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Lúpus: Conheça Mais Sobre a Doença Autoimune de Ana Luisa Calich

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Popularmente conhecido como lúpus eritematoso, o lúpus é uma doença complexa que afeta vários órgaos do corpo.

Para falar sobre o lúpus, trouxemos a Dra. Ana Luísa Calle XVII, médica reumatologista do Hospital das Clínicas e do Hospital Sírio Libanês.

O lúpus, na verdade, recebeu esse nome na Idade Média, quando os pacientes apresentavam lesões na face que eram semelhantes às lesões que um lobo poderia causar. Portanto, lúpus significa lobo em latim. A doença é causada de forma autoimune.

Basicamente, o corpo produz anticorpos que são feitos para nos defender contra microorganismos externos, como vírus e bactérias. Porém, no caso do lúpus, esses anticorpos voltam-se contra o nosso próprio corpo, causando diversas manifestações.

O tipo mais representativo dessa doença autoimune é o lúpus eritematoso sistêmico, no qual as defesas imunológicas atacam vários órgãos de acordo com um padrão mais ou menos uniforme em todos os pacientes. No entanto, os sintomas clínicos podem variar muito dependendo do órgão afetado.

Portanto, é extremamente importante entender que o lúpus possui uma grande variação de apresentação. Alguns pacientes podem ter uma forma mais leve da doença, com poucos órgãos acometidos, enquanto outros podem apresentar quadros mais graves.

Os órgãos mais frequentemente afetados pelo lúpus são a pele, as articulações, as pleuras e o pericárdio, que são membranas que recobrem o coração e os pulmões. Além disso, o sistema hematológico também é bastante afetado, podendo causar anemia, redução dos glóbulos brancos e plaquetas baixas. O rim e o sistema nervoso central são órgãos que podem ser gravemente afetados, mas isso é mais raro.

No tratamento do lúpus, o objetivo é induzir a remissão da doença para que o paciente possa levar uma vida normal, sem precisar tomar medicamentos constantemente. Algumas medidas que o paciente pode tomar para ajudar a evitar novas crises incluem o uso de protetor solar com fator de proteção 50, evitar medicamentos como a pílula anticoncepcional com alta dose de estrogênio e ter uma dieta saudável.

No entanto, ainda não existe uma cura definitiva para o lúpus. É uma doença crônica que requer controle constante. O tratamento até o momento permite que a maioria dos pacientes viva muitos anos com a doença, tendo uma expectativa de vida semelhante a uma pessoa saudável. No entanto, é importante ressaltar que há um aumento no risco de doenças ateroscleróticas, como placas de colesterol nos vasos sanguíneos, portanto, é essencial controlar os fatores de risco, como evitar o tabagismo, fazer exercícios físicos e ter uma alimentação saudável.

No futuro, espera-se que novos avanços no tratamento do lúpus possam surgir, principalmente no uso de imunobiológicos que agem de forma mais direcionada no sistema imunológico. Além disso, é importante que os médicos tenham cada vez mais consciência sobre os efeitos colaterais dos medicamentos e busquem prescrever doses menores para evitar problemas a longo prazo.

O lúpus ainda é uma doença desafiadora, mas com o avanço da pesquisa e da medicina, a esperança é que os pacientes possam ter uma qualidade de vida cada vez melhor.

Fonte: Lúpus | Ana Luisa Calich por Drauzio Varella