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Dificuldades do diagnóstico do autismo de nível 1 (leve): entenda os motivos.

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Olá pessoal, tenho uma pergunta que parece simples, mas na verdade é muito interessante e leva a várias reflexões. A mãe perguntou por que é tão difícil fazer o diagnóstico de autismo nível 1. Ela contou a história do filho dela, que só foi diagnosticado com autismo nível 1 aos 13 ou 14 anos de idade.

Então, vamos entender um pouco mais sobre isso. A primeira coisa importante é que autismo nível 1 precisa cumprir os critérios do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Não é apenas uma questão de imaginar que é autismo nível 1. Existem outros transtornos do espectro autista, então para fazer o diagnóstico de autismo nível 1, é necessário cumprir os critérios do DSM, que incluem déficits na comunicação, na interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento.

Para ser autismo nível 1, é preciso atender a esses três critérios principais e o impacto que eles têm no indivíduo precisa ser menor. Ou seja, o indivíduo precisa de menos suporte e apoio, mas os critérios têm que ser cumpridos. E é aí que começa a resposta para a pergunta da mãe. É mais difícil diagnosticar o autismo nível 1 porque a intensidade dos sinais e sintomas é menor. É necessário ter um olhar mais treinado para identificar esses sinais e sintomas, pois muitas vezes estão mesclados com outros transtornos neuropsiquiátricos.

Outro aspecto que dificulta o diagnóstico de autismo nível 1 é que os profissionais de saúde, e não apenas médicos, estão acostumados com o estereótipo do autismo grave. Então, se eles associam autismo apenas a crianças que não falam, não interagem e não olham nos olhos, nunca vão diagnosticar o autismo nível 1. Eles não reconhecem que os comportamentos podem ser diferentes e desviados para cima, como comportamentos mais exteriorizantes e até mesmo fala excessiva.

A história do contato visual também é um aspecto importante. As pessoas têm a ideia de que pessoas no espectro autista não olham nos olhos. Mas muitas vezes, no autismo nível 1, isso não é verdade. O indivíduo pode olhar nos olhos, mas ele pode ter uma esquiva ou uma fuga visual, ou seja, evita contato visual. Se você busca sempre o estereótipo da criança que não olha fixamente nos olhos, nunca vai diagnosticar o autismo nível 1.

As estereotipias motoras também dificultam o diagnóstico, principalmente em crianças. A criança não tem muito controle motor e nem noção social, então ela pode ficar pulando e sacudindo as mãos sem se importar com a reação das outras pessoas. Já o adulto autista pode ter comportamentos mais chamativos e exagerados, podendo até mesmo exagerar no comportamento social. Ou seja, os comportamentos desviados podem ser tanto para baixo quanto para cima.

Muitas vezes, os autistas nível 1 acabam sendo vistos como excêntricos, pois têm dificuldade em aprender por imitação e acabam desenvolvendo um jeito próprio de se vestir e se comportar. Eles têm gostos particulares e acabam sendo vistos como diferentes pela sociedade.

No caso das mulheres autistas, o diagnóstico também pode ser mais difícil. O machismo e o estereótipo de que é bom que as mulheres sejam mais quietas e caseiras podem dificultar o reconhecimento de um possível problema. Além disso, muitas mulheres autistas apresentam mascaramento, ou seja, fingem comportamentos que não são naturais para elas com o objetivo de parecerem mais sociais e menos autistas.

Esses são os principais motivos que dificultam o diagnóstico do autismo nível 1. É importante conhecer essas dificuldades e buscar profissionais capacitados para realizar o diagnóstico de forma adequada.

Fonte: POR QUE É DIFÍCIL DIAGNOSTICAR O AUTISMO NIVEL 1 (LEVE) por Neurociência – Paulo Liberalesso