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Microbiologia Oral: Tudo sobre a disciplina ministrada pelo Prof. Alexandre Funck

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Olá! Seja bem-vindo à discussão de mais um tema relacionado à microbiologia. Hoje, falaremos sobre as bactérias que constituem a “microbiota oral”. Como será que essas bactérias atuam na formação das principais doenças bucais? É o que veremos logo após a vinheta. Vamos começar?
Dentre os mais diversos sítios que compõem o corpo humano, a cavidade bucal, por apresentar condições físico-químicas características, está entre aqueles que proporcionam a colonização e o crescimento de um amplo e diversificado número de microrganismos. Essa diversidade microbiana se dá pelas propriedades anátomo-fisiológicas da cavidade bucal, que por ser formada por diferentes tecidos e estruturas, apresenta grande variação quanto a:
– Tensão de oxigênio;
– Temperatura;
– pH;
– Disponibilidade de nutrientes;
– Fatores imunológicos.
Para compreendermos o papel da microbiota oral é importante analisar suas características dinâmicas e essenciais. A cavidade oral é um habitat constituído por mais de 700 espécies bacterianas que contribuem não só para a saúde oral, mas também para o bem-estar global do indivíduo. Muitos desses microrganismos podem se associar para formar “biofilmes” que muitas vezes podem ser resistentes à tensão mecânica ou mesmo ao tratamento com antibióticos. Esses biofilmes são matrizes onde os microrganismos se depositam e ficam aderidos a superfícies por meio de proteínas ou polissacarídeos produzidos por eles próprios.
Apesar da maioria das espécies bacterianas presentes na boca serem consideradas comensais, desempenhando um papel fundamental na manutenção da saúde oral, muitas bactérias, caso deixem de encontrar as condições ideais para a manutenção dessa flora, seja por falhas na higiene pessoal ou mesmo devido a outros processos, podem se tornar patogênicas e causar uma série de doenças. Essas desordens bucais são capazes de alterar a modulação da microbiota oral ocasionando especialmente a “doença periodontal”.
Esta poderá agir como foco de disseminação de patógenos com o efeito metastático sistêmico, como por exemplo, nos casos das cardiopatias e das infecções respiratórias, especialmente em pessoas imuno-comprometidas ou com comorbidades. Em relação a composição da microbiota bucal na maioria dos indivíduos adultos sabe-se que determinados grupos de microrganismos são comumente detectados nos diferentes nichos da cavidade oral. Entre os principais gêneros bacterianos encontrados na microbiota oral, podemos citar: Streptococcus, Peptoestreptococcus, Veillonella, Neisseria, Lactobacillus, Actinomyces, Fusobacterium, Porphyromonas, Prevotella e Actinobacillus.
Começaremos pelos Streptococcus. Essas bactérias que se apresentam na forma de cocos Gram-positivos em cadeia, englobam um grande número de espécies que podem ocupar diversos habitats no corpo humano, como o trato respiratório superior e a cavidade bucal, sendo que as principais espécies capazes de colonizar essa cavidade, são:
– Streptococcus mutans: É considerado o principal agente etiológico da cárie dentária, especialmente devido a sua habilidade de adesão a superfície dos dentes.
– Streptococcus mitis: Esta bactéria coloniza praticamente todas as superfícies da cavidade bucal, sendo detectada antes e após a erupção dos dentes.
– Streptococcus sobrinus: Apesar de menos prevalentes, são bastante semelhantes aos Streptococcus mutans em vários aspectos da patogênese da cárie dental.
– Streptococcus salivarius: É uma das espécies dominantes da cavidade bucal tendo sido indicada como uma ótima candidata a probiótico, devido sua capacidade em produzir bacteriocinas contra Streptococcus pyogenes.
– Streptococcus sanguinis: Estudos têm demonstrado que indivíduos livres de cárie apresentam um número significativo maior dessa bactéria quando comparado com indivíduos com cárie.
Dando sequência aos principais gêneros que constituem a microbiota oral temos o Peptoestreptococcus. Este é um gênero de bactérias Gram-positivas que age como patógenos oportunistas, parecendo aumentarem amostras microbianas associadas a infecções bucais, como nos abscessos endodônticos e periodontais.
Veillonella são cocos Gram-negativos presentes nas mucosas do trato respiratório superior e da cavidade bucal. A espécie mais comum presente na boca é a Veillonella parvula que pode estar associada a placa dental. Neisseria são Gram-negativos, formado por cocos, e a Neisseria mucosa é aquela encontrada em altas concentrações na placa dental. Lactobacillus são bacilos Gram-positivos que têm um papel mais importante na progressão do que na instalação da cárie dental propriamente dito. Actinomyces são bactérias Gram-positivas que em colônias formam estruturas semelhantes as hifas dos fungos. São colonizadores primários das superfícies dentárias e apesar de geralmente não exercerem atividade patogênica, espécies desse gênero já foram identificadas na placa dental.
Fusobacterium são bacilos fusiformes Gram-negativos, que desempenham importante papel no desenvolvimento da placa dental, já que funcionam como uma ponte entre os colonizadores primários e secundários dos dentes através da co-agregação e adesão com diversos microrganismos, sejam eles, comensais ou patogênicos. Porphyromonas é formada por bactérias anaeróbias estritas, Gram-negativas, em forma de bacilos, que estão presentes em diversas formas de doenças periodontais. Prevotella é um microrganismo anaeróbio, Gram-negativo, considerado um importante agente etiológico das doenças periodontais. Actinobacillus é formado por bacilos Gram-negativos e é considerada um importante patógeno na doença periodontal, particularmente na periodontite juvenil localizada.
Diante disso, fica claro que a microbiota oral tem sim grande influência no binômio saúde e doença, especialmente sobre a saúde bucal ao atuar tanto na manutenção do equilíbrio, quanto na origem de diversas doenças. Bem pessoal e era isso o que eu gostaria de falar com vocês nessa semana. E se gostaram do vídeo chegou a hora de pedir seu like e, se possível, a sua inscrição nesse canal que é “NOSSO” e que serve tão somente para propagar conhecimento científico. Vejo vocês em uma próxima oportunidade. Até mais!
Fonte: MICROBIOLOGIA ORAL – PROF. ALEXANDRE FUNCK por Alexandre Funck