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Dinho deixa o Capital Inicial após uso de drogas: saiba mais.

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Excessos e Aprendizados: Uma Jornada Musical

Foi no primeiro CD que vocês já tinham um hit. Você já bombou e eu acho que eu não estava preparado, meu. Aí foi muito excesso, sabe? Eu não sei, muita droga, muita cabação. Fazer parte desse lifestyle, tipo, na época você tinha que ser, tinha que usar droga, tinha que ser doidão para mostrar que era roqueiro. Olha, não sei se todos faziam, sabe, mas eu achava que eu fazia mais para folgar essa noção que eu tinha da minha… da minha. Eu não estava à altura do desafio por ser imaturo musicalmente, em todos os sentidos. Eu tinha, acho que, 21 anos quando gravei o primeiro disco. Capital, sacou?

Então, o primeiro álbum, o primeiro compacto, mais cedo ainda, mas deu certo. Deu não, ter a manha musical, não saber compor, não saber cantar, sabe? Eu sabia que eu não sabia. E eu achava que todo mundo em volta de mim dava para ver que eu não sabia. Tava na cara! Tava na cara que eu não sabia. Eu precisava de muito mais tempo de porão, tava de muito mais tempo de garagem, sabe? Ensaiano até eu aprender a fazer. Então, eu acho que talvez essa frustração de eu saber das minhas próprias limitações, talvez isso tenha me levado a tentar afogar as minhas mágoas, sabe? De tentar, sei lá, uma anestesia, sabe? Quase ou fazendo isso, se sentir um cara foda. Talvez também, sabe?

Mas eu acho que as drogas estavam ligadas à minha percepção de mim mesmo, sabe? Da minha… da minha noção, das minhas próprias limitações, sabe? Perfeitamente ligado. Eu tava à par da sabia qual era o meu, dos meus limites, saca? E eu acho que os excessos estavam todos ligados a isso. E foi preciso anos, sabe? De aprendizado até falar: “Beleza. Agora eu sou o senhor do meu destino, sabe? Eu sei que eu tô fazendo, eu sei compor, eu sei cantar, eu sei dar show”. Foi preciso fazer a… como se fosse espiar os meus demônios em público, na frente de todo mundo, falar da galera, sei lá.

Eu sei que eu tenho muito para aprender ainda. Era meio isso. Eu acho que, sabe, cara, aí eu saio do Capital, em 93. Que também, o Capital acaba virando uma… uma descida para o inferno, sabe? Começa a ficar cada vez pior, excessos sem limite, porque estava tudo muito fácil. Você tá ganhando muita grana, o que que é? Você tá muito famoso. Era muita coisa acontecendo.

Cara, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Muito excesso, muitas… Eu não disse. Cara, o período como um… uma coisa quase fora de foco, cara, foi uma loucura. Quanto tempo você ficou nessa loucura? Você lembra?

Ah, velho, muito tempo, mano. Doidera… assim, de é incrível ter sobrevivido, cara.

É mesmo? Vai mítico. Fica na revoada aí, meu bagulho é só Pinheiro. Deu uma controlada, mas é tipo, aquela época as drogas eram novidades ou já existia há muito tempo as drogas?

Ah, não, era álcool, cocaína, né, basicamente era… mesmo as… as mesmas, eu não sei se comigo tinha necessidade. Comigo, eu me decidi, eu sei que quando eu entro nessa… nessa bola de neve de acabação, sabe? Cada vez pior, cada vez mais, cada vez mais intenso, até que chega uma hora, no começo dos anos 90, eu falo: “Meu, eu tenho que sair do Capital. Tem que parar com isso aqui”. E aí eu saio. Eu saio. Eu tinha 29 anos, eu tinha… eu tava no capital. Tô na minha vida adulta, dos meus 19 aos meus 29.

Aí uma hora eu falo: “Cara, isso aqui?”

E aí eu saio do Capital, e sabia que estava acontecendo e o público deve ter ficado doido, né? Ninguém, como assim ele saiu? Ninguém sabia. Sabia? Ninguém sabia.

E eu… olha, e aí, eu morava sozinho eu morava ali no centro, eu… eu morava na São Luís, cara, na República, São Paulo. Então ali se conseguia tudo que você queria, fácil demais. Quem quisesse podia entrar na minha casa, meu Deus, mano. Aí, aí o povo das noitadas ia ficar tudo jogado na minha sala. E roubaram… chegaram, roubaram tudo que eu tinha, ficou tudo largado. Doidaço. Eu entrava, roubava, olha, velho, quando eu lembro…

E aí, um pouco antes, pouco depois disso, eu conheço a minha mulher. Que a minha mulher, até hoje, nossa, ela foi a salvação. Ela foi minha salvação. E a partir dali, eu começo a reconstruir a minha vida do que ela é hoje. Aí, três, quatro anos depois, eu volto para o Capital. E quando eu volto para o Capital, em 98, depois disso aí, volta tudo diferente. Você já volta tipo, para estabelecendo… coisas. Aí, eu sei compor, aí eu sei, eu sei o que eu quero, eu sei cuidar da minha carreira. Convicto. Eu sei aonde… sabe. Eu volto… meio… meio eu controlando o meu próprio destino.

Quando se fosse… E aí, eu reconstruo. Era como se eu tivesse a impressão que eu tenho hoje. Isso foi em 98, foi 23 anos atrás. Era como se eu tivesse reconstruído o Capital das cinzas.

Fonte: USO DE DROGAS E SAÍDA DE DINHO DA CAPITAL INICIAL por Cortes Podpah [OFICIAL]