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Epilepsia: uma possível causa de invalidez/incapacitação para o trabalho.

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A questão da Invalidez e Incapacitação para o Trabalho na Epilepsia

Olá a todos! Meu nome é Elisabete Castelon Konkiewitz e sou médica, neurologista, psiquiatra e professora associada da Universidade Federal da Grande Dourados. Neste vídeo, quero falar sobre um assunto fundamental: a questão da invalidez e incapacitação para o trabalho em pessoas com epilepsia.

Essa é uma questão primordial, pois afeta profundamente a vida da pessoa. Estar incapacitado para o trabalho significa não ter condições de prover seu próprio sustento e o de sua família. Isso tem um impacto enorme na autoimagem, nas metas de vida e nas oportunidades que a pessoa terá. Além disso, a forma como as outras pessoas enxergam e tratam alguém com epilepsia também é influenciada por essa questão.

No meu trabalho como médica, tenho observado que alguns pacientes com epilepsia conseguem trabalhar, mesmo em locais que apresentam riscos, como em serviços de pedreiro ou motorista de caminhão. No entanto, também há um grupo de pessoas que desistiu de trabalhar devido às dificuldades e à discriminação que enfrentaram. Muitas vezes, essas pessoas foram demitidas após revelarem sua condição de epilepsia. A sociedade muitas vezes exclui essas pessoas e lhes oferece poucas oportunidades, levando-as a buscar o benefício de aposentadoria por invalidez, conhecido como LOAS.

É triste e complicado lidar com essa realidade, pois exige uma mudança na mentalidade das pessoas. É importante lembrar que a epilepsia abrange diversas situações e condições. Pode ser causada por um tumor cerebral, uma doença genética grave, como o autismo, ou até mesmo por paralisia cerebral. Também existem pessoas com epilepsia que possuem boa formação, trabalham e têm filhos que estão bem controlados.

A epilepsia afeta cerca de 1 a 3 por cento da população, dependendo das estatísticas utilizadas. Cerca de 70 por cento das pessoas com epilepsia podem ter as crises bem controladas e levar uma vida normal se forem tratadas adequadamente. No entanto, muitas vezes as pessoas não têm acesso ao tratamento devido a problemas no sistema de saúde ou à falta de informação e preconceito.

Quando se trata de determinar a incapacitação para o trabalho, vários fatores devem ser considerados, como a frequência e o tipo de crises epilépticas, os fatores desencadeantes das crises, entre outros. Por exemplo, se uma pessoa tem crises noturnas ou crises em que fica parada e não perde a consciência, é provável que possa realizar certas atividades sem problemas. No entanto, se as crises são convulsivas e levam à perda de consciência e a convulsões intensas, algumas restrições devem ser consideradas.

Em relação aos empresários, é importante tomar medidas adequadas quando um funcionário sofre uma crise epiléptica no ambiente de trabalho. A proteção da cabeça e a orientação da pessoa para o lado são ações simples que devem ser tomadas. Também é importante entender a situação individual de cada funcionário, incluindo a frequência das crises, a medicação utilizada e as atividades que devem ser evitadas devido ao risco.

É comum que pessoas com epilepsia busquem aposentadoria devido a experiências de discriminação ou a outros problemas, como a depressão. É importante reconhecer a depressão e a ansiedade como riscos associados à epilepsia. Além disso, a epilepsia também pode afetar a memória, o que pode ser uma fonte de frustração para muitos pacientes. No entanto, isso não é uma indicação para aposentadoria, mas sim para adaptações no ambiente de trabalho.

Em vez de desistir e se sentir inválido, é fundamental que as pessoas com epilepsia busquem alternativas e se adaptem às suas condições. É possível aprender novas habilidades e encontrar formas de atuar no mercado de trabalho de maneira segura. É importante não se deixar abater pelas experiências negativas e buscar apoio médico e emocional para enfrentar os desafios.

Fonte: Epilepsia é causa de invalidez/incapacitação para o trabalho? #epilepsia por Neuropsiquiatria-Neurologia-Psiquiatria