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Saiba mais sobre a dissecção da aorta atualmente

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Olá meu amigo,

É um grande prazer estar falando com vocês novamente. Hoje venho compartilhar um artigo que achei bastante interessante na revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, escrito por juíza de Nata e Ricardo Ribeiro Dias Ludmila Abraão.

O artigo aborda o manejo clínico e cirúrgico da diseção da aorta, mais especificamente no Hospital das Clínicas, no INCOR. Para quem já está à frente de um paciente com diseção de aorta, sabe o quão grave essa situação pode ser.

Uma das situações mais dramáticas que já presenciei foi um paciente que veio até nós no hospital com uma diseção de aorta aguda. A dor no peito era intensa e se irradiava para a região dorsal, simulando um infarto. Tentamos de tudo para melhorar o quadro, mas nada surtia efeito. Controlamos a pressão arterial, a frequência cardíaca e administramos diversas drogas, mas infelizmente o paciente não melhorava.

O quadro clínico que ele apresentava era muito semelhante a um infarto agudo do miocárdio. A dor no peito era intensa e forte, muitas vezes irradiando para o braço esquerdo. Porém, o que estava ocorrendo na verdade era uma ruptura na integridade da camada interna da artéria aorta, formando uma falsa luz. Essa falsa luz vai se expandindo e abrindo caminho, causando a disseção.

Existem duas classificações comumente utilizadas para a disseção de aorta, a de Stanford e a de DeBakey. A classificação de Stanford divide a disseção em tipo A e tipo B. O tipo A é mais grave e geralmente envolve as regiões mais próximas da raiz da aorta e da aorta ascendente. Já o tipo B envolve apenas a aorta torácica descendente.

Quando ocorre a disseção do tipo A, é necessário realizar uma cirurgia com urgência. Já no caso do tipo B, a cirurgia não é tão urgente e pode-se adotar uma abordagem mais expectante. Porém, o diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível, pois não se pode perder tempo.

O diagnóstico é feito com base no quadro clínico sugestivo e pode ser confirmado por meio de um raio-x de tórax, que pode mostrar alargamento do mediastino. Outra opção é fazer um ecocardiograma transesofágico, que é mais preciso e capaz de confirmar o diagnóstico de disseção aórtica.

Os fatores de risco para desenvolver uma disseção de aorta são hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, histórico familiar da doença e doença de Marfan. Também foram associados o uso de drogas, como a cocaína, e o levantamento de pesos em excesso.

O tamanho máximo de dilatação da aorta é um fator crucial para a tomada de decisão. Quando o diâmetro chega a 5 centímetros, a chance de haver uma disseção é muito maior. O tratamento, nesse caso, consiste em manter a pressão arterial controlada e a frequência cardíaca baixa.

Se o paciente estiver estável hemodinamicamente, pode-se realizar um planejamento cirúrgico de acordo com a classificação de Stanford. Já no tipo B, a conduta é mais expectante e pode-se optar pelo tratamento endovascular, por meio da colocação de endopróteses.

É preciso ressaltar que o prognóstico para uma disseção de aorta é ruim, e por isso é extremamente importante realizar o diagnóstico e o tratamento o mais rápido possível. Em casos graves, o paciente deve ser operado, pois não há chances de melhora sem intervenção cirúrgica.

Enfim, essa é uma das piores situações que um médico pode enfrentar. Portanto, é fundamental ficar atento aos sinais e sintomas, principalmente se você é hipertenso. A prevenção é sempre o melhor caminho.

Um grande abraço e tenha um ótimo final de semana!

Tchau!

Fonte: Dissecção da aorta hoje por Evidências Médicas por Dr. Edmar Santos