Pular para o conteúdo

Dengue: Introdução e Informações sobre a doença | Guia de Infectologia

  • por
  • posts

Dengue: a epidemia e seus sinais de alarme

Já pintou o verão e com ele, pois é, essa época do ano a gente sabe que é quando novamente começa a proliferação do mosquito Aedes aegypti e com ele, a gente tem também a epidemia de dengue que ano passado foi bastante alarmante e trouxe graves problemas de saúde pública. Por isso mesmo, é tão importante a gente conversar sobre a dengue e é aí que ele já sabe. Agora a gente sabe que existem quatro subtipos do vírus da dengue e esses quatro subtipos não são imunizados entre si, isso quer dizer que quem já teve dengue do tipo 2, por exemplo, pode ter também do tipo 1, 3 ou 4. E um problema relacionado a isso é que o indivíduo que já teve dengue, quando ele tem novamente um outro subtipo, ele tem uma maior tendência a desenvolver as formas graves da doença.

Quando a gente fala em dengue, a gente pensa imediatamente num grande vilão da doença e é claro que estou falando do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. A gente sabe é um mosquito que geralmente durante o dia né, tem mais atividade no final da tarde. É um mosquito que precisa de água parada para sua reprodução e os ovos eclodem após sete dias. Somente a fêmea consegue transmitir o vírus, porque somente ela é hematófaga. A gente já teve no Brasil um período em que foi positiva e conseguiu controlar completamente a dengue através da erradicação do Aedes aegypti, mas hoje em dia isso é uma tarefa praticamente impossível, porque o mosquito está muito adaptado à convivência com o homem.

A gente sabe que hoje em dia tem falado muito da dengue associada às outras duas doenças, que é o vírus Zika e a febre chikungunya. Existe uma tendência de no primeiro momento, no momento mais agudo, não fazer tão rigidamente essa distinção entre as três doenças, isso porque no momento inicial muito agudo, a doença mais perigosa, a doença que mata, é a dengue. Então muitas vezes a gente acaba tratando esses casos no primeiro momento como um caso suspeito de dengue e aí, de acordo com a evolução da doença, de acordo com o quadro clínico da doença, a gente pode então discriminar entre as três doenças: dengue, Zika e chikungunya.

Ah, gente já conhece mais ou menos o comportamento clínico da dengue, até porque muitos de nós, incluindo eu mesmo, já tivemos dengue. Mas não custa a gente sistematizar e relembrar qual é o quadro clínico da dengue. A primeira característica clínica que vai indicar a levar a suspeitar que estamos diante de um quadro da doença é a febre, uma febre alta e de início súbito. É uma febre de 39 a 40 graus que vai ter um pico súbito e vai durar, em torno, de 2 até 7 dias. Além disso, ele vai ter dor retrorbovitória, né, a dor atrás dos olhos, que também é bem característica da dengue. Além de algumas características em geral, como a perda de apetite, ela pode vir associada com a astenia, embora a astenia seja uma característica mais marcante da febre chikungunya.

A dor da dengue é uma dor mais difusa, uma dor muscular, é uma dor nas articulações e generalizada que não é tão caracteristicamente associada à astenia. A gente pode ter o exantema maculopapular, que vai aparecer em aproximadamente 50% dos casos, que é o rash cutâneo, aquelas manchas vermelhas na pele. E caracteristicamente, esse rash vai aparecer mais frequentemente no momento que a febre está começando a melhorar, por volta do quinto ao sétimo dia. E aí, quando esse rash começa a melhorar, ele tem como característica é trazer prurido. E isso não vai acontecer com todos os pacientes, mas pode acontecer.

Outros sintomas menos comuns da dengue, mas que também podem aparecer são: dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia. São sintomas que podem estar associados à dengue. E o que torna a dengue uma doença perigosa, uma doença que pode efetivamente levar o paciente à morte, é a chamada dengue grave ou dengue hemorrágica. Mas hoje em dia, já não se usa muito essa denominação.

Nesse momento, há um aumento da permeabilidade vascular e isso vai levar à perda rápida e expressiva de líquido, porque o vírus lesa o endotélio dos vasos sanguíneos. E os pacientes começam então a perder líquido. A gente pode então ter vários problemas relacionados a isso e o paciente pode chegar até ao choque, que seria o ápice da gravidade da dengue e pode levar o paciente à morte.

Boa parte dos casos de dengue vai evoluir de maneira benigna. De fato, muitos pacientes têm a doença e sequer percebem que tiveram. Mas diz-se que a possibilidade de que a doença evolua de maneira grave e evolua para essa dengue mais grave, em que a perda de líquido se torna realmente muito significativa e traz em seu bojo várias consequências para o paciente. É por isso mesmo que a hidratação dos pacientes é primordial no manejo da dengue.

Caracteristicamente, há os sinais de alarme, os sinais que podem mostrar para a gente que o paciente pode estar evoluindo para uma forma grave da dengue. Esses sinais de alarme são: irritabilidade ou letargia, sangramento de mucosas, vômitos persistentes, acumulo de líquidos que pode ser na forma de uma ascite, de um derrame pleural e um derrame pericárdico, dor abdominal intensa e contínua, hipotensão postural ou lipotimia, aumento progressivo do hematócrito e hepatomegalia.

Na vigência de qualquer um desses sinais, a gente precisa ficar muito atento e fazer, mais à frente, na estratificação de risco e na classificação de gravidade da dengue. A presença de um desses sinais de alarme vai mudar completamente a conduta junto àquele paciente. Então, essa foi a primeira parte do nosso vídeo sobre dengue. A gente fez uma introdução sobre a doença e falando um pouco também sobre o quadro clínico da dengue. No próximo vídeo, a gente continua falando sobre a dengue e mostra um pouco de como se dá a evolução da doença e como se faz o diagnóstico.

Espero que tenha gostado do texto e que as informações tenham sido úteis. Se tiver alguma dúvida, conte com a nossa ajuda!

Fonte: Dengue I (Introdução) | INFECTOLOGIA por MedCanal