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Conheça o Modelo Canadense de Terapia Ocupacional – TOBE 1: uma abordagem inovadora.

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O modelo canadense de terapia ocupacional

Quando falamos de terapia ocupacional, lembramos do modelo biomédico que trata os pacientes pelos componentes. Porém, segundo Dunlop (1933), a ideia de terapia ocupacional foi apresentada pela primeira vez por Jorge Barton, que usava como método a cura mediante o trabalho. Em 1940 e 1950, os profissionais conheceram e se basearam na capacidade terapêutica da atividade. Em 1960, a terapia ocupacional passou a aceitar o uso terapêutico das atividades como forma de incentivar o indivíduo a participar de forma mais ativa na sociedade. Os profissionais ficaram inquietos em relação à dignidade e autonomia do indivíduo.

Com isso, os terapeutas ocupacionais tentam auxiliar os indivíduos a viverem em seus meios naturais, com maior engajamento nas atividades significativas. Em 1974, no Canadá, o relatório Lalonde foi criado trazendo consigo uma nova perspectiva da saúde canadense. Lalonde sugeriu a classificação da saúde em quatro elementos gerais: biologia, ambiente, estilo de vida e organização da assistência sanitária. Ou seja, determinantes fora da área da saúde pública.

Esse pensamento fortaleceu o entendimento de que é responsabilidade de cada um mudar seu comportamento para melhorar sua saúde. A primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde ocorreu em novembro de 1986, na capital do Canadá. A Carta de Ottawa foi escrita com o propósito de contribuir para a ampliação da saúde a partir do ano de 2000. A promoção da saúde pode ser representada por ações que buscam maior qualidade de vida e saúde. A carta diz que para se ter saúde hoje, é necessário paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade.

Em 1990, a ideia de saúde pública, juntamente com a autonomia, foco na ocupação e engajamento, se tornou mais concreta quando os profissionais começaram a analisar o paciente como um ser ocupacional, respeitando suas necessidades ocupacionais individuais, interesses e metas. A profissão passou a ser fundamentada em proporcionar maior engajamento do paciente em ocupações significativas, usando o modelo biomédico apenas para instruir e habilitar os indivíduos a alcançarem suas metas.

Modelos de terapia ocupacional

Vamos falar um pouco sobre os modelos existentes na terapia ocupacional. Começaremos pelo biomédico, que parte do Renascimento, influenciado pela biologia, revolução industrial e capitalismo. Esse modelo entende o corpo humano como uma máquina que pode ser consertada individualmente e por peças. É mais conhecido como mecanicista.

Porém, após a confederação, outro modelo ganhou espaço: o bio-psico-social. Bellocchi e Na Barriga (1993) colocam o corpo humano como um organismo biológico, psicológico e principalmente social, que absorve informações, atribui valores e os transmite, produzindo ações. Esse modelo coloca a importância das ações coletivas para alcançar soluções.

O Canadá é um país que respeita as diferenças, por ter uma grande diversidade de religião, linguagem e cultura. O modelo de performance ocupacional (PM) foi desenvolvido com base no Modelo de Ocupação Humana, elaborado por Reid e Sanderson. O Modelo de Performance Nacional (BPN) foi substituído pelo Modelo Canadense de Performance Ocupacional (CMOP-E) e enfatiza a natureza dinâmica da interação pessoa-ocupação-ambiente, que são as três principais dimensões de interesse da prática profissional de terapia ocupacional.

O Modelo Canadense de Performance Ocupacional e Engajamento (CMOP-E) substituiu o CMOP em 2007, com a publicação do “Enabling Occupation- An Occupational Therapy Perspective”. Nessa publicação, a abordagem centrada no cliente é o foco e a principal filosofia. A ocupação é o principal domínio e a capacitação é a principal competência da terapia ocupacional como profissão. A pessoa é o centro, representada pelo triângulo, e os componentes físicos, afetivos, cognitivos e espiritual ficam em cada canto do triângulo. O círculo interno é a ocupação, indicando que essa é o principal domínio de preocupação para terapia ocupacional. O círculo externo é o ambiente, onde as ocupações acontecem. A participação é diferente do engajamento, sendo o engajamento o significado da atividade para o paciente e o desempenho a capacidade ou habilidade.

O Modelo Canadense inclui os significados nas categorias e a espiritualidade, que não está necessariamente ligada à religião, é moldada através da ocupação, ou seja, é essência.

Por fim, o Código Taxonômico de Performance Ocupacional tem seu foco em realizar e observar a performance em seu aspecto ocupacional e não em outras áreas, como o propósito, sentido e engajamento.

Fonte: Modelo Canadense de Terapia Ocupacional – TOBE 1 por Clarice Caffaro