a hepatite crônica é uma doença mais insidiosa, de evolução lenta e apresenta um quadro clínico diferente das crianças afetadas por essa hepatite.

Doutor, em quanto tempo a hepatite aguda pode evoluir?

Isso é muito variável e depende da causa e da pessoa. Porém, em casos graves de insuficiência hepática aguda, conhecida como hepatite fulminante, pode levar ao óbito em até 72 horas após o início dos sintomas graves. Portanto, existe uma janela de tempo para o transplante, mas muitas vezes essa janela é perdida. Uma das preocupações dessa doença, inclusive na Europa, é justamente a demanda por transplantes, já que pode ser necessária um aumento no número de transplantes e uma estrutura de saúde capaz de absorver esses casos, principalmente na área pediátrica que já é mais reduzida.

E depois de uma pandemia de coronavírus, surge essa hepatite aguda. Realmente todo mundo fica muito preocupado. Doutor, por que até agora, os casos diagnosticados dessa hepatite aguda têm prejudicado principalmente os mais jovens, as crianças?

Ainda não temos essa resposta definitiva, mas existem dados da Comunidade Europeia indicando que o adenovírus tem alguma relação com a evolução da hepatite em crianças, devido à sua maior incidência nessa faixa etária. No entanto, ainda não sabemos qual é o papel exato desse vírus, se ele é um facilitador ou um causador da piora do quadro hepático.

Doutor, como a hepatite A é transmitida?

A hepatite A é transmitida principalmente por contato fecal-oral, ou seja, por meio de alimentos contaminados ou contato pessoal com uma pessoa infectada. Já a hepatite B, por exemplo, é transmitida por contato com sangue ou secreções.

E como podemos nos prevenir em relação a essa hepatite aguda? Existe algum risco de chegar ao Brasil?

Com certeza existe risco. Ainda não temos todas as informações sobre como essa doença ocorre e quem é o real causador. A principal forma de prevenção é a vigilância e o acompanhamento das informações que estamos recebendo, principalmente dos países onde os casos já foram detectados. É importante que os médicos estejam atentos e notifiquem os casos de hepatite fulminante, assim como existe um formulário específico para notificação desses casos. Devemos ficar atentos às informações que recebemos e nos preparar para esse cenário.

Obrigado, Dr. Marcio Dias de Almeida, por estar conosco. Bom dia e até a próxima.

Fonte: Entenda surto de hepatite que afeta crianças em todo o mundo por Record News