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Inclusão de pessoas com autismo: promovendo a conscientização no mercado de trabalho

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Autismo no Ambiente de Trabalho

Eu moro no Parque São Rafael na Zona Oeste de São Paulo.
Eu tenho ensino médio e fundamental completo e curso profissionalizante em eletroeletrônica.
No momento, estou fazendo administração da empresa.

Bom, acho que uma palavra que resume o menino é a espontaneidade.
O dono, ele é um rapaz super tranquilo.
Ele fica bastante inquieto durante o dia, mas a impressão que a gente tem é que ele está sempre prestando atenção no que está acontecendo à sua volta.
Em alguns momentos, ele faz comentários sobre pequenas coisas que estão acontecendo.
Ele é muito focado.
Ele age de forma genética.
Quando a gente pensa no espectro do autismo, está aqui hoje não é muito amplo.
Então, como o universo nerd, as características são diferentes.
E a gente tem um entendimento sim que todas as pessoas podem trabalhar, até pelo entendimento do que é o trabalho.
É você poder ser produtivo, atingir metas, trabalhar com outras pessoas.
É uma questão de realização profissional.
Muita coisa dá nossa identidade mesmo.
A gente vai compondo a partir do nosso trabalho.
Eu tenho facilidade em mexer com eletrônicos em geral.
Sabe, computador, afim.
Eu tenho bastante interesse social com mexendo um pouco.
Eu já consigo entender dentro desse diagnóstico.
Nessas áreas, tem uma dificuldade.
A gente viu, né, de comunicação, interação social.
Algumas falhas nessas áreas.
Mas, por outro lado, a gente pode encontrar algumas habilidades super maliciosas.
Como, por exemplo, uma orientação maior no detalhe.
A constância, a concentração e memória.
Habilidades visuais.
Eu posso cadastrar fornecedores, materiais, clientes.
Eu coloco o W no cadastro de cada um deles para validar.
Mas quando faço isso, também é para os fornecedores, não é?
No caso, o clio e o pagam um sap antes do consultor.
Que seria a pessoa com autismo.
É interessante começar em uma área que a gente costuma fazer uma sessão de sensibilização com todo o time que vai recebê-lo.
Explicando as características do autismo em geral e características específicas dessa pessoa que vai integrar o time.
E sempre reforçando essa questão da comunicação, com a área da comunicação direta.

Acho que é uma característica também bastante forte da maioria deles, a questão da honestidade.
O que também às vezes assusta um pouquinho.
A gente está muito acostumado a ouvir um feedback negativo na lata.
Às vezes um não.
Para eles, isso é muito natural.
Tanto para eles falarem, tanto para ouvirem o feedback que a gente tem dos clientes.
É que essa melhora na comunicação não é que a equipe começa a ter.
É buscando ter uma comunicação mais efetiva com essa pessoa.
Acaba também é tendo generalizada com os outros pares e três outras pessoas.
Gente, não só isso.
Também é a própria questão de pensar diferente.
É isso traz também é contínuo uma vantagem competitiva.
Né, com as soluções nas entregas.
A gente percebe que o disso dando lhe trouxe um dinamismo diferente para a equipe.
A equipe trabalha bastante unida.
Então, existe uma preocupação da gente de deixá-lo integrado.
Eles me ensinaram como fazer a tarefa.
De ensinar o passo a passo, fazer tudo, e aconselhar novamente, caso tenha alguma dúvida.
Todos são muito legais comigo.
Eles me tratam bem e me tratam diferente.
Na nossa cultura, a gente está muito acostumado a inferir a intenção, a opinião do outro.
Então, meio que deixa entre as entrelinhas o que que eu quero que a pessoa faça.
E, para a pessoa com autismo, isso é muito complicado.
Porque acontece algumas vezes é de o gestor, ou enfim, alguém da equipe passar uma orientação.
E a pessoa com autismo não conseguir cumprir.
Porque houve uma falha de comunicação.
De todas as maneiras que tenha sido passada a instrução, não foi tão clara, não foi tão direta, não foi tão objetiva.
Mas a gente vê que é tudo uma questão de esclarecer o que é esperado daquela pessoa em determinado momento.
Evitar mensagens implícitas.
Lembro de um caso também que o café é obrigada a trabalhar.
Aí, lembro, você quer com a gente até o café.
Mas, não precisa tomar café porque a gente vai fazer uma pausa.
A Clara vou, então a gente acha que vai tomar café.
E aí tem a ver com ser mais literais nesse sentido.

Eu ainda não tinha convivido com pessoas com autismo.
O que mudou?
Acho que a empatia.
Acho que você se colocar no lugar do outro é muito importante.
Porque eu acho que todo mundo tem uma dificuldade.
Então, você se colocar e respeitar os limites é fundamental.
As pessoas com autismo, leves né, que chegam para gente, têm vários diagnósticos associados.
A gente sabe que existe uma prevalência em super grande.
Então, a depressão e o transtorno de ansiedade em relação a questões de dança, são pontos importantes de sua história com muito grande de sofrimento.
Às vezes, as pessoas com autismo chegam para gente, mas sem esperança.
Sem acreditar no que pode fazer e no que não pode.
E quando elas são integradas e fazem parte, de fato, de uma equipe de trabalho, isso muda completamente.
Elas passam a se enxergar com valor.
Acho que qualquer um pode trabalhar.
Desde que tenha vontade de trabalhar, desde que ela tem suas habilidades dedicadas a fazer o que gosta.

Então, realmente, essa preocupação maior é que as empresas têm tido é em relação à diversidade.
A gente poder trazer para dentro da empresa o que a sociedade tem, é um sonho tão grande assim.
Eu quero ser bem-sucedido.
Um trabalho, qualquer trabalho que eu fizer, é ter um bom emprego com um bom salário.
E também me sentir bem consigo mesmo e com as pessoas.

Fonte: Inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho | Consciência do Autismo por Saúde da Infância