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SÍNDROME DO PÂNICO: Compreendendo o Funcionamento do Cérebro

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Oi pessoal, meu nome é Bruno e eu sou neurocientista. Nesse vídeo, eu vim falar sobre a síndrome do pânico e tentar responder algumas perguntas sobre como é essa síndrome, o que é um ataque de pânico e qual a diferença entre ansiedade e síndrome do pânico. Eu quero trazer para vocês um resumo do que a neurociência sabe até hoje sobre o transtorno de pânico.

Para começar, acho importante definir alguns conceitos, já que algumas definições não são bem utilizadas pelo público em geral. Por exemplo, a síndrome do pânico é bem diferente de uma crise de pânico ou crise de ansiedade, apesar de serem coisas bem similares. Na verdade, uma é diferente da outra.

O ataque de pânico, também conhecido como crise de ansiedade, é algo que muitas pessoas já tiveram ou vão ter ao longo da vida. Essas crises são geralmente relacionadas a picos de estresse ou a resposta a eventos agudos, como um assalto ou um acidente. Nesses momentos, é comum experimentar sintomas como dor no peito, batimentos cardíacos acelerados, dificuldade para respirar, sensação de sufocamento e a sensação de que algo está errado com o corpo, além da sensação de morte.

Já a síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade, e é um dos mais comuns. Nesses casos, as pessoas têm crises de pânico diariamente, o que impacta severamente sua qualidade de vida. Elas passam a ter dificuldade em fazer atividades cotidianas e sentem as crises de ansiedade ou de pânico de forma constante.

Embora as crises de ansiedade ou de pânico possam acontecer em qualquer momento da vida, a síndrome do pânico tende a aparecer mais no final da infância e começo da adolescência. Não há um estímulo específico que desencadeia a síndrome do pânico, mas ela está relacionada a diversos fatores diferentes que trazem vulnerabilidade à ansiedade e a estímulos estressores.

Hoje, sabemos que as mulheres têm uma chance maior do que os homens de desenvolver síndrome do pânico. Além disso, pessoas que já têm algum tipo de transtorno de ansiedade ou têm pais/familiares com esse tipo de diagnóstico têm um risco maior de desenvolver transtorno do pânico.

Os fatores de risco associados ao transtorno do pânico incluem histórico familiar, ambiente em que a pessoa cresceu e comportamentos parentais, uma vez que o comportamento negativo e os pensamentos negativos estão diretamente influenciados pela forma como os pais estão criando a criança.

Mas a pergunta que fica é: o que acontece no cérebro de uma pessoa que tem transtorno do pânico?

Antes de responder essa pergunta, é importante entender como funciona, de forma breve, a circuitaria do nosso cérebro que processa as reações de medo.

Temos diversas partes do cérebro que são responsáveis por processar os estímulos que nos causam medo e pelas reações fisiológicas que experimentamos diante desses estímulos.

Uma parte importante para o processamento do medo é a amígdala, uma estrutura com formato de amêndoa que está dentro do cérebro. A amígdala age como um scanner de todo o contexto visual e auditivo para identificar perigos. Pessoas com síndrome do pânico têm uma hiper-reatividade da amígdala, o que indica que há uma alteração no seu neurodesenvolvimento.

Outra parte importante é o córtex insular, responsável pelo processamento dos estímulos internos durante a nossa resposta ao medo. O córtex insular atua como um “relator” dos parâmetros fisiológicos, ativando-se juntamente com a amígdala para percebermos nossas próprias sensações corporais em relação ao medo.

O córtex cingulado anterior e o córtex pré-frontal também são partes importantes no processamento do medo. O córtex cingulado anterior está envolvido com o processamento emocional e a tomada de decisões. Já o córtex pré-frontal regula nossas respostas ao medo relacionadas às projeções catastrofistas.

O hipocampo, envolvido na construção das memórias, também tem um papel importante no transtorno do pânico. Ele cria as memórias contextuais, que são associadas à primeira crise de pânico que a pessoa teve. Por exemplo, se alguém teve uma crise de pânico enquanto estava em um elevador, pode associar a situação de estar em um elevador com o pânico, evitando assim essa situação.

Essas áreas do cérebro trabalham juntas de forma bastante complexa e multifatorial no transtorno do pânico, exigindo terapia psicológica e medicamentosa para seu manejo correto.

Espero que vocês tenham gostado do vídeo, tentei trazer o máximo de informações sobre o que a neurociência sabe do transtorno do pânico. Se vocês gostaram desse tipo de conteúdo, comentem aqui embaixo, pois estou pensando em fazer outro vídeo falando sobre minha experiência com o transtorno do pânico e como os tratamentos atuam no cérebro.

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Fonte: COMO é o CÉREBRO de quem tem SÍNDROME DO PÂNICO? por Neurociência Descomplicada