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Pitiríase rósea: sintomas, causas e tratamento da doença #77

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Olá, hoje eu vou contar para vocês o dia que eu achei que tivesse com sífilis. O suspeito era o Marcelo e aí, o que que aconteceu? Eu acordei um dia do nada e tava com várias pintinhas no corpo. E aí, o infectologista só pensava em sífilis, fungo, HIV. Fiquei pirada! Você quer saber mais sobre isso? Eu sou Renata Berenguer, eu sou médica infectologista, especialista em doenças infecciosas e parasitárias.
E isso aconteceu há um tempinho atrás, eu comecei a notar várias pintinhas meio rosas na minha pele e custava um pouquinho. E aí, passei uma pomadinha que eu tinha em casa e o negócio só foi piorando. Só foi piorando! No terceiro dia, eu resolvi ligar para minha prima que é dermatologista. Eu vou deixar um Instagram dela aqui na descrição do canal, que é @dermadochefe. Aí eu liguei desesperada, falei “Paula, eu acho que eu tô com alguma coisa muito esquisita, não sei se é simples”. Aí ela não tava aqui no Rio, ela tava viajando, foi me deixa, eu posso mandar uma foto pra você ver? Ela falou “Não manda!”. E tudo que a gente fala dos pacientes não fazer, a gente na hora do desespero faz. Mandei a foto pra ela. Ela me acalmou, falou “Calma, Renata. Isso deve ser pitiríase rósea. Você se lembra que primeiro apareceu uma pintinha um pouquinho maior que as outras, tipo uns 15 centímetros? Aí eu parei, pensei, “Raio, foi mesmo aqui ó!”. Foi bem nessa região aqui, então deve ser pitiríase rósea”.
Eu não tô no Rio, tenta marcar uma consulta com a minha amiga que tá lá. “Eu estou indo e ela vai olhar direitinho, deve ser só isso.”. E eu nunca nem tinha muito ouvido falar de pitiríase rósea. Isso realmente é tratado pelos dermatologistas, mas faz sim diagnóstico diferencial com simples. Na verdade, ninguém sabe muito a respeito dela. Parece ser uma infecção por herpes vírus tipo 6 ou tipo 7. É um pouquinho associado ao momento de estresse, mas não se sabe direito. E o pior, não tem o que fazer. Você pode, até se estiver coçando muito, tomar algum antialérgico, algum corticoide, mas tem que esperar passar, e isso dura mais ou menos quatro a seis semanas, mas pode durar meses.
“E o que é diagnóstico diferencial?” eu acho que sim, então várias doenças que têm mais ou menos os mesmos sintomas, que você acha que pode ser. Então uma delas é sífilis, outras questões infecciosas, fúngicas, outras são alergias, e a outra é essa pitiríase rósea. Mas mesmo pesquisando e olhando, achando que realmente era isso, eu fiquei meio desesperada. E eu fui em cima do Marcelo, falei “Lá, Marcelo, se você fez alguma coisa errada, eu preciso que você me fala!”, “Eu sou santo!”. E aí, mano? Mas aí fui lá e marquei a consulta com a médica amiga da minha prima.
E aí eu cheguei na consulta cheia de expectativa, porque eu queria conversar, queria saber do diagnóstico, dos exames, e tudo. E aí, ela pediu para eu levantar a blusa porque as lesões eram mais aqui em cima, no tronco. E elas eram mesmo o que a gente fala de “árvore de Natal”, que é bem característico. São lesões que quando você vai aparecer mesmo, que é uma arvorezinha de Natal. Aí ela só pediu para levantar a blusa. “Na sua, mas Pitiríase Rosa eu não, mas olha só não é melhor pedir um anti-HIV? não é melhor pedir um VDRL?”. “Das investigações? Nessa hipótese? É, porque eu tava fazendo estágio no local onde era cheio de pássaros, de bicho, de animal exótico. Frio, não acha que eu… pode ter alguma coisa, alguma infecção? Alguma infecção fúngica?”. Ela nem me deu bola, nem deixou eu falar muito. “Não, na flor não. Nessa Pitiríase Rosa, isso é boa notícia. A má notícia é que não tem o que a gente fazer, não tem tratamento. Em 24 a 46 semanas vai terminar”. E eu fiquei com uma cara se eu sair dessa consulta: “Ai, meu Deus, não é possível”. Ela nem perguntou se eu era casada, se eu tinha muita relação sexual. “Porque pra mim, isso ainda podia ser sífilis”. Aí eu conversei com a minha prima depois. “Então, esquece isso. Não é simples, não precisa fazer nenhum exame. Tudo espera um pouquinho que vai sumir”. E realmente tudo sumiu. Mas eu passei um aperto.
E aí, eu só fico pensando assim, caramba, tenso. Foi difícil para mim, sou médica, tenho amigos médicos, né. Que posso ir na internet, procurar, estudar no livro e tudo. Imagina para quem não é. É realmente muito complicado, porque você fica meio pirado. Então qualquer lesãozinha na pele, tem que procurar o médico. Um dermatologista, um infectologista, não consigo marcar nada, vai no clínico geral, porque com certeza alguém vai te ajudar. E você precisa disso, porque pode ser algo que realmente não tenha nada, para fazer. E você só observa. Mas pode ser uma doença bem grave, que você tem que tratar e senão você vai passar para as outras pessoas, e tudo. E acabou que o Marcelo ficou tranquilo, não ficou bravo, não devia desconfiar dele, porque enfim, na hora do nervoso a gente acaba extrapolando um pouquinho. E aí ele ficou tranquilo. Eu falar isso aqui para vocês também, né, Marcelo? Vinte chibatadas.
Depois tem problema nenhum. Tudo bem… Sumiram! E agora eu sei que se você não pegar sol, porque senão fica tudo marcadinho. E esse você tem que ter isso. Calma, porque vai passar. A maioria das vezes some. Mas o que aconteceu pertinho de mim, uma pessoa da família, que custou para caramba. Mas aí, eu já tava esperta, no diagnóstico. “Deve ter isso, tudo”. Mas ela foi no Uber, mas é super bacana que tratou a dela. E isso é muito comum, é mais comum do que a gente imagina.
Fonte: Pensei que eu estava com sífilis. Pitiríase rósea #77 por Mundo da Infectologia