Depoimento de Emanuelle Amaral Correia

Tenho 38 anos, sou casada e tenho duas filhas. Nasci em Aquiraz, no Ceará, mas moro há 16 anos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Venho por meio deste depoimento compartilhar um pouco da minha experiência, na qual fui diagnosticada com câncer do colo do útero no ano de 2015.

Sempre procurei ter um controle em relação às minhas consultas ginecológicas, realizando todos os procedimentos de exames de ultrassom. No mês de janeiro de 2015, fiz todos os exames e estava tudo normal. Porém, em abril, comecei a ter um corrimento e busquei tratamento com um médico, que me receitou uma pomada. Após usá-la, ocorrência cessou, mas voltou novamente. Continuei usando a mesma pomada e tudo parecia estar bem, exceto pelo aumento das cólicas menstruais e da quantidade de fluxo.

Como estava muito ocupada com o trabalho, cuidar da casa, das filhas e da escola, não dei muita importância a esses sintomas. Achava que era algo passageiro, talvez causado por uma posição durante as relações com meu esposo. No entanto, em setembro, tive um episódio muito grave na minha escola, onde trabalhava como professora. Minha pressão arterial subiu bastante e fui levada para o pronto-atendimento. O médico de plantão me examinou e orientou a procurar minha ginecologista na semana seguinte.

Seguindo a recomendação, marquei uma consulta com minha médica e pedi que ela fizesse um check-up completo. Ela questionou a necessidade, já que eu havia feito exames em janeiro, mas eu insisti por precaução. No final de setembro, fiz o preventivo e o resultado indicou que eu estava com um câncer avançado no colo do útero. A partir desse momento, minha vida mudou completamente.

Tentei fazer meu tratamento em Porto Alegre, mas enfrentei dificuldades devido ao meu plano de saúde. Graças a Deus, consegui ser encaminhada para o Hospital Guilherme Álvaro, em São Paulo, onde iniciei meu tratamento em 2016. Passei por uma cirurgia em março, na qual foram retirados útero, ovários e trompas. Posteriormente, foi realizado um exame chamado biópsia, que constatou a presença de um carcinoma moderadamente diferenciado e linfonodos positivos para a doença.

O tratamento consistiu em quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. Não foi fácil, mas agradeço primeiramente a Deus e à minha família pelo apoio que recebi. Passei o ano de 2016 inteiro no Guarujá, onde meus pais moram, enquanto minha família em Porto Alegre conciliava visitas. Atualmente, ainda estou em tratamento, mas me recuperando aos poucos. A radioterapia causou alguns transtornos em relação ao meu corpo, mas estou confiante de que venci a doença.

Apesar das limitações causadas pela cirurgia, tenho certeza de que não tenho mais a doença no meu corpo. A cicatriz em minha barriga é uma lembrança da minha luta, mas estou com minha família e juntos vamos vencer. Este depoimento serve como um alerta: se você perceber algo estranho em seu corpo, insista com o médico e faça os exames necessários. Descobrir o câncer no início faz toda a diferença e aumenta as chances de cura.

Não acredite no mito de que o câncer não tem cura. Cada caso é único, mas com força, amor e fé, podemos enfrentar qualquer doença. Nós somos mais fortes do que o câncer. Agradeço a todos pelo apoio e espero ter ajudado de alguma forma.

Fonte: Depoimento de uma paciente na descoberta do câncer do colo do útero por Lilian Corrêa