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Histórias de Terapia #170: Lidando com a Perda do Meu Filho

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O milagre da vida e a perda de um filho: uma história de dor e superação

Desde o nascimento do Lucas, sempre senti um pressentimento de que um dia o perderia. Eu vivia em constante depressão, algo que descobri desde muito jovem. Achava que ter um filho seria alguém que estaria ao meu lado pelo resto da vida. Passei toda a minha gravidez sendo mãe solteira, e ser mãe solteira é um estado civil muito solitário. Em 2013, Lucas começou a sentir fortes dores de cabeça e nas costas. Levamos ele para o pronto-socorro e o médico constatou que ele tinha apenas 13 mil plaquetas, sendo necessário 150 mil. Era uma situação preocupante.

Ele foi levado para a UTI e eu senti que iria perder minha filha. Eu disse a ele que iria comprar um tablet para ele no shopping, pois pensei que isso o animaria. No sábado, quando cheguei ao hospital, Lucas estava com os membros e a cabeça enfaixados. A enfermeira me explicou que ele havia sofrido uma queda de sinais e precisava manter a temperatura. Eu sabia que a situação era grave, mas não poderia imaginar que as coisas piorariam.

Quando estava no quarto, minha mãe me disse que ele estava incomodado e parecia estar perto de partir. Eu disse a ele que o amava e que, se ele não pudesse ficar, eu aceitaria. Foi um momento difícil, mas eu precisava ser honesta com ele. Poucos minutos depois que saí do quarto, ele simplesmente parou de respirar. Ele se foi.

Depois de aceitar a morte dele, percebi que libertá-lo foi uma decisão importante para ambos. Eu sei que a morte é algo natural, mas como mãe queremos sempre a presença dos nossos filhos ao nosso lado. Hoje, sei que a ordem natural não é a mãe enterrando seus filhos, mas sim, o contrário. O milagre não está na cura, mas sim em parar de sofrer.

Ao longo dos anos, consegui encontrar algum conforto na enfermagem. Mesmo lutando contra a depressão e a ansiedade, cuidar de outras pessoas no hospital me ajuda a cuidar do meu filho em espírito. Sinto que ele está presente comigo. Mesmo assim, eu queria muito tê-lo aqui físicamente. Ele não está aqui para ver que sou uma mãe independente hoje, mas sei que sou uma sobrevivente.

Não sou a primeira mãe a perder um filho e certamente não serei a última. As pessoas me dizem que sou uma guerreira, mas não tenho outra escolha. Eu sou uma mãe que sofre por um beijo e um abraço do meu filho. Ainda estou evoluindo como mãe, apesar dos meus altos e baixos, medos e inseguranças. Um dia, quem sabe, estaremos juntos novamente. E nesse dia, estaremos dançando como se o mundo fosse acabar, como na música da Pitty.

Fonte: EU SEMPRE SOUBE QUE IRIA PERDER MEU FILHO | Histórias de ter.a.pia #170 por ter.a.pia

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