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Derrame Pleural: Avaliação por Imagem e Diagnóstico através de Imagens

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vamos falar um pouco sobre o pulmão e a pleura. O pulmão é uma estrutura que se localiza dentro do arcabouço torácico e é responsável pela realização das trocas gasosas no organismo. Ele é envolvido por uma membrana chamada pleura, que possui duas camadas: uma colada ao pulmão e outra colada à parede torácica.
Normalmente, o espaço entre essas duas camadas da pleura, chamado de espaço pleural, contém uma pequena quantidade de líquido. No entanto, em alguns casos, pode ocorrer um acúmulo anormal de líquido nesse espaço, o que caracteriza o derrame pleural. Esse líquido não está nos alvéolos pulmonares, mas sim no espaço pleural, entre o pulmão e a parede torácica.
O derrame pleural pode causar uma redução do volume pulmonar, pois o líquido comprime o pulmão, levando à atelectasia, que é o colapso dos alvéolos. Essa atelectasia passiva ocorre devido à pressão exercida pelo derrame nos alvéolos, impedindo-os de se expandir adequadamente durante a respiração.
Quanto à localização do derrame pleural, ele geralmente se acumula na porção mais baixa do espaço pleural, próxima à base pulmonar. Isso ocorre porque, quando o paciente está em pé, o líquido tende a se acumular nessa região. Essa característica pode ser observada em radiografias, onde é possível visualizar uma opacidade no canto inferior do pulmão, moldada pelo derrame pleural.
Nesse contexto, é importante destacar que o derrame pleural pode apresentar diferentes volumes. Em casos de derrame pleural de pequena ou moderada quantidade, o líquido pode se moldar à conformação do pulmão, assumindo um formato de menisco, que é uma curva típica. Já em casos de volume maior de líquido pleural, o derrame pode ocupar todo o espaço disponível, resultando em uma opacidade difusa que envolve o pulmão.
É importante diferenciar o derrame pleural de outras condições que possam apresentar características semelhantes nas radiografias. Uma forma de fazer essa distinção é observar o sinal do menisco ou sinal da parábola, que corresponde à curva formada pelo líquido pleural acumulado. Esse sinal é uma característica típica do derrame pleural e não está presente em outras condições, como atelectasia ou consolidação.
Outro aspecto relevante é que o derrame pleural pode alterar sua aparência de acordo com a posição do paciente durante a realização do exame radiográfico. Se o exame for realizado com o paciente em decúbito ou em posição supina, o líquido pleural pode se distribuir posteriormente ao pulmão, resultando em uma redução da transparência na região correspondente. Por outro lado, se o paciente estiver em posição ereta durante o exame, o líquido pleural tende a acumular-se na porção inferior, moldando-se ao formato do pulmão.
Outro aspecto do derrame pleural é o chamado derrame intercissural, que ocorre entre as fissuras pulmonares. Nesse caso, o derrame fica entre uma fissura e outra e, na projeção frontal, ele pode se apresentar como uma opacidade redonda. É importante diferenciar esse tipo de derrame da atelectasia, que também pode apresentar uma aparência similar, mas com uma forma menos triangular.
Por fim, é válido mencionar o termo “tumor fantasma”, que é utilizado para descrever a aparência de um derrame pleural intercissural em radiografias de controle. Esse termo se deve ao fato de que, após otimizar as medidas clínicas do paciente, o derrame intercissural pode desaparecer, dando a ilusão de que um tumor diagnosticado anteriormente sumiu. No entanto, essa condição é apenas um derrame e não um tumor.
Essas são algumas informações sobre o derrame pleural e suas características radiográficas. É importante ressaltar que o diagnóstico preciso do derrame pleural requer a avaliação clínica completa do paciente, incluindo a análise de sinais e sintomas, exames complementares e acompanhamento médico adequado.
Fonte: AVALIAÇÃO POR IMAGEM DO DERRAME PLEURAL por Você Radiologista com João Paulo Queiroz