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Dicas de Saúde Preventiva: Como prevenir o uso de drogas

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Quando o assunto é uso e abuso de drogas, um dos principais problemas é conseguirmos falar de forma aberta sobre o preconceito contra o usuário. Já ouvimos absurdos como “droga é coisa de vagabundo”, “é falta de vergonha na cara”. O preconceito aumenta principalmente com os usuários de drogas consideradas pesadas, como o crack e a cocaína. Diferente do que mostram essas imagens que pintam os usuários desse jeito horrível como zumbis, o que a gente precisa é poder conversar sobre o assunto sem julgamentos, e é por isso que estou aqui.
Imagina se depois de ver uma propaganda dessas a pessoa não terá vergonha de pedir ajuda? Quanto maior a vergonha, mais a pessoa se isola, o que, em vez de ajudar, pode acabar levando a problemas ainda maiores.
Eu citei usuários de crack e cocaína como os principais alvos desse preconceito. Pra começo de conversa, nem todo mundo sabe que as duas drogas são compostas pela mesma substância, extraída das folhas de uma planta conhecida como coca. A cocaína pode ser apresentada sob a forma de um pó branco que costuma ser aspirado ou dissolvido em água para uso na veia, mas ela também existe em forma de pedras, que é o que nós conhecemos como o crack. O crack é fumado em cachimbos. A diferença entre o pó e a pedra está na aparência e na forma de uso, mas os efeitos no cérebro são os mesmos.
Os efeitos de uma droga são sentidos quando ela chega no cérebro. Quando uma pessoa fuma crack, a fumaça cai nos pulmões, é absorvida em segundos, daí para a corrente sanguínea e para o cérebro. Já quando a pessoa cheira (aspira) cocaína, a substância precisa ser absorvida pela mucosa nasal, um processo que demora alguns minutos.
Ao chegar no cérebro, os efeitos são basicamente os mesmos: sensação de euforia, estado de alerta e, o mais importante, elevação da pressão arterial e da frequência cardíaca. Os efeitos cardiovasculares são os mais perigosos, pois em casos extremos podem levar à parada cardíaca.
Mas essas drogas trazem problemas para a saúde física e emocional, isso todo mundo sabe. Mas é importante lembrar que o uso não é igual para todos. Tem gente que usa não pra curtir, mas para “pegar no batente”, aquela pessoa que precisa render mais e aguentar o tranco de um dia pesado de trabalho. É gente que trabalha e muito, não tem nada a ver com aquela história de “coisa de vagabundo”.
É comum pessoas começarem a usar alguma droga achando que não terão problemas mais graves, que terão sempre o controle da situação. Mas a partir de um momento, não conseguem mais tocar a vida normalmente. E não estou falando só de crack e cocaína, mas também de drogas legalizadas como medicamentos. Pessoas que começaram a usar por conta própria relaxantes musculares, calmantes, remédios para dormir, por exemplo, e que agora se acham dependentes dessas medicações.
Não encare o problema da dependência química de forma diferente porque é um caso é crack, o outro é um medicamento vendido na farmácia. O que importa é a saúde das pessoas.
É importante falar abertamente sobre o problema. Quanto mais informação o usuário tiver, maior a possibilidade de ele conseguir reduzir os danos. No caso da cocaína e do crack, por exemplo, algumas dicas podem ajudar:
1. Cuidado ao compartilhar canudos ou cachimbos, pois aumenta o risco de transmissão de doenças como tuberculose, hepatites virais e até AIDS.
2. Atenção com as misturas. A combinação de álcool e cocaína faz com que o fígado produza uma substância tóxica associada a problemas hepáticos.
3. Evite usar substâncias de estômago vazio, pois isso deixa o usuário mais vulnerável a desmaios.
Achou esquisito essas dicas? Quando a gente fala essas coisas, às vezes as pessoas pensam que estamos estimulando o uso. Mas, na verdade, é fundamental que os usuários tenham acesso a informações que os ajudem a reduzir os danos causados pelo uso.
Mas o mais importante é a pessoa entender o papel que a droga tem em sua vida. Se ela virou prioridade na sua rotina, se é a única coisa que te mantém de pé para seguir o dia a dia e isso afeta negativamente o seu trabalho, a sua vida ou a vida das pessoas ao seu redor, a coisa não está legal. Se esse é o seu caso, não tenha vergonha nem medo de procurar ajuda.
Reconhecer que você está com um problema de saúde é o primeiro passo para a mudança. O SUS oferece tratamento gratuito para pessoas nessa situação. Você pode procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde), um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou um CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). Não é fraqueza nenhuma procurar ajuda, pelo contrário, é demonstrar força.
E mantenha sempre o contato com o SENA (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), que promove continuamente ações de educação e saúde para que homens e mulheres do campo possam fazer escolhas mais saudáveis.
A saúde é o nosso bem maior, cuide dela com carinho.
Fonte: Saúde Preventiva – Drogas por Sistema CNA/Senar