Descubra as mais recentes pesquisas sobre câncer colorretal em 2020 que podem afetar a prática médica.

Olá, eu sou a doutora Raquel Hickmann, sou diretora de Oncologia Clínica do Hospital A.C. Camargo Cancer Center e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais. Vou comentar sobre dois estudos que, na minha opinião, são os mais importantes na área de câncer colorretal gastrointestinal para o ano de 2020.

O primeiro estudo é chamado de estudo RAPIDO, que envolve pacientes com câncer de reto localmente avançado e não metastático. Este estudo foi realizado no norte da Europa, incluindo pacientes da Holanda e da Escandinávia. Os pacientes foram randomizados para receber a intervenção experimental, que era a terapia total neoadjuvante (TTN), ou o tratamento padrão. A TTN consiste em quimiorradioterapia seguida de cirurgia e quimioterapia adjuvante.

Os resultados deste estudo mostraram que a taxa de sobrevida livre de falha (que inclui recidiva local, doença metastática, novo tumor primário ou morte relacionada ao tratamento) foi menor no grupo que recebeu a TTN em comparação com o tratamento convencional. Além disso, a taxa de sobrevida livre de metástase em três anos foi maior no grupo da TTN em comparação com o tratamento convencional.

O segundo estudo, chamado de estudo KEYNOTE-177, testou o uso do pembrolizumabe como tratamento de primeira linha em pacientes com câncer colorretal metastático e instabilidade de microssatélite. Este estudo também foi bastante aguardado, pois há evidências do benefício da imunoterapia nessa população em estágios mais avançados do câncer.

Os resultados deste estudo mostraram que a sobrevida livre de progressão foi significativamente maior no grupo que recebeu o pembrolizumabe em comparação ao grupo que recebeu quimioterapia com ou sem anticorpos. Além disso, a taxa de resposta global foi maior no grupo do pembrolizumabe. No entanto, é importante ressaltar que a sobrevida global ainda não foi suficientemente avaliada.

Em resumo, esses estudos demonstram que a terapia neoadjuvante total e o uso do pembrolizumabe como tratamento de primeira linha são estratégias promissoras no tratamento do câncer colorretal. Essas descobertas têm o potencial de impactar diretamente a prática clínica e melhorar os desfechos para os pacientes.

Fontes: