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Gastrosquise: entenda tudo sobre essa condição na Cirurgia Infantil Channel

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Gastrosquise – Malformação da Parede Abdominal

Olá meus amigos, sejam bem-vindos a mais um vídeo aqui do canal. Eu sou Doutor Maurício Calderón e no vídeo de hoje iremos falar sobre gastrosquise, que é a principal e mais comum malformação da parede abdominal. Este é um tema que eu gosto tanto que foi o que eu escolhi para fazer a minha tese de doutorado. Então, bora para a explicação.

Depois da vinheta, rodar com pessoal, antes de começar a explicação, eu gostaria de pedir para que você já deixe aqui embaixo seu like, curta o vídeo e aproveite para se inscrever aqui no nosso canal do YouTube e, preferencialmente, ative o sininho para receber notificações dos próximos vídeos. Isso ajuda muito o nosso canal a crescer e divulgar boas informações. Combinado? Muito obrigado então, pessoal.

Gastrosquise é a mais comum das doenças que acometem a parede abdominal anterior. É um problema da formação e do fechamento, e geralmente ocorre um furo próximo ao umbigo, geralmente do lado direito da cicatriz umbilical, no qual o intestino do feto acaba sendo exposto e passa por esse orifício para o líquido amniótico, sofrendo um processo de inflamação. Pode haver casos mais graves com grande quantidade de alças do intestino expostas, ou até mesmo uma pequena quantidade. O processo inflamatório pode variar de algo leve a algo muito grave, podendo causar estenose intestinal e até mesmo perfurações. A ocorrência de gastrosquise vem aumentando mundialmente. Aqui no Estado de São Paulo, em um estudo que eu fiz, a prevalência chegou a aproximadamente um para cada 5 mil nascidos vivos. Porém, a gente verifica que vem aumentando. Ocorre mais na raça branca do que nos negros e principalmente nas gestações das mães jovens, menores de 20 anos. A sua ocorrência está associada a fatores socioambientais, onde principalmente o uso de drogas durante a gestação, como cocaína e crack, aumentam a sua incidência. Entretanto, o uso de tabaco e álcool nessas condições socioambientais é de baixa escolaridade materna e desnutrição materna também está associado a um aumento na chance de ocorrência de gastrosquise durante a gestação.

O desenvolvimento desta malformação ocorre geralmente entre a 10ª e a 14ª semana de vida embrionária, que é o período da formação da parede abdominal. Quanto maior e mais precoce for esse defeito, mais grave ele será. O diagnóstico geralmente é feito no ultrassom por volta da 14ª a 20ª semana de gestação, quando a gente consegue perceber esse defeito. Sendo que o ultrassom 3D tem uma melhor qualidade, melhor definição de imagem quando comparado ao ultrassom convencional de duas dimensões.

O tratamento da gastrosquise envolve uma equipe multidisciplinar, tanto no pré como no pós-operatório. Não só a parte cirúrgica, a gente consegue dividir em duas situações. A primeira, nos casos menos graves, na qual a gente tem um orifício pequeno e pouca quantidade de intestino exposto e inflamado, geralmente a gente consegue fazer a redução do intestino para dentro da cavidade abdominal e fechar o defeito com pontos cirúrgicos. Na outra situação, você tem um defeito grande, uma grande quantidade de intestino exposto, ou até mesmo fígado e baço. Nessas situações, muitas vezes a gente não consegue fazer o fechamento direto da cavidade abdominal, então nós fazemos a confecção de um silo, que é uma membrana, uma película em volta do intestino fixado nesse defeito, e a gente consegue fazer um procedimento estagiado, ir empurrando o intestino para dentro da cavidade abdominal até o momento que ele foi completamente para dentro, e assim conseguimos levar ao centro cirúrgico para fazer o fechamento cirúrgico desse defeito.

Mesmo após um tratamento adequado, esses pacientes podem evoluir com complicações, sendo que as mais comuns e mais frequentes são as enterocolites, que é a inflamação com um comprometimento do intestino grosso e do delgado, que podem levar a estenoses, que são estrangulamentos e diminuição do calibre do intestino, perfurações ou até mesmo anorectais, que é a perda da continuidade normal do trânsito intestinal. Quando isso acontece, muitas vezes precisamos abordar cirurgicamente, retirando essa parte do segmento acometido e reconstruindo o trânsito intestinal. Pode ser em uma única etapa, costurando o intestino novamente ponto a ponto, ou estádio local, onde precisamos primeiro fazer uma colostomia ou enterostomia, e posteriormente, de acordo com o quadro do paciente, fazer a reconexão do intestino.

A dificuldade na alimentação desses bebês também é um processo muito comum de ocorrer, pelo fato dessa inflamação do intestino atrapalhar a peristalse e a movimentação normal do intestino por causa desse processo inflamatório. Então, muitas vezes eles demoram para conseguir se alimentar adequadamente. Entretanto, verificamos que na maioria dos casos, após um ano de idade, a tendência é que eles tenham uma evolução e recuperação disso, como se fosse qualquer outra criança que não tivesse tido nenhum tipo de problema. Portanto, verificamos que em 90% dos casos, as crianças que possuem gastrosquise acabam tendo uma evolução ao decorrer da vida muito parecida com todas as outras crianças. Mas o seu acompanhamento constante pela equipe de cirurgia pediátrica e de nutrologia se faz presente. É necessário sempre esse tipo de acompanhamento.

Bom pessoal, espero que vocês tenham gostado da explicação sobre a gastrosquise. Aproveito mais uma vez para você já clicar aqui no like, se você ainda não clicou, e se tiver ficado alguma dúvida, não esqueça de colocar aqui embaixo nos comentários para que eu possa depois responder para vocês, ou me mande uma mensagem por Direct. Combinado? Pessoal, até a próxima. Tchau, tchau, tchau!

Fonte: Cirurgia Infantil Channel | O que é GASTROSQUISE? por Cirurgia Infantil Channel