Olá! Bem-vindos ao Papo Glaucoma!

Eu sou a Doutora Samanta Baixo, oftalmologista especialista em glaucoma.

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No vídeo de hoje, vamos conversar sobre a trabeculectomia, que é a cirurgia clássica de glaucoma, e falar sobre algumas situações em que essa cirurgia não funciona. Se você já operou e a sua cirurgia não deu muito certo, assista esse vídeo até o final!

A Trabeculectomia – Cirurgia Clássica de Glaucoma

A técnica clássica de cirurgia de glaucoma se chama trabeculectomia, também conhecida como “treco”. Se você não sabe o que é essa cirurgia, eu vou deixar aqui o link para o vídeo que fala direitinho sobre ela.

A trabeculectomia é a técnica cirúrgica que é usada há mais tempo para o tratamento do glaucoma. Ela é reservada principalmente para o glaucoma mais grave. Porém, é uma cirurgia que tem um pós-operatório bastante complicado e imprevisível.

Algumas pessoas fazem a cirurgia e logo de cara têm uma ótima resposta, com um ótimo controle da pressão, e ficam muito bem por muitos anos. Mas também tem outras pessoas em que a cirurgia não funciona tão bem, e que, às vezes, pouco tempo depois de operar, até meses, elas já precisam passar por uma reintervenção cirúrgica.

Por que isso acontece? A trabeculectomia é uma cirurgia em que o que a gente faz é criar um canal de circulação de líquido dentro do olho. Esse canal é natural e é feito na base de corte em estruturas próprias do nosso olho. E nesses canais que a gente cria, o líquido circula e a pressão ocular abaixa.

Acontece que a tendência natural do nosso organismo é querer cicatrizar esses cortes. E aí, os nossos canais vão fechar e a cirurgia deixa de funcionar.

Então, para que a cirurgia se mantenha funcionando por muitos anos, a gente precisa controlar essa cicatrização. Existem alguns fatores que a gente usa para controlar essa cicatrização:

Medicação – Durante a cirurgia, a gente injeta no olho uma medicação chamada mitomicina, que serve justamente para impedir a cicatrização. A única situação em que nós não usamos essa medicação é em pacientes gestantes, porque ela é contraindicada e pode fazer mal para o bebê. Então, as grávidas que operam costumam ter cirurgias que duram menos tempo.
Uso correto dos colírios – Após a trabeculectomia, nós usamos uma quantidade muito grande de colírio de corticoide, porque o corticoide impede a cicatrização dos canais vindos da trabeculectomia. O paciente precisa pingar os colírios em grande quantidade. Eu costumo recomendar de 2 em 2 horas, mas tem outros oftalmologistas que fazem esquemas diferentes de colírio. O paciente tem que pegar no horário certinho, sem esquecer, porque senão a cirurgia deixa de funcionar mesmo.
Características naturais da pessoa – Algumas pessoas têm olhos mais inflamados e algumas formas de glaucoma estão mais associadas com inflamação. Quanto mais o olho inflama, mais ele cicatriza. E aí, a cirurgia vai durar menos tempo também.

Então, se o canal da trabeculectomia cicatrizou e a cirurgia deixou de funcionar, o que pode ser feito?

A primeira opção é retomar o uso dos colírios de tratamento do glaucoma, porque muitas vezes essa cirurgia ainda tem algum funcionamento parcial que, com uma ajudinha dos colírios, pode ser suficiente para o controle da pressão. Quando mesmo com os colírios a pressão continuar alta, outra opção que a gente tem é realizar um procedimento chamado agulhamento.

O agulhamento é um procedimento bem simples, rápido, e pode ser feito às vezes no consultório ou no centro cirúrgico. Eu tenho preferência por fazer no centro cirúrgico, mas alguns oftalmologistas fazem no consultório mesmo. O agulhamento é um procedimento em que a gente usa uma agulhinha bem fininha para entrar no canalzinho da trabeculectomia e limpar as áreas em que houver cicatrização, até que volte a funcionar como era antes. Depois de ter feito o agulhamento, ele pode ser feito várias vezes. Muitas vezes, conseguimos manter a cirurgia funcionando por anos, de tempos em tempos fazendo um procedimento de agulhamento.

Uma outra alternativa, principalmente em casos em que já foi feito agulhamento sem boa resposta, é partir para uma segunda cirurgia grande. Essa segunda cirurgia pode ser uma segunda trabeculectomia ou uma técnica de cirurgia de implante de drenagem. A diferença entre elas é que na trabeculectomia, os canais de circulação de líquido são naturais do olho, enquanto nos implantes de drenagem, a gente coloca um tubinho artificial de silicone no olho para fazer a drenagem de líquido.

Essa decisão de qual procedimento escolher fazer depende muito de quanto tempo tem a cirurgia anterior e também do aspecto do olho no exame no microscópio. Se a gente vê que aquela cirurgia não tem tantos anos e o olho tem um bom aspecto, a gente pode optar por um agulhamento e utilizar a mesma cirurgia antiga que você já tinha. Agora, se a gente vê que aquela cirurgia é muito antiga e já tem uma cicatrização muito extensa naquela região, a gente acaba optando por fazer uma nova cirurgia ou um novo implante de drenagem.

Me conta aqui nos comentários como foi a sua experiência! Você precisou fazer algum procedimento depois? Já fez algum agulhamento? Conta sua história aqui, e se tiver alguma dúvida, pode deixar também, que eu vou te responder.

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Fonte: Minha CIRURGIA de glaucoma NÃO FUNCIONOU, e agora? por Papo Glaucoma