Recuperação após um AVC

Olá, meu nome é Rogério Souza, sou fisioterapeuta aqui na cidade de Londrina e hoje estou gravando esse vídeo para responder uma pergunta que muitos dos meus pacientes me fazem e talvez seja também a sua dúvida: “Depois do AVC tem ou não tem recuperação?”.

Antes de falarmos sobre a recuperação em si, é importante entender o que é o AVC ou AVE (Acidente Vascular Encefálico). Trata-se de uma lesão do sistema nervoso que resulta na morte de neurônios.

Os neurônios são as células presentes no nosso cérebro e quando ocorre um AVC, pode ser por entupimento dos vasos, chamado AVC isquêmico, ou por rompimento de um vaso, chamado AVC hemorrágico.

Muitas vezes as pessoas acreditam que, uma vez que um neurônio é morto, não há recuperação possível. No entanto, nosso cérebro possui uma capacidade chamada neuroplasticidade, que é a capacidade de adaptação do sistema nervoso aos estímulos.

Portanto, a recuperação após um AVC é influenciada por vários fatores. O primeiro fator é a extensão da lesão, ou seja, a quantidade de neurônios afetados. Uma pessoa com uma lesão pequena tem mais chances de se recuperar do que alguém com uma lesão maior.

O segundo fator é o local da lesão. O cérebro é responsável por diversas funções e cada região está relacionada a uma função específica. Por exemplo, uma lesão na área motora do cérebro terá impacto na recuperação do movimento, enquanto uma lesão na área visual afetará a visão.

Outro fator importante é a preservação ou não da sensibilidade. Uma pessoa que mantém a sensibilidade terá uma recuperação melhor do que alguém com sensibilidade comprometida.

O tempo também é um fator relevante. Há um mito de que a recuperação é impossível após o primeiro ano do AVC, mas isso não é verdade. Embora o primeiro ano seja um período crítico, no qual a neuroplasticidade é maior, ainda é possível recuperar-se após esse período.

O quarto fator é não negligenciar o lado comprometido. Muitas pessoas tendem a utilizar apenas um lado do corpo após o AVC, deixando o lado afetado sem estimulação. Isso pode prejudicar a recuperação, já que a neuroplasticidade é estimulada quando o membro comprometido é utilizado.

O último fator importante é fazer fisioterapia com especialistas. Cada profissional da área de reabilitação desempenha um papel importante na recuperação, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos. A equipe multidisciplinar trabalha em conjunto para auxiliar na reabilitação adequada.

É importante ressaltar que a recuperação varia de pessoa para pessoa, devido à individualidade de cada um. Cada indivíduo se recupera de forma diferente, levando em conta fatores como a biografia da pessoa, seu histórico de atividade física, intelectual e emocional.

Por isso, é essencial passar por uma avaliação com um especialista para determinar as melhores estratégias de recuperação. Não existe uma receita mágica e é importante não seguir exercícios vistos na internet sem o acompanhamento adequado.

A reabilitação após um AVC é um processo lento e requer paciência. Nosso cérebro é uma estrutura sensível que precisa de tempo para se adaptar. Não desista e mantenha a dedicação aos exercícios e tratamentos recomendados.

Lembre-se de sempre buscar a orientação de profissionais especializados na área de reabilitação. A recuperação é possível e pode ser alcançada com o apoio de uma equipe especializada.

Fonte: TIVE AVC, VOU ME RECUPERAR? – Rogério Souza por Neurofuncional