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Dicas para professores lidarem com alunos com dislexia, por Raquel Shimizu, psicóloga.

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Como lidar com alunos com dislexia

Olá! Hoje eu quero falar com os professores e dar algumas dicas sobre como lidar com alunos que tenham dislexia. Esse conteúdo é interessante pra você? Dê uma olhadinha nos outros vídeos, eu vou deixar o link aqui pra você.

Vamos conversar sobre como lidar com esses alunos que causam um reboliço em sala de aula e que trazem muita dificuldade para você, professor. São alunos que muitas vezes não aprendem, independente do quanto você peça para que ele repita o que ele leu. São alunos que geralmente apresentam muita dificuldade de acompanhar o grupo. São alunos mais inclusivos, mais fechados, mais tímidos, pois nunca leem na frente dos demais alunos. São alunos que precisam de um olhar diferenciado, a formação do cérebro deles é diferente desde que eles nasceram. O jeito deles de entender o mundo é diferente, então para que eles aprendam, o jeito de ensinar e de cobrar o que eles aprenderam também precisa ser diferente. E nós vamos trabalhar com o conceito de autonomia.

Nós precisamos ensinar esse aluno a ser autônomo, a fazer por si só, sem precisar que os outros façam por ele. Outro conceito importante também para nós pensarmos e considerarmos é o de responsabilidade. Você, como professor, pode contar com a ajuda dos alunos que têm melhores resultados, que acompanham melhor a turma, na formação e no ensinamento desse aluno que está com dificuldade. Coloque os dois para a darem apoio durante o dia a dia da escola, para compartilharem e para se ajudarem. Dessa forma, você vai utilizar não só os seus recursos internos, mas também os recursos que a sala oferece.

Pense também em técnicas de metacognição. Pense em traduzir o conhecimento que você está passando para o grupo de uma maneira resumida. Então, sempre que você for falar sobre um determinado assunto em sala de aula, pratique isso com resumos no final. Isso vai ajudar bastante esse aluno. Resumos trabalham muito a parte auditiva e a parte visual, ajudam esse aluno a enxergar da forma que é mais fácil para ele. O foco com esse aluno não pode ser a memorização, porque a memorização é algo complicado para quem tem dislexia. Ele pode olhar para aquela palavra, escrever aquela palavra muitas vezes, mas vai continuar escrevendo aquela palavra de cada vez de uma forma diferente. Não adianta querer que ele decore a tabuada, ele não vai decorar. É difícil e é muito exaustivo para ele fazer isso. Em vez de exigir algo que para ele é muito difícil, traga algo que ele consiga aprender de uma maneira global. O mais importante não é se ele sabe a tabuada, por exemplo, mas sim se ele sabe calcular. Esse é o conceito global, é isso que você precisa esperar que ele aprenda.

Nós podemos utilizar muitos artifícios, muitas estratégias, para poder ajudar esse aluno naquilo que ele tem mais dificuldade. Imagine um aluno que está a cada hora escrevendo de uma forma a mesma palavra. Desde que ele tenha acesso a um computador, com o computador, ele vai ter a autocorreção e vai conseguir demonstrar aquilo que ele entendeu sobre um determinado texto. Ele vai conseguir resumir aquilo que ele precisa para depois estudar. Ou seja, ele não vai perder tempo com algo que ele não dá conta. Ele vai utilizar o que ele realmente dá conta e vai se sentir mais confiante sobre o quanto ele sabe.

Pense em coisas inovadoras, como trabalhos que eles possam fazer fora da sala de aula, onde ele possa explorar outros tipos de inteligência nas quais ele se destaca. Esse aluno é um aluno que, geralmente, com o tempo, vai ficando com a autoestima baixa. Ele vai acreditando menos em si mesmo do que ele realmente é. Professor, observe-o no dia a dia, você sabe o que ele consegue e o que ele não consegue. Pense naquilo que ele se destaca e procure desenvolver um projeto na sua sala onde ele possa ter a chance de mostrar aquilo que é bom.

Queria conversar agora um pouquinho com você sobre as provas, a forma de avaliar esse aluno. Ele não tem as mesmas condições que os demais, então nós vamos pensar em equidade. Vamos tentar igualar as condições para que ele consiga também dar conta como os demais. Não confunda isso com facilitar a vida de quem tem dislexia, ou qualquer outro transtorno do neurodesenvolvimento, porque não é isso. Esse aluno precisa ser avaliado de uma maneira global. Não dá pra exigir questões específicas nesse aprendizado nas quais ele não consegue como os demais, se não vamos estar sendo desiguais ao fazer as avaliações, as provas, para esses alunos.

Pense que você precisa ser bastante objetivo, tanto em questões objetivas como em questões dissertativas. Elas precisam ser de uma forma simples. Um aluno que tem dislexia, ele vai precisar da ajuda do professor, do auxiliar, para entender o que está sendo dito. Então, a prova também precisa ser simples, nas questões objetivas, onde você marca verdadeiro ou falso, certo ou errado. Não precisa ter várias alternativas, isso confunde quem tem dislexia. Pense em provas onde você tem uma questão que é verdadeira e uma questão que é falsa. Pronto. O que você precisa saber é se o conceito global, o entendimento geral sobre o assunto, foi apreendido, e ele não precisa ser confundido.

Tente levar para a sala de aula e mostrar para ele onde ele consegue interpretar melhor o que está sendo escrito. Dessa forma, ele vai ter mais facilidade, vai se sentir mais confiante na hora de fazer a prova. Leia cada questão para o seu aluno. Dessa forma, ele vai entender melhor o que está sendo pedido ali. Se ele tiver dúvida, tire a dúvida. Mas é importante que esse aluno possa contar com esse recurso de mais tempo de prova, professor auxiliar, professor interpretando o que está sendo pedido. E provas direcionadas para atender a aquela necessidade, para tirar a barreira da dificuldade e trazer a possibilidade de ele mostrar tudo o que ele sabe.

Além de dar mais tempo de prova, é importante que o aluno possa contar com fórmulas, com tabuadas. Isso facilita que ele demonstre aquilo que ele realmente sabe. Não podemos cobrar dele a decoreba, porque para ele é mais complicado. O cérebro dele dificulta esse processo de decorar. Preciso cobrar do aluno o que realmente é essencial, o saber.

Por último, você pode avaliar esse aluno de diferentes formas, não só através das provas. Você pode propor projetos, propor trabalhos que ele possa fazer em casa com auxílio dos pais, propor diferentes formas de pesquisar conteúdos que vão acrescentar o saber desse aluno. Vamos fazer com que ele realmente consiga demonstrar tudo aquilo que ele tenha aprendido.

Espero ter ajudado! Se você gostou desse conteúdo, compartilhe com as pessoas que você sabe que precisam ouvir sobre isso.

Um grande abraço e até mais!

Fonte: ALUNOS COM DISLEXIA ? DICAS PARA OS PROFESSORES BY PSICÓLOGA RAQUEL SHIMIZU por Psicóloga Raquel Fernandes Shimizu Clínica Henkô