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Colo do útero com ferida: conheça a Dra. Lígia Santos no Papo de Mãe

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E aí pessoal, tudo bem? Hoje a gente vai falar um pouquinho a respeito de um tema que é super comum e que tem muita gente com dúvida, que é ferida no colo do útero. Provavelmente você tem ou conhece alguém que passou por isso, que descobriu que tinha uma feridinha no colo do útero e tá aí, às vezes até ansiosa demais para tentar resolver. Então, para começar, eu quero falar a respeito do termo em cima. Não se trata de uma ferida, não se trata de um machucado. Nós, profissionais da saúde, às vezes, a gente tenta simplificar para o paciente entender e acaba até atrapalhando. O termo correto, científico, é ectopia cervical. E o que que é isso? É como se fosse um deslocamento do colo. Então, como se fosse isso aqui. E esse tecido aqui de dentro estivesse sendo visualizado da parte de fora. Então, para entender um pouco… como que é a nossa visão? Vou fazer um desenho aqui, bem simples. Então, por exemplo, uma mulher vai até o ginecologista, ela vai ser examinada. O que que a gente faz? Coloca naquela posição, né? Ginecológica. E aí, vou supondo que vou colher um papanicolau nessa mulher. Eu vou pegar esse aparelho aqui, que chama espéculo vaginal, então. A vagina é uma cavidade virtual, na verdade. Ela tá fechada, eu não consigo olhar direto, né? Se eu não colocar nada lá dentro, não consigo enxergar o colo do útero, que fica no final da vagina. Então, a gente tem a vagina, que fica fechadinha, colar bada, e no finalzinho dela, o colo do útero. Então, eu coloco a mulher na posição ginecológica para poder enxergar esse colo do útero. Eu vou precisar da ajuda desse aparelho aqui, que eu explico. O espéculo, ele geralmente é descartável, é de plástico. Na maioria dos locais, existem alguns lugares que usam o espéculo de metal ainda. E ele tem, ele abre. Né? Oi, e aí você abre, né, o espéculo para poder enxergar o fundinho da vagina. E no fundo, tem o colo do útero. E o colo do útero, eu preciso olhar ele e enxergar uma superfície lizinha, bonitinha. Mas às vezes, quando a gente vai fazer o exame, eu enxergo uma superfície mais áspera, mais rugosa, mais diferenciada. E é isso que os profissionais acabam chamando de feridinha do colo do útero.

Então, a gente, quando vai colher o papanicolau, o ideal é você ter amostra desses dois tecidos. Porque o papanicolau é o exame que serve para ver câncer de colo de útero. Então, a gente colhe com uma espátulazinha esse tecido mais interno aqui, e usa uma escovinha para entrar no canal. Então, a escova ela vai aqui dentro do canal e coleta o tecido de dentro.

O que é esse tecido mais rosinha claro aqui? Esse tecido rosinha claro é o que desperta e aparece como se fosse uma ferida. Então, esse tecido, ele é um tecido que tem muita atividade celular, e é um tecido que as bactérias, os vírus, eles gostam muito. Então, HPV gosta muito desse tecido. A clamídia, que são bactérias de infecções sexualmente transmissíveis, elas gostam de ficar nesse tecido. E aí, a pessoa que tá olhando você percebe que você tem esse tecido em abundância, que só tá aparecendo vezes, ela fica preocupada e sugere que seja feita algum tipo de intervenção para prevenir alguma doença ou até prevenir o câncer de colo de útero, já que o HPV gosta muito de andar com essas outras bactérias junto. Então, se eu tenho clamídia, se eu tenho HPV, se eu tenho…

E aí, alguma outra coisa e tenho contato com HPV, vai ser muito mais fácil de desenvolver um câncer de colo de útero, porque aquele tecido já está fragilizado, ele já tá inflamado, ele já tá com diversos problemas por conta das outras bactérias ou vírus que apareceram antes.

Então, quem é que tem esse tecido, essa ectopia? Essa mudança que a gente chama de fisiológico? Ela é mais comum em mulheres jovens e em adolescentes, justamente por causa do perfil hormonal. À medida que você vai envelhecendo, que a gente chega na menopausa, essa ectopia, né, esses bens lamento, ele volta. Então, é como se voltasse para dentro, ele é atrofia e puxa lá para dentro. As mulheres que estão na menopausa não têm ectopia. As mulheres que são jovens, e mulheres que fumam e mulheres que usam um contraceptivo hormonal têm mais tendência a desenvolver esse tipo de tecido.

Geralmente, eu não sinto nada. Então, acaba sendo um achado de exame, foi um dia que eu fui ao médico, se avaliar, um dia que eu fui colher papanicolau e a pessoa que tava me examinando acabou achando. A maioria das mulheres não sente nada e não há necessidade alguma de fazer tratamento.

Antigamente, a gente considerava normal fazer o tratamento de ectopia. Então, você tinha que cauterizar, você tinha que fazer alguma coisa. Mas hoje, se não há nenhum sintoma, não há necessidade de fazer o tratamento. A gente simplesmente acompanha.

E como que é feito esse tratamento? Então, eu posso fazer o tratamento de uma forma química ou mecânica. É como se fosse um peeling forçado. Então, se fica ácido nesse local onde tá esse tecido e ou faz uma cauterização com bisturi, usa laser. Então, tem várias técnicas que você pode, que o médico pode te oferecer para fazer essa cauterização. Em geral, não dói ou, se dói, é muito pouquinho. Dá uma cólica, que acaba sendo discreta. E o tempo de recuperação é de cerca de oito semanas. Então, é mais ou menos dois meses que é o tempo do tecido que foi lezado, né, quimicamente ou fisicamente.

Mas afinal de contas, quem é que precisa fazer esse tipo de cauterização, se é que alguém precisa? Então, no geral hoje, quais são as indicações para isso?

A gente orienta a fazer quando existe uma mucorréia, um muco, uma secreção que não é corrimento vaginal, é diferente. A secreção mucosa é como se fosse um catarro que a mulher estivesse produzindo e em grande quantidade. Isso, em algumas mulheres, é extremamente incômodo. Então, é uma indicação para se fazer a cauterização. Se eu tenho muita secreção ou se eu tenho um sangramento depois da relação sexual. Se eu tenho essas duas queixas, aí a gente pode começar a pensar, avaliar a questão da cauterização. Fora isso, não há necessidade alguma de fazer a cauterização.

É diferente de fazer acompanhamento médico. Então, acompanhamento médico, a coleta do papanicolau, exame físico, isso sempre vai ser importante. E é importante que você passe pelo menos uma vez ao ano no médico para ser examinada, para verificar se está tudo em dia, né. Seu papanicolau tem dia, tá tudo funcionando. Então, esse é o tema de hoje. A gente vai ficando por aqui. Se você tiver alguma dúvida, alguma questão, é só mandar mensagem.

Fonte: FERIDA NO COLO DO ÚTERO | DRA.LIGIA SANTOS | PAPO DE MÃE por Papo de Mãe