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Doença do refluxo gastroesofágico: causas, sintomas e tratamento (parte 2)

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<p>Voltando ao assunto da síndrome do refluxo gastroesofágico, o que podemos fazer na prática clínica diária e com fácil acesso hoje em dia, é realizar a endoscopia, que é considerada o padrão e o primeiro exame para identificar sinais de agressão na mucosa esofágica. Nessa endoscopia, utilizamos classificações, sendo a mais comum a classificação de Los Angeles, que coloca a esofagite em graus de A a D, dependendo do tamanho da lesão causada pelo refluxo. Quanto mais frequente e intenso for o refluxo ácido, maior será a lesão esofágica. Assim, conseguimos graduar a doença do indivíduo e determinar a intensidade do tratamento necessário.</p>
<p>Um achado comum na endoscopia que se associa à síndrome do refluxo gastroesofágico é a hérnia de hiato, que muitas vezes está presente mesmo na ausência de sintomas. A presença dessa hérnia indica que o paciente provavelmente é portador da síndrome do refluxo e deve ser considerado para tratamento adequado. Além disso, a endoscopia pode detectar a presença de metaplasia intestinal, que é a substituição do epitélio esofágico por um tipo de mucosa diferente chamado esôfago de Barrett. Essa substituição está relacionada à intensidade do refluxo, sendo mais comum em pacientes que sofrem com refluxo ácido por muitos anos sem tratamento adequado.</p>
<p>Outro método que pode auxiliar no diagnóstico da síndrome do refluxo é a imagem, através de raio-x de tórax ou um estudo com bário. Esses exames podem identificar a presença de uma hérnia de hiato, mesmo na ausência de condições para realizar a endoscopia. Já em centros mais avançados, podemos utilizar outros exames mais dedicados, como a pHmetria esofágica e a impedanciometria. A pHmetria é um método confiável e relativamente barato que mede o pH no esôfago durante 24 horas, possibilitando identificar o refluxo ácido e o tempo de exposição ao ácido ao longo desse período. Esse exame também pode captar o refluxo noturno, que muitas vezes não causa azia mas pode ser causa de desconforto para o paciente. Apesar do desconforto do exame por causa do fiozinho que é colocado pelo nariz, a pHmetria é um exame útil principalmente em pacientes com sintomas atípicos que não apresentam sinais endoscópicos.</p>
<p>A manometria esofágica também é um exame importante para avaliar a função do esôfago, incluindo o processo de transporte do conteúdo do esôfago para o estômago. Esse exame permite avaliar a pressão e o relaxamento dos diferentes segmentos do esôfago, identificando os relacionamentos transitórios. Já a impedanciometria aliada à manometria é útil para explicar por que alguns pacientes têm sintomas de refluxo mesmo sem refluxo ácido detectado pela pHmetria. Esse exame é capaz de detectar refluxo de conteúdo neutralizado com pH neutro.</p>
<p>Em resumo, o diagnóstico da síndrome do refluxo gastroesofágico pode ser feito através da endoscopia, que identifica sinais de agressão na mucosa esofágica, presença de hérnia de hiato e metaplasia intestinal. Outros exames como a pHmetria esofágica e a impedanciometria auxiliam no diagnóstico em casos mais complexos. A manometria esofágica também é fundamental para avaliar a função do esôfago. Com os resultados desses exames, é possível determinar a intensidade do tratamento necessário e monitorar a eficácia das intervenções realizadas.</p>
Fonte: GASTROENTEROLOGIA: Doença do Refluxo Gastroesofágico (PARTE 02) por Dr Tips