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Doença de Crohn: Maio Roxo com Jana Viscardi – Conheça mais sobre a condição e suas causas

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Hoje é o Dia Internacional da Doença Inflamatória Intestinal

Engraçado como nosso organismo tende a passar por coisas que nunca imaginamos. Aproveitando este espaço, gostaria de falar um pouco sobre a minha convivência com uma doença inflamatória intestinal. Acho importante trazer conscientização sobre o convívio com essa enfermidade e chamar a atenção das pessoas em meio às celebrações, para que direitos sejam reivindicados e promovidos para os portadores dessas enfermidades.

No meu caso, eu morava na Alemanha e estava fazendo parte do meu doutorado quando comecei a tomar uma medicação chamada isotretinoína. Por pessoas que convivem com doenças graves, acabam utilizando esse remédio para dizimar esse mal. Vários médicos no Brasil já haviam me recomendado essa medicação, mas eu nunca dei importância.

Acabei indo para a Alemanha e os médicos lá também me indicaram esse remédio. Pensei: bom, se todo mundo está indicando, por que não? Então comecei a fazer uso desse remédio.

No final do tratamento, comecei a sentir fortes dores na barriga e a ter sangramentos nas fezes. As dores eram intensas e comecei a ter diarreia. Fiquei preocupada e procurei um médico na Alemanha.

Esse médico me diagnosticou com colite, uma doença crônica que não tem cura. Fiquei transtornada com a notícia, pois não esperava que algo tão sério pudesse acontecer comigo. Conviver com uma doença crônica no intestino significa que terei que ficar convivendo com isso pelo resto da minha vida, tomando remédios e enfrentando diversos desconfortos.

Eu continuei acompanhando o tratamento, mas depois descobri que havia uma grande probabilidade de eu ter desenvolvido essa doença devido ao uso da medicação isotretinoína. Isso me deixou ainda mais perturbada.

Tive várias crises graves, cheguei a perder 58 quilos e precisei usar cadeira de rodas, pois não conseguia me locomover. Fui internada por 40 dias e me tornei praticamente um laboratório, pois a alopatia ia testando diferentes medicamentos em mim, já que não sabia como meu organismo iria reagir.

Conviver com uma doença inflamatória no intestino não é apenas conviver com as dores e desconfortos físicos, mas também com o uso de medicamentos pesados que podem causar danos a outras partes do corpo. É uma jornada complicada, tanto socialmente quanto emocionalmente.

Socialmente, é comum que as pessoas não entendam a urgência de ir ao banheiro em casos de doenças inflamatórias. Muitas vezes, as pessoas também não estão preparadas para lidar com odores fortes que podem vir dessas enfermidades. Isso pode levar o paciente a se isolar socialmente e abrir mão de uma vida social normal.

É importante ter empatia e acolher quem convive com essas doenças no intestino. Não julgue a pessoa e tenha cuidado com as palavras utilizadas. Acolhimento e compreensão são fundamentais para ajudar essas pessoas a viverem a vida da melhor forma possível.

No meu caso, fui acolhida por amigos e familiares, o que me fortaleceu e me ajudou a superar as dificuldades. Precisamos entender mais as pessoas que convivem com enfermidades crônicas para que elas possam ser mais felizes e sentir-se apoiadas.

Se você conhece alguém que convive com doenças inflamatórias do intestino, seja compreensivo e acolhedor. Essas enfermidades não são brincadeira e o sofrimento que causam não é bobagem. Acolha, apoie e seja um amigo verdadeiro.

Devemos incentivar a conscientização e o respeito às pessoas que convivem com doenças crônicas no intestino. Todos merecem viver uma vida plena e feliz, independentemente das limitações que uma crise possa trazer.

Lembre-se: o acolhimento faz toda a diferença!

Fonte: Doença de Crohn – Maio Roxo | Jana Viscardi por Jana Viscardi