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Descubra tudo sobre bactérias anaeróbias com o Prof. Alexandre Funck

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Olá! Seja bem-vindo à discussão de mais um tema relacionado à microbiologia. Hoje, falaremos sobre as “bactérias anaeróbias” e sua importância no diagnóstico microbiológico. Quais são as principais dificuldades para o diagnóstico dessas bactérias e como ele é feito? É o que veremos logo após a vinheta. Vamos começar?
A respiração anaeróbia é um processo utilizado por alguns microrganismos, como as bactérias que não necessitam de oxigênio, para o processo de respiração celular. Mais do que isso, quando expostas ao oxigênio, esse gás se torna tóxico inviabilizando o crescimento bacteriano.
As bactérias anaeróbias compreendem o grupo mais numeroso de microrganismos constituintes da microbiota humana, podendo em circunstâncias particulares, hora desempenhar um papel crucial no bem-estar de um indivíduo, hora ser isoladas em diversos sítios infecciosos.
Poucos laboratórios, no entanto, estão habilitados a realizar a bacteriologia dos anaeróbios, principalmente devido às preocupações exigidas durante a coleta, preservação e transporte das amostras clínicas, além do relativo custo que representa para o setor de microbiologia.
Fazendo um breve histórico, a primeira evidência de que microrganismos poderiam viver em anaerobiose foi descrita por Anthony van Leeuwenhoek, que observou que alguns seres, que ele chamou de animálculos, poderiam sobreviver e mover-se na ausência de ar. O fenômeno de anaerobiose foi escrito por Louis Pasteur em 1861, quando observou durante seus estudos de fermentação que o Clostridium butyricum perdia a motilidade quando preparações úmidas eram expostas ao ar.
Via de regra, as bactérias podem ser classificadas, de acordo com sua necessidade e tolerância frente ao oxigênio, em:
– Aeróbias obrigatórias: São as bactérias que exigem a presença de oxigênio para sua sobrevivência.
– Anaeróbias obrigatórias: São bactérias incapazes de utilizar o oxigênio molecular para as reações produtoras de energia, na verdade, isso se torna letal para muitas delas.
– Facultativas: São aquelas bactérias que podem utilizar o oxigênio quando ele está presente, mas também são capazes de continuar a crescer quando o oxigênio não está mais disponível.
– Microaerófilas: São aquelas bactérias que se desenvolvem melhor na presença de uma pequena quantidade de oxigênio.
– Aerotolerantes: São as bactérias que, apesar de suportarem a presença do oxigênio, não fazem uso do mesmo em seu metabolismo.
Entre as bactérias anaeróbias, os gêneros bacterianos que mais se destacam são:
– Clostridium: São bactérias Gram-positivas, cujo habitat natural é o solo e o intestino. As bactérias desse gênero que causam doenças importantes em seres humanos são Clostridium tetani, causadora do tétano; Clostridium perfringes, causador da gangrena gasosa e de infecção alimentar; Clostridium botulinum, causador do botulismo; e Clostridium difficile, causador da diarreia e da colite pseudomembranosa associada a antimicrobianos. Uma curiosidade: Certas infecções por Clostridium, como a gangrena gasosa, podem ser combatidas através do uso da chamada “oxigenoterapia hiperbárica”, que é uma modalidade terapêutica na qual o paciente respira oxigênio puro, enquanto é submetido a uma pressão duas ou três vezes a pressão atmosférica ao nível do mar, isso no interior de uma câmara hiperbárica.
– Bacteroides: Esse gênero bacteriano, constituído por bacilos Gram-negativos, tem como principal representante a espécie Bacteroides fragilis, que apesar de ser encontrado em menor quantidade na microbiota intestinal (pelo menos quando comparada às demais espécies desse gênero) é a que tem os maiores índices de isolamento a partir de espécimes clínicos.
– Porphyromonas: Algumas espécies são importantes patógenos de infecções orais, dentárias e pós-mordidas, podendo introduzir infecções na cabeça, no pescoço e no trato respiratório inferior.
– Prevotella: Espécies deste gênero são encontradas em infecções do trato genital feminino e menos frequentemente em infecções orais. Essas espécies são frequentemente resistentes aos antibióticos beta-lactâmicos.
– Fusobacterium: São microrganismos anaeróbios fusiformes que podem ser encontrados na cavidade oral, no trato genital, digestório e respiratório superior.
– Peptoestreptococcus: Este gênero inclui cocos Gram-positivos anaeróbios estritos que se apresentam dispostos em cadeia, sendo distribuídos amplamente como microbiota humana.
Bem, agora vamos falar sobre o “diagnóstico laboratorial” das bactérias anaeróbias. Uma maneira segura para se gerar um ambiente anaeróbio ocorre através do uso de “geradores” e de “jarra de anaerobiose”, sendo este o método mais utilizado no dia a dia de um laboratório de microbiologia.
Essa técnica é baseada em um sistema de geração de atmosfera anaeróbia na forma de sachês descartáveis e de uso único, projetada para produzir condições adequadas para o cultivo de microrganismos anaeróbicos. O oxigênio atmosférico da jarra é rapidamente absorvido com a geração simultânea de dióxido de carbono.
O “material coletado”, após ser semeado em “meios específicos”, é colocado no interior de uma jarra de anaerobiose. Juntamente com meio de cultura, é inserido na jarra o “indicador de anaerobiose”, utilizado para comprovar que o ambiente anaeróbio foi gerado adequadamente, mais o “gerador de anaerobiose” que, depois de aberto, é imediatamente acionado.
Após o período médio de incubação, o sachê e o indicador são retirados (sendo descartados em um recipiente de lixo apropriado).
Para terminar, eu gostaria de salientar que o conhecimento da composição da flora microbiana permite reconhecer a variabilidade e a proporção dos microrganismos anaeróbios envolvidos nos mais diversos processos infecciosos, no sentido de se proceder o exigente processamento laboratorial da amostra, possibilitando ao clínico prescrever os antibióticos mais apropriados.
Bem pessoal, era isso que eu gostaria de falar com vocês nesta semana. E se gostou do vídeo, chegou a hora de pedir seu like e, se possível, a sua inscrição neste canal que é “NOSSO” e que serve tão somente para propagar conhecimento científico.
Vejo vocês em uma próxima oportunidade. Até mais!
Fonte: BACTÉRIAS ANAERÓBIAS – PROF. ALEXANDRE FUNCK por Alexandre Funck