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Espondilite Anquilosante: um relato de superação por Daniel A C Gramignoli – Parte 03

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Sempre tentei levar de maneira prafrente o tratamento e seguir a carreira em frente. Continuar treinando, tomando anti-inflamatórios e microtex, além de ácido fólico. A dura rotina de um atleta de alto rendimento é pesada. Frequentemente eu tinha que ir no departamento médico, sempre com o fisioterapeuta Alison. Me aguentava muito lá, mesmo algumas vezes tendo que ir na clínica para retirar líquido sinovial do joelho. Meu tornozelo também ficava inchado. E eu tinha que fazer a retirada do líquido para retornar mais rápido aos treinamentos.

Fiquei um ano e meio assim, treinando com dores, à base de anti-inflamatórios, um atrás do outro. E mesmo assim, ainda sentia as dores. Sentia muitas dores, até que a doutora, um ano e meio mais ou menos depois, falou que o tratamento padrão não está surtindo efeito. Vamos tentar entrar com um medicamento relativamente novo, um medicamento biológico. Uma injeção que você vai tomar duas vezes por semana por mês. Vamos tentar dar entrada no SUS, preencher papelada. Eu fiz tudo que ela pediu e, acho que um mês depois, dois meses, foi aprovado.

E comecei a retirar o medicamento. A primeira vez que eu fui retirar nesses centros de distribuição, ficava lá um bom tempo esperando para retirar o remédio, mas recebia certinho. E na primeira aplicação, a Abbott, não é a Abbvy, enfermeira me ligou e marcou comigo. Ela ia me treinar, eu pedi para ela lá na sede do Cruzeiro onde treinávamos. Ela foi lá e me ensinou como aplicar a injeção Humira. Ela me aplicou, agradeci, falei “Vamos ver se vai fazer efeito”. E eu digo que me curou milagrosamente. Aí, Deus me ajudou, a medicina, e no dia seguinte não senti mais dores. Sumiu 90% das dores fortes. E assim já não sentia mais. Já não acordava com torcicolo. Eu via que os movimentos estavam bem mais fluentes e fiquei ainda algum tempo jogando.

Ainda acho que joguei quase um ano, não chegou a um ano. E até que em 2013, abril de 2013, se eu não me engano, 13 de abril de 2013, nós estávamos na nossa segunda final. O Cruzeiro na segunda final. Nós ganhamos um ano antes o Campeonato Brasileiro, a Superliga. E estamos na segunda final. E depois dessa final, eu lembro que resolvi parar de jogar. Meu sacrifício era grande ainda, apesar de não sentir mais tantas dores. Eu sentia que não tinha o mesmo rendimento. Mas mesmo assim, minha força e minha potência já não eram as mesmas. E eu machucava mais frequentemente, algo que eu nunca tinha tido na minha carreira. Muitas lesões. Eu comecei a sentir mais dores nas lesões e via claramente que minha potência, meu salto, não era o mesmo.

E você fala no psicológico também, que você fica preocupado depois de passar por tudo que passei. E então resolvi parar e segui uma vida normal. E já faz seis anos que eu parei. E graças a Deus, só tenho a agradecer. Eu tenho vida normal, dentro dos limites. Faço o acompanhamento com meu médico aqui em São Paulo, faço exames de sangue, sigo o tratamento corretamente, tenho uma rotina de exercícios.

E no mais, eu faço tudo que eu quero fazer. É claro, nas devidas proporções. Tento não exagerar muito. Mas como eu descobri cedo a doença, tratei rapidamente, tive bons profissionais que me deram um diagnóstico e principalmente, fui atrás. Nunca quis deixar para depois pra ver o que dava. O brasileiro acho que muito do homem no Brasil é só quando está ruim mesmo. Mas eu sempre fui atrás, eu sempre tentei encarar de frente e resolver. Então, tenho graças a Deus hoje uma vida normal. Me formei em administração, fiz cursos de contabilidade, estou no mercado novamente e com a vida saudável. Graças a Deus, eu posso dizer que eu sou saudável. Tenho que me cuidar um pouquinho mais, referente à imunidade. Mas no geral, e um mexicano até fala que eu sou exemplo pra ele e os outros.

Mas só tenho a agradecer e obrigado por escutar aí a minha história. Espero que vocês se inspirem e que de uma forma ou outra tentem encarar de frente e seguir em frente. Que se você ficar pensando muito no que aconteceu, isso, aquilo, acho que a coisa piora. Então, siga em frente. Tente focar em um novo objetivo e é isso. Tem muito a se viver ainda.

Fonte: Superando a Espondilite Anquilosante, Daniel A C Gramignoli – Parte 03 por Instituto Eluar