Helicobacter pylori e câncer de estômago: especialista Dr. Rogério Leite explicar

E o Helicobacter pylori pode aumentar o risco de câncer no estômago. Esse assunto é relevante pela alta incidência dessa bactéria na população geral, mas apesar de ser um assunto de preocupação para muitas pessoas, muita gente nem sabe que esse risco existe. É bom lembrar uma coisa importante: a Organização Mundial de Saúde classificou o Helicobacter pylori como agente cancerígeno. No entanto, é importante ressaltar que ter essa bactéria no estômago não significa necessariamente que a pessoa vai desenvolver algum tipo de câncer.

O câncer gástrico está associado ao Helicobacter pylori. Nesse contexto, é bom relembrar o conceito de fator de risco. Um fator de risco é uma situação que, quando presente, aumenta a chance da pessoa desenvolver um determinado tipo de câncer. Devemos encarar a infecção por esta bactéria como um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de estômago.

Em quais situações o H pylori oferece risco? Isso é o que vamos discutir nesse vídeo.

O que é o Helicobacter pylori?

Helicobacter pylori é uma bactéria que se aloja no estômago ou no intestino, prejudicando a barreira protetora e estimulando a inflamação. Isso pode ocasionar sintomas como dor e queimação abdominal. Além disso, a infecção por essa bactéria é considerada a principal causa de gastrite crônica ativa, úlceras pépticas e câncer de estômago. Estima-se que mais de 50% da população mundial possua o estômago colonizado por essa bactéria, que possui uma grande capacidade de sobreviver no meio ácido do estômago, com pH inferior a 4.

É importante lembrar que cada pessoa responde de forma individualizada à infecção pelo H pylori, e muitas pessoas são totalmente assintomáticas, não sabendo que têm essa bactéria no estômago. A idade é um dos fatores que favorecem o crescimento dessa bactéria, pois há uma redução da produção de ácido pelo estômago após os 40 anos, momento em que aumenta a incidência de câncer de estômago.

Como a infecção por H pylori está relacionada ao câncer de estômago?

Existem dois mecanismos pelos quais a infecção por H pylori pode levar ao desenvolvimento de um câncer de estômago: por efeito direto ou através dos efeitos indiretos causados pelo processo inflamatório. A infecção pelo H pylori, quando não tratada, pode levar à gastrite crônica, úlcera péptica e ao surgimento de câncer de estômago. No entanto, cada pessoa tem uma resposta diferente a essa infecção. Ou seja, a repercussão da infecção no organismo depende da genética do indivíduo.

Estudos mostram que existe uma sequência de eventos na evolução da infecção pelo H pylori: gastrite crônica, atrofia glandular, metaplasia intestinal, displasia e finalmente o câncer de estômago. O exame anatomopatológico do tecido biopsiado é capaz de diagnosticar o ponto dessa evolução, tendo um valor prognóstico e terapêutico importante.

Tratamento

O tratamento clínico padrão para infecção por H pylori geralmente consiste em uma combinação de dois antibióticos (amoxicilina e claritromicina) com um inibidor de bomba de prótons (omeprazol, lansoprazol, pantoprazol). O metronidazol é outro antibiótico que pode substituir a amoxicilina em casos de alergia. Existem outras combinações de antibióticos que podem ser usadas, principalmente em casos de resistência aos antibióticos.

A erradicação da bactéria no estômago é capaz de impedir ou retardar a progressão para o câncer de estômago.

Conclusão

O H pylori é uma bactéria muito frequente na população geral. O tratamento é importante porque a infecção persistente em alguns casos pode levar ao desenvolvimento de um câncer de estômago. A grande maioria das pessoas infectadas pelo H pylori permanece assintomática, por isso é importante a realização de uma endoscopia digestiva alta, que é um exame feito geralmente sob sedação, para fazer o diagnóstico da presença da bactéria, da presença de gastrite ou até mesmo de um câncer em estágio inicial.

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